Felicidade vai à mesa

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Aqui ela criou a família e restaurantes que se tornaram referência.

Saída com nove anos da Cunha da Beira Alta, uma aldeia próxima à cidade do Porto, a viagem de navio durou um mês, “mas eu era criança e foi divertida”, recorda D. Felicidade Conceição Bastos no intervalo do almoço no restaurante que tem seu nome e acabou de completar 18 anos de fundação. E para comemorar, no dia 10 de dezembro, aconteceu o lançamento do primeiro dos cinco volumes do livro Dona Felicidade – Receitas, Histórias e Curiosidades. A própria D. Felicidade autografou os exemplares.

Ela faz questão de ir ao restaurante todos os dias… “O que eu ficaria fazendo em casa? Aqui eu me sinto melhor e ainda tenho disposição, graças a Deus!”, responde.

Como o nome pressupõe, D. Felicidade é uma mulher que tem sempre um sorriso aberto para todos. Faz questão de saber como andam as atividades da cozinha, se o salão está arrumado para receber os clientes. É claro que divide toda essa responsabilidade e cuidados com dois de seus filhos, Sergio e Bete, que estão sempre presentes.Dona Felicidade foi casada por 44 anos com o também imigrante português Manoel. “Tivemos uma vida muito feliz”, conta. “Tenho muitas saudades dele”, deixa escapar. O casal teve cinco filhos: José Carlos, Roberto, Antonio, Elisabeth e Sergio, que lhe deram sete netos.

A compra de um bar e empório no Brás foi o primeiro negócio que o casal teve. Surgiu a oportunidade, anos mais tarde, de comprar um outro bar com pequeno empório na Avenida Pompeia. Nascia ali o Pé Pra Fora. Mais tarde foi vendido para os atuais donos, que mantiveram o nome. “Vendemos porque queríamos abrir um restaurante maior e lá o espaço da cozinha e do salão era pequeno. Aí, encontramos este imóvel, que era uma fábrica de papelão. Fizemos poucas modificações no prédio. Criamos a cozinha e os banheiros, basicamente”, resume ela as modificações feitas para abrir o Dona Felicidade.

Cozinhar sempre fez parte da rotina de D. Felicidade. “Nós morávamos na parte de cima do Pé Pra Fora e, quando o almoço ficava pronto, o Manoel subia ou então eu descia com a comida dele e alguns fregueses pediam um prato também. Os bolinhos de bacalhau e alguns outros petiscos já eram servidos no bar e faziam sucesso”, conta ela. O crescimento dos pedidos levou o casal a transferir a cozinha da casa para o bar. E o movimento cresceu. Dos filhos, Bete, Sergio e Toninho seguiram no ramo. Mas a família se reúne sempre, “em torno da mesa, é claro”, diz o caçula Sergio, que acompanha a entrevista.

O Dona Felicidade abriu em 1996. O cardápio tem pratos portugueses e outros com receitas bem brasileiras. Muitas dessas receitas estão no livro lançado. “Não revelo nenhum segredo. São receitas de pratos que servimos aqui no restaurante e que muita gente me pedia”, diz ela modesta.

O livro, segundo Sergio, “é uma oportunidade para homenagear minha mãe e seu talento na cozinha e também para contar nossa história de família”. Fotos, receitas e pequenas histórias formam o primeiro volume. Os outros serão colocados à venda por R$ 29,00 (20% do valor será doado à Abrinq), durante o ano de 2015, e no próximo aniversário a coleção estará completa.

Muitas dessas histórias envolvem os clientes que acompanham a família de D. Felicidade desde os tempos do Pé Pra Fora. Entre eles, D. Felicidade destaca o escritor Mário Prata. “Quando estávamos para abrir aqui, apresentamos os nomes que estávamos estudando e ele, de cara, disse que deveria ser Dona Felicidade. E foi assim que escolhemos o nome”, informa Sergio.

Moradora da Pompeia há anos, D. Felicidade conta que a maioria das pessoas amigas são clientes do restaurante. “Sempre passo pelas mesas para dar um alô aos clientes, muitos deles vieram quando crianças, hoje trazem seus filhos”. E pela disposição dela essa jornada vai durar muito tempo. Para a nossa felicidade! 

Dona Felicidade
Rua Tito, 21
Telefone 3864-3866 e 3679-9129
www.donafelicidade.com.br

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