Baiano de Irará, Tom Zé agora é cidadão paulistano!

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Nabil e Tom Zé, agora cidadão paulistano (Divulgação CMSP)

Em uma animada e festiva cerimônia no Salão Nobre da Câmara Municipal, no primeiro sábado de setembro (6), Tom Zé foi recebido com muitas palmas para receber o título que deveria ter recebido 21 anos atrás.

O vereador Nabil Bonduki foi o responsável para a homenagem ao morador de Perdizes.

O bloco Abacaxi de Irará acompanhou a entrada do novo cidadão paulistano e o evento, geralmente cercado de pompa se transformou em uma festa que se espalhou pela plateia de fãs e convidados que ocupou todos os assentos do salão.

A mesa composta para receber o novo paulistano, além de Tom Zé e do vereador Nabil, e também por Julio Medaglia, maestro e arranjador, José Miguel Wisnik, músico e professor, José de Souza Martins, professor emérito da USP, Maria Adelaide Amaral, dramaturga e escritora, José Renato Nalini, escritor e acadêmico, Luiz Galina, diretor regional do Sesc São Paulo e Valter Hugo Mãe, escritor português.

Em todos os discursos foi destacado o talento criativo de Tom Zé. “Eu adoro você. Eu adoro você por tudo que você representa, pela originalidade, pelo teu vanguardismo, pela tua subversão. Este é um grande dia para a cidade também”, disse Maria Adelaide Amaral, escritora e dramaturga, portuguesa de nascimento, mas também é cidadã paulistana.

O escritor português Valter Hugo Mãe vestindo uma camiseta com o rosto de Tom Zé estampado, ocupou a tribuna e falou para Tom Zé: “O Tom Zé fabrica brasilidade. Ele é como um metal que funde cada pessoa que sabe ser brasileira. E isso é tão poderoso que cria fascínio em cidadãos estrangeiros, os tornando menos estrangeiros, provando que cultura cria uma mestiçagem gloriosa que apaixona povos. Tom Zé apaixona povos.”

O vereador Nabil, responsável pela indicação do músico e compositor criador de belas canções onde São Paulo é protagonista como “São São Paulo, meu amor”, “Tom Zé tem um papel importante em falar sobre São Paulo de um jeito, às vezes engraçado, às vezes irônico, às vezes saudoso, e suas músicas marcam interpretações muito importantes para a nossa cidade.” Nabil havia proposto a indicação de Tom Zé mas na ocasião, a nomeação foi adiada e concluída nesta legislatura.

Por sua vez, Tom Zé ao ocupar a tribuna trocou o discurso de agradecimento, e preferiu cantar acompanhado pelo bloco Abacaxi de Irará e assim com muita música que animou a plateia, agradeceu os discursos e o novo título que a cidade lhe concedeu.

A mesa formada para receber Tom Zé (Divulgação)
A mesa formada para receber Tom Zé (Divulgação)
Tom Zé é um artista que tem uma importante participação na história da música popular brasileira e tem uma relação com a cidade desde 1968 quando aqui chegou e adotou o nome artístico de Tom Zé que foi dado por Guilherme Araújo, importante empresário de outros cantores e artistas, baianos como ele como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. No mesmo ano, Tom Zé foi o vencedor do 4º Festival de Música Popular Brasileira com a canção “São São Paulo Meu Amor”, que se tornou um dos “hinos” da cidade.

Nascido em Irará, sertão baiano, Tom Zé sempre gostou de música e aprendeu a tocar violão e posteriormente ingressou na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Foi um dos fundadores do movimento Tropicalista e seu disco “Tropicália ou Panis et Circensis” em parceria com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Os Mutantes, que tinha Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sergio Dias.

Tom Zé sempre esteve presente no circuito universitário e no final dos anos 1990, foi redescoberto pelo músico norte-americano David Birne, que se encantou com o disco “Estudando o Samba”. Byrne lançou o trabalho de Tom Zé nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bope e ganhou bons comentários e críticas em veículos como a revista Rolling Stone e The New York Times e a partir daí ganhou projeção internacional e influenciou outras gerações.

Descrito como revolucionário, autêntico, irrequieto e político, Tom Zé faz de suas músicas críticas sociais urbanas e retrata em seu trabalho o cotidiano da metrópole. E prestes a completar 80 anos, Tom Zé continuará a criar novos sons e poesias que vão orgulhar paulistanos de todos os cantos. (GA)

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