Após grave acidente, Maxx Figueiredo percebeu que teria dois caminhos a seguir: vitimização ou superação.
Ele escolheu o segundo e hoje ajuda os que mais necessitam vestido de Homem de Ferro. Maxx Figueiredo, diretor de arte, criação e ilustrador transformou suas perdas em compaixão e amor ao próximo. Ele, que sempre teve uma vida ativa e cheia de vitórias, trabalhando nos mais conceituados veículos de comunicação e renomadas agências de publicidade, de repente se viu diante de obstáculos nunca imaginados. Em 2007 sofreu um grave acidente de trânsito na Avenida Sumaré, próximo a sua casa. Ele estava de moto e foi violentamente atingido por um carro. Foram 13 dias em coma, três meses no hospital, uma perna amputada, 12 implantes no braço direito e dois anos de profunda depressão. “Eu podia escolher entre ficar me culpando, culpando as circunstâncias, me vitimizando (que é o caminho mais fácil para muitas pessoas), ou superar o que havia me acontecido e seguir em frente. Eu escolhi me superar”, declara.
Com um longo tempo para pensar após o acidente, Maxx, que também estava enfrentando uma separação na época, foi aos poucos percebendo que deveria se reinventar, sair da depressão, depois da cama, da cadeira de rodas e reaprender a andar, quem sabe com uma perna nova, por que não?! “De repente eu me vi mais como um autômato, um androide, principalmente quando comecei a usar uma perna mecânica, mas decidi me divertir com esse fato. Depois de um período de adaptação, com muita paciência, superando muita dor e sofrimento, comecei a andar novamente. Depois reaprendi a correr e até virei atleta paralímpico”, relata.
Nessa mesma época, já no ano de 2008, o filme “Homem de Ferro” ganhava as telas e o ator Robert Downey Jr., que fazia papel do herói no cinema, começava a ser cada vez mais visto aqui no Brasil. “Eu notei que haviam algumas semelhanças físicas entre eu e Tony Stark, alter ego do Homem de Ferro. Comecei, então, a escutar de amigos e de outras pessoas nas ruas que eu era muito parecido com o personagem. Resolvi tomar posse da identidade do herói brincando com o fato de já utilizar uma prótese e, de certo modo, ser um pouco robô”, diz.
Entre 2008 e 2015, Maxx se reinventou inúmeras vezes. Deu várias palestras motivacionais sobre superação, ilustrou muitos livros utilizando a mão esquerda – que teve de aprender a usar por conta do acidente – e nunca parou de pensar em projetos que de alguma forma ajudassem a transmitir ânimo e que servissem de exemplo para muitas pessoas, fossem doentes, depressivas, tristes ou alegres. Entre esses projetos estava o de comprar uma armadura igual à do Homem de Ferro e fazer visitas a instituições, hospitais, e outros lugares que requisitassem a presença do herói. Essa ideia específica foi amadurecendo e no final de 2014, graças a uma campanha em um site de crowdfunding, ela se tornou realidade. Maxx conseguiu arrecadar cerca de R$ 6 mil para iniciar o que hoje é um de seus trabalhos paralelos. A pediatria do Hospital das Clínicas, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graac) são algumas das instituições de saúde visitadas por Maxx periodicamente. “Como passei muito tempo em um hospital, enfrentando a depressão, a recuperação e a aceitação, eu sei como se sente uma pessoa hospitalizada”, complementa.
Além das instituições, Maxx também faz aparições em eventos e festas infantis vestido como Homem de Ferro. Dia 14, por exemplo, ele esteve presente na pré–estreia do filme “Homem Formiga”, no seu shopping preferido da região, o Bourbon. “Eu adoro o bairro, fui associado do Palmeiras por muitos anos, tenho grandes amigos aqui e costumo frequentar o Sesc Pompeia e o Shopping Bourbon junto com meu filho”, conta.
Perguntado sobre essa sua força interior, Maxx diz que sente ser algo químico que o move sempre para frente. “Em certo sentido, é mais químico, mas dependendo de como as pessoas enxergam, pode ser também espiritual, de algum modo. Vestido de herói, eu tenho o poder de tirar o estado de tristeza de uma pessoa que está acamada, por exemplo, e ajudá-la em sua recuperação. Eu não salvo ninguém, mas levo uma mensagem, uma palavra… e isso também pode ser espiritual porque o herói tem essa capacidade.”
E para quem acha que Maxx já se conformou em ser “só” artista, analista de marketing (trabalho que desenvolve há quatro meses em uma grande agência de publicidade) e Homem de Ferro, ele avisa que tem mais novidades por aí. “Estou finalizando meu livro e pretendo lançá-lo em breve”, revela. O livro já tem um nome provisório escolhido pelo filho do artista: “Maxx, o livro”. Ele conta que já tem alguns textos prontos, mas ainda precisa juntar ilustrações, fotos e arranjar uma editora que queira publicá-lo. “Eu contarei minha história nele”, finaliza.
Sobre o herói
Homem de Ferro (Iron Man, em inglês) é um personagem de HQ, meio homem, meio máquina. Sua verdadeira identidade é Tony Stark, o herdeiro milionário das Indústrias Stark, companhia que fabrica os melhores armamentos militares do mundo. Além de gênio, Tony também é conhecido por ser o maior playboy, conseguindo sempre o que quer. No filme de 2008, após decidir salvar o mundo das armas que ele mesmo criou com uma poderosa combinação entre a armadura e um dispositivo radioativo que substituiu seu coração, Stark ainda se vê envolvido num perigoso jogo de negócios e ambições quando seu braço direito nas indústrias, Obadiah Stane, se mostra um mercenário executivo que coloca seus interesses megalomaníacos na frente de qualquer vida humana.
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