O poder dos sonhos

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Protagonista do filme Colegas, atualmente em exibição nas salas de cinema, Ariel Goldenberg mostra que é possível realizar todos os sonhos que tiver com vontade, força, garra e uma grande alegria de viver.
Saiba mais sobre os bastidores desse novo longa-metragem brasileiro, ganhador de muitos prêmios, entre os quais o de Melhor Longa-Metragem Brasileiro, Melhor Direção de Arte e especial do Júri aos protagonistas da 40ª edição do Festival de Cinema de Gramado, e o de Melhor Filme Brasileiro (prêmio do público) e Troféu Juventude da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. E acompanhe as entrevistas exclusivas realizadas pelo Guia Daqui Sumaré com Ariel e sua esposa, a atriz Rita Pokk. “Não” é uma palavra que não existe no dicionário de Ariel Goldenberg, uma das estrelas do filme Colegas. Nascido há 32 anos e portador da síndrome de Down, ele, sua esposa, Rita, e o ator e atleta, ganhador do título de primeiro faixa preta de judô das Américas, Breno Viola, representam com muito talento personagens cômicos, que atingem seus mais loucos sonhos ao fugir do instituto onde vivem. A história, narrada por Lima Duarte, mescla perseguição policial, assaltos, fugas, transgressões e ingenuidade. Resumidamente, é um filme que trata de forma poética coisas simples da vida, através dos olhos de três personagens com Down apaixonados por cinema. Inspirados pelo filme Thelma & Louise, eles resolvem fugir no Karmann Ghia do jardineiro (Lima Duarte) em busca de três sonhos: Stalone (Ariel Goldenberg) quer ver o mar, Aninha (Rita Pokk) quer casar e Márcio (Breno Viola) precisa voar. Em uma viagem do interior de São Paulo rumo à Buenos Aires, eles se envolvem em inúmeras aventuras.
Muito longe de ser um filme triste, ou que mostre deficiências e dificuldades, Colegas, escrito e dirigido por Marcelo Galvão, aborda a superação de medos e limitações para se atingir objetivos. Marcelo disse ao Guia Daqui Sumaré que o roteiro surgiu de sua convivência com um tio, portador da síndrome, a quem ele faz uma dedicatória no final do filme. “Meu objetivo com Colegas não foi levantar a bandeira dos Down, mas sim mostrar o lado divertido e essa boa energia que eles têm. Eu sei do que estou falando porque convivi praticamente minha vida toda com um portador da síndrome. Esse filme, que ganhou o Prêmio especial do Júri aos protagonistas em Gramado, entre outros, já quebra o preconceito de muitas pessoas que achavam que os Down são deficientes e incapacitados de realizar coisas. Esse preconceito que muita gente ainda tem é puro desconhecimento”, declarou.Ao todo foram sete anos de captação de recursos, quatro anos de ensaios e cinco meses de filmagem. “Ensaiei o Ariel e a Rita toda semana durante quatro anos. Não porque eles precisassem, mas para que esse sonho do projeto do filme não acabasse. Além disso, para dirigir qualquer trabalho, eu preciso criar uma relação de amizade com os atores e o Ariel sempre me incentivava, me dava forças no projeto. Ele é uma pessoa muito positiva”, complementa.
Entre os atores que trabalharam ao lado de Ariel, estão o português Rui Unas e o brasileiro Deto Montenegro. Os dois são unânimes em dizer que contracenar com ele, com a Rita e com o Breno foi algo encantador e especial. “Foi enriquecedor em termos profissionais, porque me abriu as portas do mercado brasileiro e também em termos pessoais, porque eu nunca tinha convivido com pessoas com Down e desconhecia suas capacidades e inteligência. Essa experiência foi muito gratificante”, disse Rui, que interpreta o policial Portuga.
“Trabalhei e convivi bastante com o grupo todo. Tivemos a oportunidade de fazer muitas externas e depois ficarmos concentrados num hotel fazenda em Paulínia. Foi muito legal e divertido porque houve muita interação entre os atores, um clima leve de bastidores que acabou passando para as cenas”, declarou Deto (policial Souza), que é ator, irmão do músico Oswaldo Montenegro e oferece condicionamento artístico a grupos diversos, que incluem profissionais liberais, pessoas com Down e cadeirantes na Oficina dos Menestréis, em São Paulo.

É verdade que você prospectou boa parte da verba do filme? De onde veio esse seu tino comercial?

Ariel Goldenberg – Eu já sabia que tinha tino comercial. Para conseguir a verba, eu usei o marketing do diretor Marcelo Galvão, do filme e o meu pessoal, e consegui captar R$ 500 mil. Mas isso não acabou. Eu quero usar a campanha que fiz para o Sean Penn vir assistir à estreia do filme comigo como material para conseguir ainda mais verba. Quem sabe assim a gente pode fazer o Colegas parte 2.

