No último dia 5, faleceu aos 78 anos, Marlene Alves dos Santos, fundadora do Colégio Emece na Pompeia em decorrência de diabetes, insuficiência renal e cardíaca.
Passaram pela escola que dona Marlene fundou, milhares de alunos que jamais a esquecerão. Segundo as professoras que conviveram com ela, sempre que um aluno era chamado a comparecer à sua sala por indisciplina, o jovem subia amedrontado os degraus. Mas ao sair do encontro, descia confortado pois a bronca vinha acompanhada de um enorme carinho e respeito. “Nós temos duas mãos, uma é para repreender e a outra é para afagar”, dizia ela.
Filha de um imigrante português que foi caixeiro viajante, dona Marlene fez de tudo um pouco na escola que fundou no ano de 1959. Deu aulas para as crianças, comandava a equipe de funcionários e até chegou a dirigir a perua que transportava os alunos.
Cursou pedagogia na Faculdade Santa Marcelina e quando decidiu iniciar sua escola deu o nome de Jardim Escola Mundo da Criança. Mas por achar o nome extenso demais resolveu mudar para MC (Mundo da Criança), que também não vingou por ser pequeno demais. A solução encontrada foi Emece, resultado da leitura das duas letras da sigla. Daí surgiu até um slogan “Estudas muito e conseguirás edificar”, mas a autoria não é confirmada pela escola.
Segundo seus colaboradores, dona Marlene era uma pessoa generosa, compreensiva e com sabedoria. Dizia também com muito orgulho aos alunos que finalizavam seus estudos em Educação Infantil: “agora ninguém mais enganará vocês, porque vocês já sabem ler e escrever tudo à sua volta”. Estava querendo dizer, com toda a certeza, que eles não seriam facilmente manipulados por alguma ideologia que se esbarrassem por aí.
Marlene dedicou sua vida ao colégio que fundou. Era comum entrar na escola à 6h da manhã e só deixava a escola à meia-noite.
O Emece tem hoje, cerca de 550 estudantes matriculados que vão da pré-escola ao ensino médio.
Ela se afastou em 2007 da rotina do colégio que fundou, quando problemas de saúde a impediam de acompanhar o dia a dia da escola. Deixou a escola aos cuidados do sobrinho Roberto, que foi seu braço direito nos últimos 26 anos.
A missa de sétimo dia aconteceu no dia 11, na igreja de N. Sra. do Rosário