Nascido na cidade de Vigo, capital da província espanhola da Galícia, quase na divisa com Portugal, Dalmiro Rivera Rodriguez por três décadas de sua vida trabalhou na propriedade da família com os pais e os irmãos antes de imigrar para o Brasil.
Os tempos eram difíceis na Espanha em meados dos anos 50. A 2ª Guerra Mundial havia terminado em 1945. A Europa e a Espanha passavam por dificuldades. Um amigo que morava em São Paulo o convidou para vir. Animado, Dalmiro resolveu deixar a terra natal, a família e Rosa, sua noiva desde a adolescência, para tentar a vida no Brasil. Embarcou em 1957 no porto de Vigo e 13 dias depois chegava ao porto de Santos com 34 anos, pouco dinheiro e muita vontade de vencer na vida.
Em São Paulo, Dalmiro achou a língua estranha, embora o galego tenha palavras semelhantes ao português. “Apesar das dificuldades, eu conseguia me comunicar com as pessoas e os amigos espanhóis eram a minha família aqui”. O primeiro emprego foi no empório de um patrício na Avenida São João. Trabalhava a semana toda, sem descanso e lazer. “Vim para o Brasil para trabalhar”, resume.
Nove meses depois da sua chegada, Rosa, a noiva, desembarca em Santos. Enquanto o casamento não saiu, ela morou com um irmão no bairro da Aclimação. Dalmiro ao visitar um amigo do seu pai, recebeu um conselho que seguiu à risca: “Para ter independência financeira, é preciso ter seu próprio negócio”. Sem capital, ele trabalhava e economizava. Seu empenho no trabalho mereceu do antigo patrão o convite para ser sócio e topou.
“Apesar das dificuldades, eu nunca quis voltar para a Espanha”, diz ele ao contrário de muitos conterrâneos que imigravam e tempos depois fizeram o caminho de volta.
De um comércio para outro, Dalmiro foi se capitalizando até que em 1970, morando no Sumaré e casado com Rosa, pai de Inês, a filha única do casal, resolveu abrir uma choperia em Perdizes. Achou o imóvel na esquina das ruas Cardoso de Almeida com Dr. Homem de Melo e em poucas semanas inaugurava o Krystal Chopps com um sócio. O negócio prosperou, sócios entraram e saíram, mas Delmiro sempre esteve à frente.
Rosa partiu em 2008. Hoje, a filha Inês e Carlos, o genro, administram a choperia. Aos 85 anos, Delmiro faz questão de ir trabalhar e encontrar os amigos que reuniu nestes anos de Perdizes.