Cultura indígena valorizada no Museu das Culturas Indígenas

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Foto: Divulgação/Mauricio Burin

Divulgação/Mauricio Burin
Jiboia no andar Multiuso

O Museu das Culturas Indígenas, inaugurado em final de junho na Água Branca, é um espaço intercultural, de pluralidade, encontro entre povos indígenas e não indígenas.

A questão indígena está no centro das discussões do Brasil. O assassinato do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips em maio passado na região do Alto Javari teve repercussão mundial. A estimativa da população indígena no país é de 1,3 milhão de pessoas. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), existem 225 povos indígenas, além de referências de 70 tribos vivendo em locais isolados e que ainda não foram contatadas. Um dos maiores povos indígenas existentes no Brasil é o Guarani.

Rita Huni Kuin é a criadora da jiboia do espaço multiuso (Divulgação)
Rita Huni Kuin é a criadora da jiboia do espaço multiuso (Divulgação)
O MCI é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo é gerida pela Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari (ACAM Portinari) em parceria com o Instituto Maracá, associação sem fins lucrativos que tem por objetivo a proteção, difusão e valorização do patrimônio cultural indígena. O museu está localizado no Complexo Baby Barione, vizinho ao Parque da Água Branca. São sete andares, e uma área total de 1.400 m². Além dos espaços expositivos, o MCI reúne centro de pesquisa e referência, auditório, setor administrativo e reserva técnica. O governo de São Paulo gastou R$ 14 milhões para instalar o MCI.

O espaço tem por proposta uma gestão compartilhada a ser construída ao longo da experiência, com o fortalecimento do indígena como protagonista. É um museu público que reunirá pessoas de diferentes etnias. O visitante encontra no MCI um espaço de diálogo intercultural, pluralidade, encontros entre povos indígenas e não-indígenas, onde a memória da ancestralidade permitirá aos diversos povos originários compartilharem suas mensagens, ideias, saberes, conhecimentos, filosofias, músicas, artes e histórias.

MCI-area-indigena--foto-Maurício BurimA inauguração do Museu das Culturas Indígenas foi no dia 29 de junho com a presença de lideranças indígenas, Rodrigo Garcia, governador do Estado de São Paulo, de Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa e Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo.

Entre outras atrações, não deixe de apreciar a onça símbolo da natureza na empena do prédio da artista Tamikuã Thixi. E a gigantesca jiboia que ocupa uma das salas do Museu das Culturas Indígenas da artista Rita Huni Kuin do Povo Hunikuin.

Além de servir para que os povos indígenas mostrem sua cultura, o MCI terá uma programação voltada para exposições, debates e outras atividades para ressaltar os valores desses povos que já estavam por aqui quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou em 1500 no litoral baiano. As exposições no MCI estão a cargo e curadoria dos artistas de Tamikuã Txihi, Denilson Baniwa e Sandra Benites que escolheram, como exposições inaugurais, “Invasão Colonial Yvy Opata – A terra vai acabar”, de Xadalu Tupã Jekupé e “Ygapó: Terra Firme”, de Denilson Baniwa, ambos representantes da arte indígena contemporânea, que provocam o visitante a repensar a imagem que muitos têm sobre os povos originários do país.

MCI-museu-indgena-dv-3Xadalu Tupã Jekupé traz, com sua estética na arte urbana contemporânea. Ele usa serigrafia, pintura, fotografia e objetos em sua obra que denuncia como os territórios originários em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estão sendo engolidos pelo cimento da cidade, que devora terras e vidas do Povo Guarani e a redução do espaço das terras indígenas. Por sua vez, o artista e curador Denilson Baniwa, nos faz um convite para adentrarmos na floresta Amazônica por meio de experiências sensoriais. O artista traz produções contemporâneas, tradicionais, sonoras e visuais de músicos indígenas. Ygapó é a metáfora da resistência indígena que, mesmo em constante ameaça externa, vem pela coletividade e compartilhamento de saberes tornar possível o vislumbre de uma futura existência.

“Eu vejo o Museu das Culturas Indígenas como uma grande escola, uma escola viva, que vai dialogar sobre história, arte, cultura e as diversas formas de se pensar e transmitir conhecimentos, saberes e fazeres tradicionais, que até hoje não são dialogados dentro das escolas”, afirmou Cristine Takuá, diretora do Instituto Maracá e membro do Conselho Indígena Aty Mirim.

O Museu das Culturas Indígenas funciona de terça-feira a domingo, das 9h às 18h, ingressos a R$ 15 (inteira) e nas quintas-feiras, das 9h às 20h, entrada gratuita. Indígenas não pagam ingressos. (GA)

Museu das Culturas Indígenas, Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca, facebook.com/museudasculturasindigenas, museudasculturasindigenas.org.br/

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