Com 35 anos de existência no bairro de Perdizes, a Escola Bakhita (antiga Quintalzinho) tem o ensino voltado para as práticas democráticas, onde a criança aprende a pensar, a se posicionar e a ter voz ativa no ambiente onde vive. “Aqui os alunos são os autores, os sujeitos, os protagonistas de suas histórias. Nós defendemos e praticamos isso desde o ensino infantil até o fundamental 2”, diz Franciele Lima, coordenadora do ensino fundamental 2.
De acordo com ela, o conceito aplicado foi embasado numa observação apurada do desenvolvimento infantil e juvenil. “Temos um projeto intenso de formação de professores com supervisão individual e coletiva semanais, onde vamos amadurecendo as ideias, modificando ações… Também realizamos assembleias escolares com regularidade com os alunos, onde debatemos assuntos específicos, elencados por eles, para alinharmos as novas propostas”, afirma.
Os alunos do ensino infantil já começam a praticar a democracia desde cedo nas “rodas de conversa”. A intenção das rodas é compartilhar informações e ouvir cada um dos participantes. Os educadores da Bakhita (palavra de origem árabe que significa felizarda ou afortunada) afirmam que lá a criança tem espaço garantido para falar e se colocar sobre determinado assunto, apresentado a ela em aula.
As “rodas de conversa” acontecem com regularidade em todos os anos letivos, sendo que no final do ciclo (9º ano do fundamental), o aluno recebe orientação, mas já está apto a propor livremente para o grupo projetos de interesse comunitário dentro e fora da sala de aula. “Percebemos que a comunidade não age pelo interesse coletivo. Para se ter ideia, em um de nossos projetos, foi perguntado a moradores do entorno se eles já haviam feito algo em prol da coletividade. Para espanto dos alunos que fizeram a pesquisa, mais de 70% dos entrevistados nunca havia se movido nesse sentido”, declara Rafael Martins, professor de educação infantil e coordenador de tecnologia de informação.
Ele complementa dizendo que as práticas democráticas dão aos alunos o suporte necessário para agir em prol da comunidade e ser mais engajado. Para os educadores da escola, as crianças que aprendem a reivindicar, cobrar direitos, compartilhar e propor ações que incrementam o meio escolar, levarão essa bagagem para toda a vida.