A Pompéia ganhou recentemente uma nova moradora que domina a arte da cerâmica como poucos. A artista plástica Lígia Catunda mudou-se para o bairro há dois meses, onde mantém seu ateliê aberto à visitação e oferece cursos.
Há cerca de 25 anos, Lígia dedica-se integralmente à cerâmica, uma arte que exige bastante paciência, pois “o barro tem limites que precisam ser respeitados para que a peça não se quebre durante a técnica”, diz. Após ter participado de várias mostras e exposições e ter algumas de suas obras premiadas, ela divide seu tempo entre sua produção descompromissada e as aulas de cerâmica.
Em seus cursos regulares, com duração de três meses e aulas semanais de uma hora, a ceramista ensina todo o processo de modelagem: do desenho à esmaltação, tudo artesanalmente. Para ela o torno é um processo desgastante e não interfere na criatividade do aluno, portanto, reserva-o apenas para peças de grande proporção.
Ela explica que as peças são queimadas em alta temperatura no forno à gás. Para a técnica de raku, a peça incandescente sofre um choque térmico em contato com a serragem, ficando craquelada. Ou seja, com a impressão de que está toda trincada e envelhecida. Como esta técnica requer mais apuro, o workshop é destinado para quem já tem alguma prática.
Lígia adianta ainda que, nas férias, pretende mesclar a arte e a culinária no curso “Panela e Comidinhas”. Durante as aulas, serão ensinados como preparar diferentes tipos de receitas em panelas de cerâmica confeccionados pelos próprios alunos.
No espaço também ficam à mostra tanto esculturas como objetos utilitários. As peças que representam cidades são uma marca da artista, uma delas enfeita o pequeno jardim de seu ateliê (foto de capa). Lígia revela que gostaria de organizar um movimento no bairro similar ao que acontece na Vila Madalena, o Arte da Vila, quando duas vezes por ano todos os ateliês abrem suas portas para visitação e troca de experiências. “É uma forma dos artistas se conhecerem e divulgarem seus trabalhos”, finaliza, dando a dica.