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Quem visita o Shopping Bourbon fica deslumbrado com a decoração natalina. O circo é o tema deste ano. Mas, para isso se tornar realidade, foram meses de planejamento e muito trabalho, que consumiu horas e madrugadas de várias pessoas. Quem arquitetou todo esse encanto foi Cecilia Dale. Dona de uma rede de lojas que virou sinônimo de decoração e bom gosto, ela, além do Bourbon, é responsável pela decoração dos shoppings Villa-Lobos, Higienópolis e outros centros de compras aqui na cidade e em outras capitais.
Sua saga teve início em 1981, quando criou delicadas cestas e bandejas de vime forradas de tecido em sua loja nos Jardins. A partir daí, sua criatividade e qualidade foram se tornando conhecidas na cidade. Hoje, ela comanda uma rede de seis lojas. Nesta entrevista, ela conta como é feita uma decoração natalina e dá dicas de como deixar seu Natal mais bonito.
Como foi o início? E este ano foram muitas árvores decoradas?
Montando uma árvore aqui e outra ali, segmentei o serviço de decoração de Natal corporativo e residencial. Assino, neste ano, a decoração de dez shoppings em São Paulo e e empresas. No ano passado, decorei cerca de 378 residências. Quando chega outubro, entro numa espécie de túnel natalino e só saio depois das datas festivas de fim de ano.
Qual foi o primeiro grande espaço que você decorou?
O Shopping Higienópolis no ano de sua inauguração e até hoje. Foi o primeiro grande projeto e um enorme desafio para mim, que estava acostumada às proporções e dimensões de uma loja e aprendi que, para um shopping, tudo tem que ser bem maior.
Os clientes já vêm com a proposta da decoração do ano ou é você quem sugere os temas? Foi assim no Bourbon?
É um trabalho que acontece muito a quatro mãos. Temos diversas reuniões, fazemos brainstorms, em alguns casos nos apoiamos até em pesquisas de mercado. No caso do Bourbon, desenvolvemos o tema do circo buscando encantar a crianças e adultos. A ideia era fazer algo maior e mais envolvente do que no ano anterior, com bonecos animados, música e que saísse do tradicional Papai Noel e renas. Assim surgiu o Natal no circo, que o shopping abraçou como um grande tema, promovendo inclusive sorteios de ingressos de espetáculos circenses aos seus clientes.
Do projeto à decoração pronta do Bourbon, quanto tempo levou desde o planejamento até a conclusão do trabalho?
Começamos a fazer o projeto em março. São meses e meses de trabalho desde a concepção da ideia até o projeto acabado.
Qual a diferença ou detalhe especial que você citaria na decoração do Bourbon?
Os animais animatrônicos, que são os artistas do espetáculo. Num circo que faz parte do cenário, eles não são amestrados, e sim mágicos, malabaristas e palhaços. Os gnomos são trapezistas, os ursos são os equilibristas das bailarinas e estes, além dos outros personagens, são todos com movimento. O cenário é dividido em três picadeiros, que exibem diferentes apresentações. Um trenzinho passeia com as crianças ao redor do picadeiro enfeitado com luzes, adornos natalinos, árvores de Natal e, claro, o bom velhinho.
Ao criar uma decoração em espaços como os dos shoppings, o que você quer provocar nos visitantes?
Alegria, muita alegria!
Além dos shoppings, você também faz essas decorações temáticas em residências?
Não. Possuo nove lojas onde os clientes finais escolhem seus próprios temas e enfeites com a consultoria das minhas vendedoras.
De onde vem a inspiração para fazer tantas decorações sem se repetir?
Isso é o grande desafio, e o grande prazer. Busco inspiração nos mais diferentes lugares, estudo sobre Natal, escuto histórias de clientes, de netos, viajo para outros países, vou à feiras, eventos, busco referências da minha infância, de filmes que me tocam, como o ‘Expresso Polar’, por exemplo, e as ideias surgem muito daí e depois vou trabalhando para colocar em prática.
Além da árvore, o que não pode ficar de fora de uma decoração de Natal?
A guirlanda! E o Papai Noel, que é um dos símbolos do Natal e é uma grande magia para as crianças.
Quando você visita ou visita os espaços que decorou e vê a admiração das pessoas contemplando seu trabalho, qual é a sensação que sente?
Quando vejo os olhinhos deles de admiração sinto uma sensação de missão cumprida. A de mais um ano ter despertado alguma sensação boas em adultos e crianças.
Clientes e amigas pedem muitas sugestões para você? O tipo de decoração que fica bem e coisas assim?
Acontece muito quando estou andando pelas minhas lojas e minhas clientes pedem opinião. Faço com o maior prazer!
Quando criança, também escreveu cartinhas para o Papai Noel? Foi atendida?
Claro, escrevia e colocava na lareira sempre com um copo de leite e uma cenoura, para as renas. Acho que fui atendida, sim, tive muitos presentes maravilhosos na minha vida. Minhas filhas, meus netos e muitos natais gostosos em família.
Ainda curtimos incluir na decoração elementos do hemisfério norte (neve, renas). Isso ainda está na moda?
