O centenário das Marcelinas

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O centenário das Marcelinas

Criada em 1838 em Milão, na Itália, pelo padre Luigi Biraghi, a Congregação das Irmãs Marcelinas tem a missão de atuar através da cultura, ciência e do conhecimento o encontro com a fé. Além da Itália, as Marcelina se instalam em vários outros países. Chegaram no Brasil em 1912 e se instalaram em Botucatu. 100 anos depois, a Associação Santa Marcelina,  mantenedora de um complexo de escolas e hospitais com atuação em vários estados brasileiros, na área social, educacional e de assistência social. Em 1921, as Irmãs compraram em Perdizes a Chácara Santo Antonio onde ergueram um internato e mais tarde o Colégio e a Faculdade Santa Marcelina. Hoje, além do campus Perdizes, mantêm em Itaquera, um hospital com 800 leitos. Para falar sobre o trabalho das Irmãs Marcelinas, entrevistamos o diretor geral da ASM, Dr. Custódio Pereira.

Por que as Irmãs escolheram Botucatu?
Foram três irmãs que chegaram ao Brasil e deram início à Missão Marcelina no Brasil, que estamos comemorando 100 anos. Foram para Botucatu a convite do arcebispo de lá. Outro motivo era o grande número de imigrantes italianos na região.

Qual era o objetivo da missão das irmãs?
De acordo com os preceitos do fundador da Congregação, Beato Luigi Biraghi, realizar uma missão educacional e religiosa.

Que países elas estão presentes?
Além do Brasil e Itália, em Benin, na África; Suíça, Inglaterra, na Europa; no Canadá e no México. Em todos esses países elas desenvolvem trabalho com educação, saúde e ações sociais.

Aqui na região de Perdizes, o Colégio e a Faculdade Santa Marcelina já se tornaram parte da história do bairro?
Sem dúvida. Perdizes e as Irmãs Marcelinas com seus hábitos brancos fazem parte da cultura do bairro.

A Faculdade Santa Marcelina foi pioneira em alguns cursos.
Sim. Somos a primeira escola particular de música no Brasil e arrisco dizer, é a melhor. Temos toda a estrutura para atender aos alunos, incluindo teatro, estúdio de gravação e mais de 20 pianos à disposição dos alunos. Fomos os primeiros a ter um curso de moda. Hoje, o Brasil tem mais de 150 cursos de moda. O estilista Alexandre Herchcovitch foi nosso aluno.

Na zona leste tem o hospital e outros cursos?
O campus de Perdizes tem música, moda, relações internacionais e artes plásticas. Na zona leste, cursos na área da saúde, como enfermagem. Todos bem conceituados pelo mercado. Nosso hospital com 800 leitos e que presta um atendimento de mais de 80% para o sistema SUS.

Quantas escolas e hospitais as Marcelinas têm pelo Brasil?
Temos 12 colégios pelo país. Na área de saúde, além do hospital em Itaquera, administramos mais 3 hospitais na capital em convênio com o Estado e a Prefeitura. Temos um hospital especializado em hanseníase em Rondônia, com atendimento total através do SUS. 

Como é manter toda essa estrutura?
Hoje, todos os nossos colégios têm um número maior de alunos querendo entrar do que podemos atender. Mas não queremos crescer desordenadamente. Queremos manter a qualidade no ensino. Como instituição católica, é desnecessário dizer, é muito séria e correta em sua atuação tanto na área de saúde como na de educação.

Quantas irmãs a congregação atualmente reúne aqui no país?
Hoje, são cerca de 200 Irmãs Marcelinas e cada uma delas trabalha por dez. É impressionante. O número de novas irmãs é pequeno. Elas têm, além da religiosidade, muita fé e determinação. A escola de formação delas fica em Botucatu, onde começaram o trabalho delas aqui no país.

Antes da Santa Marcelina, o senhor passou por outras instituições de ensino? Conte um pouco da sua história profissional.
Desde cedo assumi postos de comando. Aos 28 anos, era gerente geral de um banco. Sou formado em economia e administração e tenho uma grande experiência profissional. Passei pela área financeira, indústria e nos últimos 18 anos atuei na área educacional. No Instituto Mackenzie, fui professor e depois cheguei a presidente da instituição quando então assumi a Faculdade Rio Branco, da Fundação Rotária. Lá fiquei até 2010, quando recebi o convite das Irmãs Marcelinas para assumir a diretoria geral da Associação Santa Marcelina, que é a mantenedora de toda a parte educacional e de saúde, além da área social.

O que o trouxe até as Marcelinas?
Me identifico muito com instituições que têm uma missão muito comprometida e séria, que prezam a qualidade e entregam o que prometem. Isso é muito importante. Foi isso que fez a diferença e as condições eram oportunas. Achei que era também um momento de deixar a Rio Branco que estava se encaminhando para virar um centro universitário.

E qual é o objetivo do seu trabalho aqui?
Devido à nova legislação, os trabalhos das Irmãs precisaram ser divididos em áreas: educação, saúde e ação social. Como diretor geral da Associação, tenho o compromisso de reestruturar as faculdades e a mantenedora. As Irmãs me contrataram para profissionalizar a administração de toda a Mantenedora. Elas me contrataram pela minha experiência na iniciativa privada e também pelo meu trabalho na área da educação.

Voltando à área educacional. O que se pode esperar do novo curso de medicina da FASM?
Serão alunos de todo o Brasil. Ele terá início no segundo semestre deste ano. Teremos um professor e um assistente para cada quatro alunos, mais todo equipamento e estrutura. Além disso, esperamos ajudar a população com mais médicos. A região da zona leste ainda é muito carente, mesmo com os investimentos que deverá receber por conta da Copa do Mundo.

Quantos alunos iniciarão o curso no próximo semestre?
Faremos o vestibular pela Vunesp que inicia no segundo semestre deste ano. Temos inscritos 25 candidatos por vaga. Vamos abrir com 50 vagas neste ano e teremos 100 vagas anuais. O curso será ministrado em Itaquera, junto ao Hospital. Hoje, nós recebemos no hospital cerca de 500 alunos residentes de todo o Brasil. Com o curso de medicina, seremos com certeza um dos melhores do Brasil. O nosso aluno vai trabalhar desde o primeiro semestre com o paciente, claro que dentro da ética médica. O ensino será exemplar.

Estão previstos novos colégios e faculdades administrados pelas Marcelinas pelo Brasil?
Nós recebemos, com frequência, convites para abrir colégios aqui no Brasil e no exterior. Mas elas são muito pé no chão.

No hospital de Itaquera, a ASM mantem uma pensão para abrigar os parentes dos pacientes internados?
O abrigo não é nosso, mas ajudamos com mantimentos, material de higiene entre outras coisas. Faz parte da ação social das Irmãs Marcelinas.

Por que o hospital foi instalado na zona leste?
A escolha da zona leste para instalar o hospital vem de encontro com a missão social das Irmãs Marcelinas.

Sendo uma ordem católica, não há choque dos alunos de outras religiões e credos?
A parte espiritual é muito importante para os alunos e funcionários dos colégios. A instituição tem uma confessionalidade explícita, mas no entanto não há nenhuma objeção em relação à outras religiões. Quem nos procura sabe disso.

O relacionamento com a comunidade faz parte da filosofia das Marcelinas?
Faz parte da missão das Irmãs Marcelinas a integração com a comunidade. “Renovar-se para renovar” é um dos lemas das Irmãs. Elas não são reclusas e interagem totalmente com a comunidade.

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