Fantasias de criança

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Criança sempre surpreende e nem sempre é fácil filtrar o que os pequenos dizem. É uma tarefa bastante complicada, mesmo para a mãe, entender quando a criança está mentindo para conseguir a atenção de alguém ou usando sua imaginação por meio da fantasia ou de seus amigos imaginários. Muitas vezes as crianças supervalorizam um acontecimento para conseguir olhares piedosos ou isenção de uma responsabilidade.
Segundo a pedagoga Karen Kaufmann Sacchetto, diretora da Escola São Gabriel, mães, pais ou responsáveis pela criança devem sempre checar o que está acontecendo com ela, fazendo perguntas como “Como foi o seu dia?” ou “Do que você brincou?”. Ela acrescenta que, ao ouvir uma história de uma criança, a postura mais sensata é não acreditar de cara no enredo, muitas vezes rico em detalhes. “Ao dizer que apanhou de um coleguinha ou mesmo da professora ela pode estar superdimensionando uma bronca ou discussão que presenciou mesmo que não tenha sido com ela”, observa.
Até os sete anos de idade é comum a criança fantasiar. Porém, o excesso de fantasia pode indicar egocentrismo exacerbado, ao mesmo tempo em que a falta de fantasia revela amadurecimento prematuro, o que também não é ideal. Apesar das crianças conseguirem separar a fantasia da realidade, até os sete anos ainda pode haver certa confusão. “Por isso é sempre bom acompanhar de perto quando a criança acredita verdadeiramente ser um super-herói, por exemplo”, diz Karen.
Além das fantasias, os amigos imaginários ou amigos invisíveis costumam preocupar os pais, que se assustam ao ver o filho conversando e brigando “sozinho”. A pedagoga explica que nos primeiros anos da infância este é um comportamento esperado e saudável. “Neste mundo de faz de conta, a criança é a autoridade. Manda, desmanda, dá bronca e se diverte, criando histórias e resolvendo seus conflitos. Ele pode ser invisível ou concreto, quando a criança adota seja um bichinho de pelúcia ou até uma parte de um brinquedo com o qual interage”.
Alguns fatores podem desencadear o aparecimento dos amigos imaginários, como a perda de alguém querido, de um bichinho de estimação, a mudança de casa ou escola, ou ainda a falta de convivência com outras crianças. Os amigos imaginários são passivos, obedecem, não lhe tiram brinquedos e estão sempre disponíveis. Esse comportamento ilustra a capacidade criativa da criança e deve ser respeitado para que ela possa fazer seu jogo simbólico. “Por outro lado, a criança que passa a mentir de forma recorrente, com riquezas de detalhes, e que muitas vezes convence e coloca a integridade do outro em risco, podendo prejudicá-lo, precisa sim de uma avaliação de um profissional. Ela pode estar passando por momentos de tempestades emocionais promovidas pela perda de alguém querido, separação dos pais, nascimento de um irmão ou qualquer situação semelhante que a faça imaginar que não é mais aceita ou querida pelas pessoas mais importantes para ela”, avalia Karen.
Há também crianças que criam histórias mirabolantes: gatos cor-de-rosa, super-heróis que entram em seu quarto para salvá-la de leões, jacarés que andam no meio da rua, viagens de milhares de quilômetros que foram realizadas no dia anterior – e por aí vai. Para a pedagoga, desde que dosadas, os pais não devem se preocupar tanto com essas histórias. “A menos que sejam excessivas, o que pode indicar que a criança está se sentindo preterida e carente, precisando chamar a atenção”.
Criatividade, brincadeira e imaginação fazem farte de um crescimento saudável. Estimule e pergunte ao seu filho sobre suas histórias fantásticas. Elas farão dele um indivíduo mais seguro e apto a resolver seus conflitos.

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