Meio ambiente como meta

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A Subprefeitura da Lapa, da qual fazem parte os bairros de Perdizes e Pompéia, está sob nova gestão. Luiza Nagib Eluf assumiu o cargo em abril deste ano e tem, entre suas principais metas, cuidar do meio ambiente, aumentando o número de áreas verdes, além de preservar as já existentes, e também o combate à corrupção e a promoção de atividades de lazer, cultura e esportes.
Nesta edição comemorativa dos 10 anos do Guia Daqui Perdizes / Pompéia, Eluf declarou que os bairros são uma “jóia rara” na cidade. A subprefeita fala ainda sobre problemas que afligem os moradores da região, como a crescente verticalização e as enchentes.

Como a senhora vê a qualidade de vida nos bairros de Perdizes e Pompéia?
Esta área da Subprefeitura da Lapa é uma jóia rara dentro dessa cidade louca que é São Paulo. E temos que preservar este pedaço que ainda tem uma qualidade de vida razoável se comparada ao restante da cidade. Eu acredito que o grande trabalho da Subprefeitura, ou uma das grandes prioridades, é a preservação do que nós temos de bom. E o que temos de bom são as áreas verdes. Em algumas partes da Subprefeitura temos loteamentos da City of São Paulo, dos anos 1930, e que devem ser preservados porque são de uma beleza ímpar. As casas têm a obrigação de ter recuo, jardim, e com isso temos mais áreas verdes, um ar melhor, menos poluição. Vou trabalhar neste sentido, para que não sejamos mais uma ilha de calor. A Lapa foi considerada uma ilha de calor, por isso devo fazer mais intervenções aqui. Estamos plantando árvores por todos os lados, criando parque e praças. Só peço um pouco de paciência para a população porque, em termos administrativos, essas coisas demoram, não dá para fazer de um dia para a noite. Para algumas coisas tem pregão, para outras têm licitação, para outras tem só uma burocracia interminável, mas que a gente tem que cumprir. Tenho mais pressa do que os munícipes, mesmo porque sou moradora da Lapa. E o parque Villas Bôas tem que sair de qualquer maneira. E estamos tendo várias outras idéias. Também vamos revitalizar a rua Doze de Outubro com apoio dos comerciantes. Vamos organizar o trabalho dos ambulantes, retirar boa parte deles porque muitos não têm autorização e estão trabalhando com mercadoria ilícita. Mas para aqueles que são regulares vamos tentar dar uma destinação que os satisfaça também. Vamos refazer as calçadas, fazer as floreiras, tornar a Doze uma rua modelo. Isso está acontecendo em algumas outras ruas da capital, como a João Cachoeira. E queremos que a Lapa tenha esse comércio bacana, organizado e bonito.

A senhora fala da reestruturação das ruas. Como fica a av. Sumaré, que corre o risco de ganhar um corredor de ônibus?
Se depender de mim, corredor de ônibus na avenida Sumaré nem pensar! Nem pensar na face da terra! Agora, não sou só eu quem decide. De minha parte é não. E vamos refazer o canteiro central da avenida. Estamos com projeto para iniciar a reforma do canteiro central para facilitar o cooper, a caminhada, enfim, que as pessoas possam usar a área de uma maneira mais saudável e mais segura.

Como a Subprefeitura lida com a verticalização? Cada vez mais condomínios se instalam na região, principalmente na Pompéia.
A verticalização desenfreada não é aconselhável para nenhuma região de São Paulo. Tudo tem que ser planejado e organizado. São Paulo já chegou no seu limite e não há mais vantagem em impermeabilizar demais o solo e nem em fazer espigões muito altos porque isso têm reflexos não apenas na dificuldade de obtenção de luz solar, na criação de corredores de vento e também na interferência no lençol freático. Tudo isso é extremamente perigoso para São Paulo. Não é uma coisa que depende de mim, mas se eu pudesse baixaria um decreto impedindo a verticalização em vários bairros da cidade. Mas, muito disso depende da Secretaria de Planejamento e tal… Mas a Subprefeitura fez a sua parte, ou seja, fizemos sugestões de alteração do Plano Diretor Estratégico, que já foram remetidas para a Secretaria de Planejamento e que deverão ser submetidas a avaliação da Câmara Municipal no sentido de limitar a verticalização o máximo possível. Esperamos que os vereadores também assumam essa posição, que é a posição dos moradores de São Paulo.

