Em 30 de janeiro último, morreu aos 66 anos, o artista plástico Rubens Gerchman, que morava na Pompéia desde 2005. Autor do célebre quadro “Lindonéia”, ícone do tropicalismo, que serviu de inspiração para Caetano Veloso e Gilberto Gil em música homônima gravada por Nara Leão no disco “Tropicália ou Panis et Circensis”.
Na edição do Guia Daqui Perdizes Pompéia, de dezembro de 2007, Gerchman foi alvo de uma matéria e fazia o lançamento do livro de viagens “Eros e Tanatos – Diário de Uma Viagem”, editado pela J. J. Carol Editora. Na obra ele fêz interferências sobre fotos de viagens que fez pela Índia em 2000 e 2001. Ele planejava realizar uma nova exposição em março, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Seus filhos pretendem manter a idéia.
Na ocasião, Gerchman ressaltava que havia escolhido a Pompéia para morar porque se sentia bem e tinha a companhia de bons amigos, também moradores no bairro, como o artista plástico Cláudio Tozzi e Ronaldo Dimitrow da loja Pintar. Disse que gostava de sair para comer pelos restaurantes do bairro e de seus serviços de entrega.
Nasceu e iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, mas por conta de bolsas de estudos, viveu em Nova York e Berlim. Trabalhou com diversos outros artistas como Hélio Oiticica, Carlos Vergara e Roberto Magalhães. Produziu obras marcantes de crítica social como “Caixas de Morar”, “Elevador Social” e “Ditadura das Coisas”.
Levou para suas telas temas populares como as telenovelas, o futebol, os concursos de miss e as histórias em quadrinhos. Com isso ganhou muita popularidade sem deixar de ser um artista refinado e às vezes relegado a segundo plano pela crítica.
Gerchman exercia sua arte em diversas linguagens além das telas. Usava a fotografia, o cinema e fez obras tridimensionais. Era um artista engajado na realidade do país. A convite da arquiteta Lina Bo Bardi, em 1981, produziu um painel de azulejos que está no Sesc Pompéia.
Gerchman teve quatro filhos de dois casamentos, um deles com a artista Anna Maria Maiolino que também reside na Pompéia.