Acho que estamos aprendendo a cada ano a encantar os olhos com a decoração de Natal e adaptar a decoração para o que funciona no nosso clima: luzes de led, por exemplo, deram um show nos parques no ano passado, e tem a ver com o verão do Brasil, passear à noite ao ar livre, com a cidade iluminada.
Você explora elementos da cultura brasileira nas decorações que cria?
Uso muito da minha imaginação e das histórias que ouço para criar. Não me prendo a lendas de um país específico, tento inclusive fazer um Natal um pouco atemporal e sem referências de países. Inventamos, por exemplo, o tema do Carrossel do Higienópolis este ano, que não remete a país nenhum. Já no Anália Franco, a inspiração veio dos primeiros habitantes daquela região, os imigrantes europeus e suas vilas cheias de vida, com pequenos comércios, igreja, praça, fonte. Em outro projeto, na sede de um banco, trouxemos o Natal da fazenda, com queijaria, estábulo e Papai e Mamãe Noel sentados em frente à lareira. Procuro usar temas que tem a ver com as minhas experiências, mas que também seriam facilmente reconhecidos por qualquer um.
Você utiliza material reciclável em suas decorações?
Procuro reaproveitar ao máximo os materiais perenes de um ano para o outro e trabalho com pinhas naturais, que são matérias-primas renováveis. O que é descartado vai sempre para a reciclagem, mas não encontrei enfeites de Natal que sejam de origem reciclada e que tenham a aparência que procuramos deixar em nossos trabalhos.
A tecnologia facilita o trabalho? Como faz para equilibrar a tradição com a tecnologia?
Sim, com certeza. Temos um sistema de controle de estoque, criamos sistemas de produção, montagem, usamos robôs animatrônicos para dar vida aos bonecos, tudo isso está nos bastidores das decorações que criamos.
Depois dessa maratona de Natal, além do cansaço, qual é a sensação que fica?
Natal é grande parte da minha vida o ano todo, profissionalmente, e no lado pessoal, uma data mágica, gostosa e muito festejada e esperada para passar com a minha família.
Que dicas práticas você pode dar para quem vai montar sua árvore de Natal? O que é o básico e, aproveitando o ensejo, qual é a tendência atual?
Sempre ensino o passo a passo de se montar uma árvore de Natal. É o básico e o mais importante. Algumas regras que passo para todo mundo:
1. Aplicar nos pés das árvores pedaços de feltro autoadesivo para proteger o chão.
2. Escolher o tema da decoração. Para a árvore ficar organizada e bonita, ela precisa de um tema. Pode ser de ursos, de brinquedos, de guloseimas, de duendes, tanto faz. Só não fica harmonioso misturar tudo e colocar na árvore todo e qualquer tipo de enfeite que se tem, sem uma combinação.
3. Escolher as cores. Podem ser as tradicionais, verde com vermelho, até as mais sofisticadas, com o prateado ou dourado, e até mesmo ousar com novas tendências como o laranja e dourado.
4. A ponteira no topo da árvore. Ela indica o tema escolhido. Se a árvore for com destaque para ursos brancos, a ponteira pode ser um urso, se for de brinquedos, e assim em diante.
5. As luzinhas. Elas devem começar a serem colocadas de baixo para cima da árvore. O certo é enroscar o fio a cada galho (em torno de duas a três voltas). Enroscado em um galho é hora de partir para o lado e repetir o procedimento até completar a volta do primeiro andar e ir subindo e repetindo a ordem até chegar ao topo. Por fim, acenda as luzinhas para que fique mais visível a distribuição das mesmas.
6. Os laços. Eles dão as coordenadas da simetria da árvore. Por isso, é o primeiro enfeite a ser colocado. Respeite a mesma distância de um laço para o outro e deixe entre eles um espaço razoável para a colocação dos demais enfeites.
7. As bolas. As maiores podem ser colocadas logo abaixo do laço, como se fosse um conjunto. As menores podem ser espalhadas entre os espaços vazios deixados entre os laços.
8. Colocação de galhos. Galhos dourados, rústicos, prateados, enfim, sempre dão um charme e volume na árvore. Para completar o conjunto de cada laço com a bola grande, o galho pode ser aplicado em cima.
9. Ainda nos espaços verdes, rechear a árvore com os enfeites maiores e depois os menores. Distribuindo-os equilibradamente. Um enfeite não pode ser colocado ao lado de um igual.
10. Presentes. Eles fazem parte da decoração, além do entusiasmo que trazem. Ficam no pé da árvore.
Árvore natural ou artificial? O que se deve levar em conta para montar uma árvore de Natal e deixar a casa bem bacana?
Evitar usar o pinheiro natural, que é arrancado sem as raízes da terra e acaba morrendo. Mais vale investir em um artificial, que dura anos e anos.
Em sua casa, cada ano tem uma decoração diferente?
Costumo decorar a minha casa de campo, onde toda a minha família se reúne para passar as festas de fim de ano. Como tenho netos, sempre penso em coisas diferentes para encantá-los e entretê-los.
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Estou muito feliz de participar do Natal desta região, desta vez não só com a decoração do Shopping Bourbon, mas com a minha loja dentro do shopping, podendo interagir com os moradores da vizinhança, que são tão queridos e acolhedores.
