“Brasileiro é muito criativo”, afirma o presidente da Associação de Inventores

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O negócio de Carlos Mazzei, presidente da Associação Nacional dos Inventores (ANI), com sede em Perdizes, é assessorar inventores a tornar realidade suas criações e invenções.

As invenções começaram a fazer parte da vida de Carlos por um erro. Ao sair do metrô em Nova York, notou que desceu no lugar errado, mas viu que havia uma uma mostra de invenções. Curioso, entrou para conhecer. “E nunca mais saí desse mundo”, conta. Até então, ele tinha uma confecção.

São mais de 38 anos de trabalho com inventores. A Associação Nacional dos Inventores (ANI) da qual Carlos é presidente foi fundada em 1992, mas “eu já assessorava inventores desde 1986. “Até hoje, calculo que consegui registrar mais de 20 mil patentes e todas de brasileiros!” faz questão de ressaltar.

Museu das Invenções tem centenas de inventos expostos para o público (Foto/Gerson Azevedo)
Museu das Invenções tem centenas de inventos expostos para o público (Foto/Gerson Azevedo)
Em 1996 foi inaugurado o Museu das Invenções ou Inventolândia, nome que Carlos criou para o museu que recebe 5 mil pessoas por mês e funciona no mesmo prédio da ANI, em Perdizes. “Aqui no museu, temos mais de 300 inventos em exposição e é o único museu no gênero da América Latina. O público é formado por alunos de escolas e queremos inspirar a criatividade desses jovens. Tenho clientes que vieram ao museu quando jovens e se tornaram inventores!”, diz.

O presidente da ANI relata que recebe por mês mais de vinte pessoas que o procuram para apresentar suas invenções. “Sempre digo quem me procura, que inventar é fácil, o difícil é depois!”. Ele explica a maioria das pessoas pouco sabem sobre as leis de patentes, o que é fundamental para que o inventor tenha direito sobre sua criação. “Os inventores, geralmente, não sabem como sua criação, pode afetar o mercado. É comum que as pessoas me apresentam uma ideia, e pensam que vão precisar montar uma fábrica também. Eu digo que não é preciso montar fábrica nenhuma. Depois da patente, nós vamos procurar quem queira investir ou fabricar aquele invento. O inventor vai ganhar dinheiro com o licenciamento do produto. É assim com marcas mundiais como o iPhone, por exemplo. Inventores podem ganhar dinheiro com seu invento sem precisar montar uma fábrica!”, alerta.

Carlos Mazzei-GA (8)“O trabalho da ANI vai além do registro da patente como fazem os escritórios de patentes industriais que existem no Brasil. A patente feita no Brasil tem validade em outros 152 países, através de tratados. Digo que nosso trabalho começa onde termina o trabalho dos outros. Damos todo o apoio possível”, explica Carlos sobre o trabalho da ANI e continua “Nós somos remunerados quando o inventor também ganha. Todos sabem que nada é de graça neste mundo. É evidente que temos custos para realizar todo esse trabalho. Se o inventor não puder ajudar, não deixamos de trabalhar com um invento que tem potencial porque o autor não tem dinheiro”.

Segundo o presidente da ANI, “Uma boa invenção precisa ser inédita, precisa dar dinheiro para o fabricante e inventor. Uma das primeiras perguntas que faço quando um inventor me procura é: ‘como você monetiza essa invenção?’. Às vezes as pessoas não sabem responder. O primeiro a ganhar dinheiro é o fabricante ou o investidor e depois o inventor. As pessoas têm uma ideia confusa de como trabalhar um bom projeto. Hoje é preciso englobar tudo: internet, mobiles, aplicativos, todos os meios disponíveis. Criei a ANI para assessorar pessoas que tenham ideias viáveis. E entre invenção e inovação, segundo um professor da FGV é que toda inovação é uma invenção que deu certo e o mercado aceitou. O telefone, por exemplo, o fax é outro exemplo”.

Antes, as invenções eram tangíveis: uma ferramenta, um aparelho ou algo palpável. Carlos explica que os tempos são outros. “O termo startups veio ao Brasil há 6 e 7 anos atrás. Eu trabalho com startups há 34 anos. Todo inventor é uma startup. Ele precisa de uma aceleradora que é o que a ANI faz desde a fundação. Antes de mais nada, fazemos uma apresentação em canvas, depois o primeiro protótipo que apresentamos para o investidor ou fabricante interessado. E hoje recebemos muitas consultas sobre aplicativos!” Com toda experiência acumulada, Carlos diz que “em 15 minutos de conversa, depois de uma análise séria eu sei o que a invenção tem de boa ou de ruim. Sempre acredito que neste garimpo tem uma pedra bruta.”

Carlos afirma que o brasileiro tem criatividade. “O brasileiro é um dos povos mais criativos do mundo. Para fazer coisas boas e besteiras. A Lava Jato é uma prova disso: foi no Brasil o maior roubo que se tem notícia!”. Entre os inventores brasileiros destaca Alberto Santos Dummont, “que nunca patenteou suas invenções e todo o dinheiro que ganhava com prêmios, doava para os pobres. Edu-ardo Saverin, “um dos co-fundadores do Facebook e ficou bilionário. Um dos criadores do Waze, uma das maiores invenções dos últimos 20 anos, também é brasileiro. E há outros”, afirma.

A figura do cientista ou inventor com ar amalucado é um estereótipo que o entrevistado não vê com bons olhos. “A imagem e a palavra ‘inventor’ pode ser vista como pejorativa. A pessoa com mais cultura que chega aqui não gosta de ser chamada de inventor e sim de criador ou pessoas criativas.”

A opção por Perdizes aconteceu quando a ANI ocupava um imóvel alugado na Avenida Rebouças. “A dona pediu um reajuste alto e pensei: com o que vou pagar de aluguel posso pagar uma prestação de um imóvel próprio e foi o que fiz. Quando chegamos aqui a rua era deserta e passava poucos carros. Achei que havia errado na escolha. Mas hoje, vejo que acertei e tudo mudou e até teremos uma estação do metrô aqui perto”. (Gerson Azevedo)

Associação Nacional dos Inventores (ANI), Museu das Invenções (Inventolândia), Rua Dr. Homem de Melo, 1.109, Perdizes, Telefone 3670-3411 e 94738-4249 (Whats), www.inventores.com.br

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