A região sofre com outro problema, que são as enchentes na época das chuvas. Tem alguma proposta para solucionar isso?
Os planos de enchente são os mais difíceis porque eles requerem obras de grande vulto. Para se ter uma idéia, a minha Subprefeitura alaga toda vez em que chove. A rua alaga, o pátio alaga, é um desastre. Quero começar a trabalhar com isso porque é um inferno para a população paulistana, mas todo mundo tem que saber que as áreas verdes ajudam a evitar a enchente. Deixo um apelo para todo mundo que puder fazer canteiros nas suas calçadas e nos seus jardins, que não impermeabilize o solo, que dizer, que não passem concreto, deixem a terra, a grama, absorverem essa água. E a todos que forem construir, as grande e pequenas construtoras, que nos ajudem com isso. É claro que todos estão visando o lucro. Mas o lucro tem que ter alguns limites e o mais importante deles é a qualidade de vida das pessoas, de todas as pessoas. E a insalubridade afeta todo mundo e de todas as classes sociais. Não adianta dizer que uns estão a salvo, porque não estão. É uma questão de inteligência agora. Mesmo as pessoas que são ricas e que querem ficar mais ricas elas precisam pensar se essa vontade tão grande de ganhar mais dinheiro não trará prejuízos irreparáveis para elas mesmas e para os seus descendentes. Eu tenho contato com muitos empresários, que são pessoas esclarecidas e preocupadas com a preservação ambiental, muitos deles já estão tentando fazer aquelas construções sustentáveis e evitando as grandes torres porque não dá mais para construir em São Paulo prédios com mais de oito andares.

E a Vila Romana continua crescendo neste sentido…
A Vila Romana, a Vila Leopoldina também… Eles querem entram em todos os lugares. É uma luta que sabemos ser normal porque o conflito de interesses é algo próprio da sociedade. Aquilo que os moradores acharem que é legítimo eu também gostaria de colocar a Subprefeitura à disposição e dizer que, em última instância, a questão deve ser resolvida pela justiça. Que as pessoas entrem com ações, se organizem em associações de bairro para preservar o seu pedacinho. Se cada um fizer isso, na sua vizinhança, a cidade como um todo vai ficar bem melhor.

A senhora poderia dizer então que o foco principal da sua gestão é o meio ambiente?
Eu acho que sim. Posso dizer que é isso porque não há mais nada de tão importante, no atual momento, de desenvolvimento humano. Temos a questão do aquecimento global, temos indícios de colapso total da civilização humana por não se respeitar o meio ambiente, por degradar a terra, por não se preocupar com o descarte de lixo, não se preocupar com a contaminação do ar e da água. Vamos ficar sem nada. Se nós não morrermos, não houver a extinção da espécie, nós vamos ter uma vida muito infernal. E acho que ninguém quer isso. Acho que iremos perecer se não houver medidas eficazes e imediatas. E mesmo que a espécie não pereça, vamos ter uma vida muito ruim e é para nossos filhos, é para nós, agora. Já estamos sentindo estes efeitos que são horríveis. Passamos um inverno seco, quente e irrespirável, e a cada ano a tendência é piorar. A minha Subprefeitura vai de dedicar a isso. Quero contar com a colaboração da comunidade porque a Subprefeitura sozinha não faz milagre, mas, talvez, com todo mundo junto a gente consiga. E tenho também a vontade de fazer um trabalho de conscientização sobre isso, porque é cultural.

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