Sapataria|tradicional

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Ele nasceu em Vitória da Conquista em 1957. No ofício de sapateiro começou cedo, com apenas 12 anos, como quem tinha pressa de alguma coisa. Não passou muito  tempo e ao completar 16 anos de idade e quatro de profissão, José Carlos Gama veio para São Paulo e se instalou em uma pensão na Barra Funda. Naquele tempo, diz ele, sapateiros eram caçados nas ruas pelos donos de sapataria porque a demanda de serviços era grande. Na pequena pensão ficou só um ano. As ruas da capital mais fervilhante da América do Sul o colocaram frente a frente com um colega sapateiro da mesma Vitória da Conquista, que o convidou para morar em sua casa, no bairro da Brasilândia. Também lhe fez o convite para ser sócio na sapataria, mas José recusou. O casamento com Sandra já dura 15 anos e juntos têm um filho de nove, mais os três que ela já tinha do primeiro relacionamento. “As crianças eram pequenas, hoje estão crescidas”.
Depois de muito tempo como empregado, a primeira sapataria própria foi conquistada em 1978, na Rua João Ramalho e lá ficou por 15 anos. “A minha clientela eu fiz nesse período, tenho clientes de 25 anos”, revela com naturalidade. O segmento desse tipo de serviços já teve seus dias de glória. José Gama conta que nesse período teve sociedade em duas oficinas, uma na Rua Wanderley e outra na Rua Caiowaá. Na sapataria da Rua Caiowaá, a mesma que ficou para ele na extinção da sociedade em 1987, chegou a ter oito funcionários.
Os dias modernos trouxeram outros hábitos e a indústria da moda esportiva e casual ganharam espaço com a necessidade cada vez maior de se aliar conforto à praticidade com uma dose de ousadia. Dessa fórmula surgiu o tênis, o campeão de adeptos em todo o universo do vestuário, seguido pelo jeans.
Na sapataria atual, da Rua Cajaíba, ele está completando quatro anos, mas de oficio são 42 acumulados. Faz quase tudo em matéria de consertos e restauros, inclusive nos tênis. Troca forrações, solados, saltos, cola e costura. Restaura sacolas, bolsas, cintos e botões. O prazo “depende da pressa do freguês”, explica e, “dependendo também da necessidade”, diz, pega e entrega o serviço em domicílio. (

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