Escritora com mais de 160 livros publicados comemora 30 anos de carreira, lançando uma nova obra e reeditando seu primeiro título.
Com foco no leitor adolescente, a escritora e moradora da Pompeia, Marcia Kupstas, celebra seus 30 anos de carreira lançando a obra “Uma Amizade de Ouro” e reeditando seu primeiro livro “Crescer é Perigoso”, ambos da FTD Educação. “No dia 22 de junho, a partir das 19h, estarei no Colégio Bandeirantes, onde lecionei, para comemorar a data e os lançamentos”, avisa a autora. Ela, que morou por dez anos na cidade de Ubatuba, em São Paulo, agora volta para o bairro, se dizendo apaixonada pelas transformações que está presenciando. “Eu fico fascinada quando ando pelas ruas próximas de casa. Saio fotografando detalhes, como floreiras na calçada, bancos na frente das casas, uma caixa de luz diferente, onde alguém desenhou o Tesla (se referindo ao cientista e inventor Nikola Tesla (1856-1943), famoso por seus estudos sobre o eletromagnetismo)…, enfim, é muito prazeroso morar novamente aqui”, declara.
Marcia conta que sua carreira começou oficialmente em 1986 com o lançamento do romance “Crescer é Perigoso”. Esta obra fez bastante sucesso, ganhando o Prêmio de Revelação Mercedes-Benz e impulsionando na literatura o chamado livro diário. “Vários livros saíram depois do meu com essa mesma ideia do jovem abrir o coração, de falar sobre si mesmo, escrevendo sobre coisas pessoais em um diário.”
A partir daí, Marcia, que até então era professora no Colégio Bandeirantes, começou a receber uma série de convites e passou a se dedicar exclusivamente à literatura – outro romance seu “Eles não são anjos como eu” recebeu o Prêmio Jabuti em 2005, na categoria Juvenil. Hoje, 30 anos depois, ela soma mais de 160 livros publicados e um total de cerca de 1 milhão e meio de obras vendidas. Atualmente a editora Ática está relançando seus primeiros títulos, aos quais denominaram de Coleção Marcia Kupstas.
A escritora diz que entre todos os títulos que publicou, alguns são direcionados para o público infantil e adulto, mas que a maioria deles são mesmo voltados para o público infantojuvenil. Para ela, a juventude atual se diferencia da dos anos de 1980 por uma paixão maior pela leitura. “Acho que, de certa forma, o jovem hoje em dia lê muito mais pelo acesso que tem à mídia eletrônica. Ele manda mensagens eletrônicas, faz pesquisas no google, escreve no facebook… então, mesmo que ele não leia necessariamente o que o adulto quer que ele leia, há uma circulação maior da palavra escrita. Eu fico surpresa ao ver a quantidade de jovens, que se tornam meus amigos no facebook e que depois me dizem que já leram alguns de meus livros, ou outros que citam. Então, podemos achar que a leitura atual está sendo até meio telegráfica, mas há um bastidor hoje muito positivo. Eu sempre fiz uma literatura muito séria para esse público adolescente, e é por esta razão que o jovem se identifica muito com ela”, revela.
Sobre os relançamentos, a escritora comenta que as novas versões foram modernizadas. “Modifiquei as questões técnicas, como por exemplo, dizer que o celular estava descarregado ao invés de dizer que o personagem estava aguardando numa fila de orelhão. Mudei também questões sobre comportamento porque, às vezes, não percebemos que coisas comuns há 25 ou 30 anos se tornaram aberrações – como o fato do professor fumar em sala de aula, ou o trato mais rude de um aluno para com outro…”, explica.
Quanto ao seu modo de trabalhar, Marcia diz que se guia muito por sua inspiração. “Não tenho horário para escrever… e também já estou em uma fase que não aguento mais rotina, destas de trabalhar entre 8 e 18h. Eu diria que trabalho com uma certa ordem dentro do caos… muitas vezes acordo no meio da noite e vou para o computador escrever. Outras vezes fico semanas digitar uma linha, a menos que eu tenho trabalhos encomendados, aí é outra coisa.”
Para a escritora, este aniversário de três décadas agregou três fatores importantes: “a sorte, que me levou a investir na carreira no momento certo (com 29 anos de idade), com livros expressivos para aquele tempo; o talento, que me é inato (desde pequena, já ditava textos para o pai escrever) e que é condição básica para qualquer artista desenvolver sua obra; e a determinação em usar meu tempo para escrever o máximo possível”, destaca.
Sobre o seu último livro “Uma Amizade de Ouro”, Marcia diz que a história foi pensada a partir de um fato desagradável que envolveu ela, sua cadela pit bull e uma vizinha na cidade onde morava, Ubatuba. “Uma vizinha chegou a chamar o Corpo de Bombeiros por achar que minha cachorra (que é um doce) era perigosa”, relata. O caso não deu em nada, até porque a cadela ficou “fazendo festa” para um dos bombeiros que estavam presentes, mas resultou num belo livro para o seu querido público leitor.
Este ano, após o lançamento desse livro no dia 22 deste mês, Marcia pretende trabalhar em sua divulgação, viajando por cidades brasileiras. No mais, a autora quer tirar umas merecidas férias da literatura, a menos que, é claro, que ela se inspire a qualquer momento por algo inusitado. (ND)
Marcia Kupstas
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Foto: Tiago Gonçalves