Brincar de roda, pega-pega, esconde-esconde ou mãe-da-rua, hoje em dia, é improvável acontecer. É possível que alguns leitores mais jovens desconheçam essas brincadeiras que fizeram parte do cotidiano das crianças em uma época em que os brinquedos eletrônicos não existiam no universo infantil. Um período onde brincar até a exaustão era considerado saudável. Para falar sobre o tema, ouvimos Maria Tereza Pereira de Almeida, Psicopedagoga pós-graduada pelo Mackenzie, que há 25 anos atua na área da Educação. Na opinião da educadora, as crianças de 6 anos são as mais prejudicadas porque as escolas alfabetizam cada vez mais cedo, além de submetê-las à exercícios e provas de avaliação de conhecimento. Essa atitude tira da criança a oportunidade de vivenciar o período fundamental da sua formação com situações lúdicas, imprescindível de brincadeiras que proporcinem alegria aos filhos, atividades ao ar livre, ou jogos que desenvolvam o conhecimento com prazer, segundo Tereza de Almeida. Outra questão que preocupa pais e educadores é o bullying, comportamento que sempre existiu, mas que tomou uma proporção pública maior com a Internet e as redes sociais. As escolas precisam se preparar para lidar com esses problemas e estender as orientações aos pais que, muitas vezes, negligenciam o caso resumindo a situação com o popular “É uma fase”, define. Ficar atento às mudanças de comportamento da criança é fundamental pois ninguém passa do comportamento sociável para o violento sem que haja motivos. “Muitas vezes, a criança sofre maus tratos ou brincadeiras vexatórias, provocando a sua baixa autoestima”. No Brasil, um estudo feito em 2010 pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administrativo em Terceiro Setor, mostra que a violência é um fenômeno relevante nas escolas brasileiras – pelo menos 20% dos alunos entrevistados presenciam colegas sofrendo algum tipo de constrangimento todos os dias – aponta o levantamento. Para Maria Tereza, nessa fase é importante trabalhar a autoestima da criança com os recursos que as ajudem a concentrar-se naquilo que proporciona conhecimento, prazer, segurança e estímulo criativo.