Um cheiro pra você

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Escolher o perfume não é apenas uma questão de pele

Escolher o perfume não é apenas uma questão de pele.

Os especialistas tentam, mas indicar o perfume ideal para cada pele e estação do ano é mais complexo do que consta nas inúmeras reportagens sobre o assunto. A dica é usar aromas leves nas estações quentes, como os cítricos; e, no inverno, os marcantes, com fragrância amadeirada. Alguns profissionais afirmam que o aroma ideal é o que combina com a personalidade e até com o estado de espírito da pessoa. 

“Pra começar, culturalmente somos diferentes dos europeus”. É a primeira coisa que a professora de moda e coordenadora da pós-graduação “A Cultura do Perfume”, da Faculdade Santa Marcelina, Andreia Miron, diz antes de discorrer sobre o assunto. “Como o europeu não tinha o hábito de tomar banho, o perfume foi criado para que tirasse a atenção do cheiro do corpo e deixasse uma fragrância mais social, vamos dizer. Para o brasileiro, o cheiro tem de ser uma extensão do banho”, acrescenta. A professora cita a própria história do descobrimento do Brasil para concluir sua explicação. “Os portugueses vieram de maneira precária, sem banho, e encontraram os índios, que tomavam até 16 banhos por dia. Esse foi um confronto cultural. Quando eles foram para as casas, eram servidos pelos negros, que tinham os rituais dos banhos ligados à religião, os banhos de cheiro, que existem até hoje. Com esse nascer vemos que olfativamente, tanto para o homem quanto para a mulher, vamos sempre trabalhar com as águas”, pontua. 

Neste contexto, embora muita gente pense o contrário, o brasileiro prefere o perfume nacional ao importado. “No Brasil, 84% dos perfumes vendidos são nacionais e apenas 6% são importados, porque temos essa característica para o fresco. As mulheres priorizam os florais e os frutados e os homens, os frescos mais amadeirados”, explica Andreia. Outro dado, que não está relacionado à preferência de cheiros mas que vale citar, é que, de acordo com empresa de consultoria Euromonitor International, o mercado nacional superou o dos Estados Unidos e já é o líder em vendas de fragrâncias por pessoa. E, neste mercado, segundo Andreia, a linha de produto flanker – várias versões da mesma fragrância com sabonetes, cremes, etc. –, é bem aceito no Brasil. “É uma tentativa do mercado perpetuar seu produto, mas também de o público, através de um gosto olfativo que ele se identifica, perpetuar o frescor”.

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