Sandra Russo tem sua rotina profissional cercada de números e valores. Ela é administradora de empresas. Mas quando chega em casa, troca os números frios pelo calor das palavras através de seus poemas.Moradora da Pompeia desde 2007, Sandra já publicou três livros de poesias. Em contato com o Infinito (1987, Mirante Editora), Toda poesia é um canto (1989, Scortecci) e o recente Eles, elas, eu (2012, RG Editores), lançado durante a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto último.“Escrevo poesias desde menina, quando tinha 13 anos. Para mim, a escrita era o caminho para desafogar todos os sonhos e desejos do futuro que ali começava e que escrever era mais fácil que falar”, conta a poetisa. Por conta própria descobriu a leitura ao mesmo tempo que escrevia os primeiros poemas. Passava horas em bibliotecas públicas, “desvendando o mundo (não existia a internet e suas facilidades de hoje). Foi um caminho solitário com infindáveis oportunidades”, conta. Neste período participou de vários projetos de teatro, música e de poesia na zona norte, onde morou por muitos anos antes de chegar à Pompeia.Para ela, os primeiros livros, Em contato com o infinito e Toda poesia é um canto, refletem afirma a poetisa, “o período de adolescência e da juventude, nem tanto conturbada, mas de muitas dores emocionais”.O terceiro livro veio depois um intervalo onde casou, foi mãe e a poesia ficou meio de lado. “Quando retomei a escrita foi para colocar no papel a trajetória para a fase adulta, com as dores, os amores, os medos, as dúvidas, os anseios, a solidão, a depressão, os desejos e as conquistas pessoais e emocionais até o amadurecimento”. A poesia de Sandra é intensa e faz pensar. Um exemplo é o poema Autorretrato que abre o seu mais recente livro.
AUTORRETRATO
Espelho invertido,rua em contramão,assento sem sustento,teto e chão sem paredes,sou assim!Avesso da consciência.Uma prática vida de fantasias e sonhosEscondidos de mim mesma.Ilusão de sobriedade que reflete a passos largos no cotidiano.E no fundo do abismo coberto de cinzas, o reflexo da exatidão.