Uma estrela mineira

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Débora Falabella é uma mineira que conquistou o Brasil e se instalou em São Paulo, aqui na Pompéia, por achar o bairro agradável, com cara de interior. Natural de Belo Horizonte, ela é a mais nova de três irmãs. Há três anos está casada com o músico Chuck, do Forgotten Boys.
Seu currículo já é extenso e premiado e a cara de menina esconde seus 29 anos. Seus papéis, principalmente na televisão, sempre ganharam elogios e destaque. Quem não se lembra da drogada Mel, de “O Clone”? Também participou de outras novelas: “Sinhá Moça”, “Senhora do Destino”, “Agora é que são Elas” e “Um anjo caiu do céu”. Além de minisséries como “JK”, “Um só coração” e filmes, como “Lisbela e o Prisioneiro”, “A Dona da História”, “Cazuza, o tempo não pára” e “O Primo Basílio”.
Atualmente está no Teatro TUCA, contracenando com a irmã Cynthia Falabella No drama “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, que esteve em cartaz no Teatro da FAAP em 2005. Coincidentemente, o texto fala de duas irmãs que se casam no mesmo dia e dividem o mesmo apartamento. Uma é muito feliz e outra, infeliz. A partir daí a história se desenrola de maneira forte, como só o dramaturgo poderia ter concebido. Um bom momento do teatro, com belas interpretações, a preços populares.
Um pouco antes da peça. Débora falou ao Guia Daqui. Acompanhe nosso bate-papo.

Você fez um papel muito simpático na novela Duas Caras. Isso ainda está repercutindo?
Sim, acho que primeiro repercutiu a história do lado social que a novela se propôs, do preconceito. Depois na própria novela, que eu achei muito bacana, a maioria dos casais era inter-raciais. E o que eu acho que foi simpático é porque mostrou um casal que fica junto, casa, tem filho. Eu digo que é um casal depois do “felizes para sempre”. Acho que a personagem, por ser uma menina acostumada com a vida que tinha, de ter ido morar na favela, e ter tido a vontade mesmo e a disposição de viver uma vida diferente, em se adaptar àquilo e acho que isso, querendo ou não, causa uma simpatia nas pessoas.

E ela acabou transformando a família toda.
Ela foi transformadora mesmo dentro da família, mas de uma forma bacana. A princípio ela lutou por aquilo e depois acabou transformando todo mundo.

Com tanta visibilidade, aumenta sua chance de ser protagonista?
Tenho muita vontade de fazer papéis legais na TV, independente de ser protagonista ou não. Geralmente o papel da protagonista é bacana, mas, às vezes, ele é parecido. Acho bacana fazer um papel que não tenha esse peso, isso eu quero continuar fazendo, quero ter visibilidade pra fazer papéis diferentes. Às vezes, os papéis na TV são mais interessantes quando não são de protagonistas, que você pode brincar mais, uma antagonista, uma vilã.

Você já fez papéis fortes.
Na novela “O Clone”, era uma drogada, que não era o papel principal, mas era bacana. Acho que talvez ele tenha me dado uma visibilidade mais diferente.

E como é sair de uma novela e ir para o teatro?
Eu já tinha encenado essa peça no Teatro da FAAP. Como eu já tinha passado pelo processo de ensaio, que é mais pesado, reestrear foi bacana. Quem fazia comigo era a Mônica Ribeiro, uma atriz maravilhosa de Belo Horizonte, mas ela não pôde fazer. Aí pensamos na Cynthia, que já tínhamos pensado da outra vez, mas estávamos em lugares diferentes, fazendo outras coisas. Agora foi, ela estava aqui em São Paulo, tinha vontade de fazer, então reensaiar com minha irmã foi bacana, apesar de ter sido mais difícil do que eu imaginava…

Por quê?
Porque é uma peça que conta a história de duas irmãs, uma relação que vai muito além, até um pouco incestuosa. São duas irmãs que se amam muito e se casam no mesmo dia. Uma é muito feliz e a outra, muito infeliz. Num momento extremo, a irmã feliz oferece o marido pra irmã infeliz e a partir daí a casa cai. E acaba havendo desequilíbrios.

Você é a irmã feliz?
A feliz que se torna infeliz. Mas o que a gente fala uma pra outra durante a peça, o que eu faço, as agressões físicas e verbais, eu achava que não seria fácil fazer com a irmã. É mais fácil fazer com uma prima, uma amiga.

Vocês se dão muito bem?
Sim e eu nunca tinha trabalhado com ela. E trabalhar pela primeira vez em uma peça que eu tenho que falar essas coisas e ela também, é mais difícil do que eu imaginava, apesar de ser muito legal. As pessoas que assistem acham muito impressionante ver nós duas. O que eu sentia no início dos ensaios, esse incômodo, acho que o público sente e é bom.

Algum projeto novo?
Tenho dois de cinema que estão se encaminhando, mas tenho outro com nosso grupo de teatro que é um festival de arte contemporânea mineiro. Somos um grupo muito jovem, três anos, estamos à procura de uma identidade e queremos buscar algumas inspirações com esse festival. Este ano vai ser só música e teatro, no Sesc Pompéia, durante uma semana em novembro.

Pelo visto, você também produz?
Gosto muito, tenho vontade de fazer assistência de direção, não tenho necessidade de fazer só o trabalho da atriz. Mas direção ainda acho cedo, tenho medo, é muito difícil.

Novela, quando você volta?
Quero esperar um tempo, o mínimo que a gente devia esperar é um ano. Acho bacana que as pessoas te esqueçam um pouco para poder voltar com um novo personagem. Foram dez meses gravando. Eu ficava no Rio, tenho uma estrutura lá, mas minha casa é aqui.

Por que você veio morar aqui no bairro?
Eu nunca tinha morado em São Paulo, morava no Rio. Mas calhou de acontecer tudo meio junto: meu grupo de teatro vir pra cá, casei com um paulista que já morava na região, perto da MTV. Eu já gostava do bairro, conhecia pouco São Paulo, mas achava agradável, com ruas tranqüilas. A gente casou e começou a procurar apartamento. Vimos um prédio novo na Ministro Ferreira Alves e mudamos pra lá. Engraçado que nesse prédio hoje mora uma prima de BH e uma amiga mineira. Uma comunidade mineira na região…

Você freqüenta o bairro?
Tenho uma manicure do lado da minha casa, que eu nem freqüento tanto… Ali onde eu moro tem mercearia, supermercado, aquelas locadoras menores, coisas que dá pra você fazer a pé. Tem até um shopping gigantesco agora, que atrapalhou um pouco o trânsito, mas que por um lado pode valorizar o bairro. Tem muitos bares abrindo, acho até que pode virar uma Vila Madalena mais tranqüila.

Que mais?
Gosto de ir a alguns restaurantes, como o Piccolo Bistrô. Outro dia eu conheci a pizzaria Bendita Hora, achei bacana. Tem um bar chamado Botequim, que é gostoso, bem boteco. A Feira da Pompéia é na porta de casa, fui lá pra comer um churros. Agora estou procurando um lugar para voltar a fazer ioga.

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