Músico com o trabalho recém-lançado “Cantos do Nosso Chão”, Ari Colares traça sua trajetória na batida da percussão.
Os alunos chegam. Pode ser músico, pode ser artista, pode ser o vizinho, advogado e profissional liberal, ou simplesmente um leigo interessado em aprender um pouco sobre ritmos populares – melodias e características –, com instrumento de percussão, dança e cantoria. No final, um almoço para todos tendo no cardápio a comida regional, do local onde o ritmo estudado veio, preparado pelo chef pernambucano Eriba. Essa é a proposta do curso “Música e Culinária Tradicionais – Vivencie o Ritmo e Aprecie as Delícias”, que o músico, percussionista, educador e pesquisador Ari Colares promove desde 2010 no estúdio instalado na parte de baixo de sua casa, em um dos poucos sobrados que ainda restam na região de Perdizes.
“A grande maioria das pessoas que faz o curso é de outro lugar, porque as pessoas do bairro não conhecem. Gostaria muito que essa oportunidade chegasse aos vizinhos”, chama Ari. De março a novembro, são nove encontros, realizados uma vez por mês. Só para aguçar a vontade, o primeiro encontro do ano teve como tema duas artes baianas – de origem africana, claro: o ritmo ijexá e o ipeté, prato à base de inhame, camarão seco, dendê e muitos temperos. É bom ressaltar que na festa, celebração, curso… só cabem 25 pessoas. “O ideal é que se faça o conjunto. Mas os cursos podem ser frequentados de forma individual”, explica.
Ari Corales é professor desde 1990. Coordena os cursos de percussão e bateria na Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP. Ele conta que o “vírus da música popular” o pegou ao conhecer o trabalho do Abaçaí, grupo cultural que iniciou os trabalhos de pesquisa da cultura popular por meio de projetos teatrais. Hoje, o grupo faz apresentações musicais e é responsável pelo “Revelando São Paulo”, projeto voltado para a valorização do trabalho do folclore popular.
O percussionista estudou música na USP, mas lembra que era difícil obter informações sobre as artes populares porque não havia professores na área. Ia a campo para tomar contato com a Folia de Reis, por exemplo, e achava a origem de um som quando ouvia uma música no rádio. “O início da música Queixa, do Caetano, é ijexá”, pontua. Ari tocou com músicos de ponta, como Toninho Ferragutti e Egberto Gismonti. Além de professor, ainda participa de apresentações e gravações. Os trabalhos mais recentes são Cantos do Nosso Chão e o projeto Brasil-Marrocos, junto com Benjamim Taubkin, responsável pela Casa do Núcleo. Tem trabalho também com Chico Saraiva e com a pianista Heloisa Fernandes, do grupo A Barca.
Datas dos próximos cursos: 22 de junho: bumba-meu-boi do Maranhão com arroz de cuxá; 31 de agosto: maracatu com arrumadinho; 28 de setembro: samba de roda com caruru; 26 de outubro: coco com baião de dois; e 30 de novembro: carimbó com vatapá paraense. As inscrições devem ser feitas com antecedência por e-mail.
Ari Colares
Rua Apinajés, 726
e-mail: aricolares@gmail.com
www.aricolares.com.br
www.facebook.com/aricolares