Você mora no Sumaré? O que mais gosta na região?

AG – Moro há muito tempo nas Perdizes, bem próximo também ao bairro do Sumaré. Gosto de tudo lá, mas não costumo frequentar as praças e as áreas verdes, não. 


Desde quando você descobriu que tinha esse talento para ator?

AG – Comecei a atuar quando era menor de idade. Fiz muitas peças de teatro na infância e também na adolescência, fiz um monte delas, mas não vou conseguir lembrar todos os nomes. Eu lembro que fiz peças escritas por William Shakespeare, depois atuei no curta-metragem Ouija e participei do documentário Do Luto à Luta, do Evaldo Mocarzel, além de ter feito trabalhos na TV como a novela Jamais Te Esquecerei, para o SBT, e o seriado Carga Pesada, para a Globo. 


Você é fã do ator Sean Penn. Se baseia nele para compor seus personagens?

AG – Sim, sou fã dele e me baseio não nele, mas no trabalho dele e no seu modo de atuar para formar um personagem.

Qual filme dele você mais gosta?

AG – Gosto mais do I am Sam (no Brasil, Uma Lição de Amor).

Você havia imaginado ser protagonista de um filme? Como o convite foi feito?

AG – Eu não imaginava ser protagonista, não, mas acabei conhecendo o Marcelo Galvão numa entrevista que fiz com a Marília Gabriela, na GNT, e isso aconteceu. Ele também participava da entrevista naquele dia. Depois disso, quando eu já estava em casa, ele me fez uma proposta de participar de um filme dele e eu aceitei na hora!

Como foi participar do filme para você?

AG – O filme é muito bom, muito bonito, trata de sonhos… Era um sonho ser protagonista e ele se realizou.
O filme obteve muitos prêmios, inclusive o especial do Júri, em Gramado.


Esse foi mais um sonho realizado?

AG – Isso já não foi um sonho, foi realidade! O filme ganhou o prêmio especial do Júri, que é muito mais do que ganhar o Oscar! Pra mim, foi maravilhoso e uma experiência muito boa.

Você já trabalhou com ótimos atores, com quem mais gostaria de atuar?

AG – Já trabalhei com Lima Duarte, Leonardo Miggiorin, Juliana Didone, Germano Pereira, Deto Montenegro e outros. Gostaria de trabalhar numa novela com a Didone.

Você fez uma campanha grande para chamar o Sean Penn para assistir à estreia do filme com você, correto? Você gostaria de atuar com ele?

AG – Sim. Como eu vi já os filmes dele, gostaria que ele também visse o meu trabalho e, quem sabe, me dar uma oportunidade de contracenar com ele.

Fale um pouco sobre você, quantos anos tem, quanto tempo é casado?

AG – Eu tenho 32 anos, sou casado e moro com a Rita Pokk desde 2003. Esse ano nós vamos completar 10 anos!

Como foi, para você, participar do filme junto com o seu marido?

Rita Pokk – Foi muito bom e divertido. Uma experiência ótima para mim que sou atriz. Em algumas situações, também foi bem cansativo. Para gravar algumas cenas, tivemos de levantar de madrugada, com frio, vento gelado, mas eu consegui dar conta. Pelos Colegas, eu faço qualquer coisa.

Em quantos trabalhos você já atuou, além do Colegas?

RP – Atuei na novela Jamais Te Esquecerei, ao lado de meu marido, e também participei do documentário Do Luto à Luta, longa-metragem que ganhou o Kikito de Melhor Documentário no 31º Festival de Gramado. Fiz também uma peça com meu marido, uma pequena participação, onde eu era a voz da sra. Capuleto.

O que mais gostou neste filme?

RP – Eu realizei um sonho de ter um dos papéis principais. Também gostei de participar de um dos filmes do Marcelo Galvão e aprendi muita coisa com ele.

Qual seu objetivo agora?

RP – Eu quero continuar sendo atriz e ser conhecida mundialmente. Também quero contracenar com outros atores, como o Murilo Benício, a Giovanna Antonelli, o Selton Mello, a Debora Falabella… ah, e o Antonio Banderas.

Fale um pouco sobre você.

RP – Tenho 32 anos, faço 33 no dia 26 de abril, adoro a natureza, o verde de onde moro, os bichos e tudo o que é relaxante… tenho um gato, o Javier, que mora comigo, e três cachorros, o Toti, que é da minha mãe, a Xena, que é do meu irmão, e a Ladie, que é minha e moram na casa da mamãe. 

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