A mestre em terapia sexual, psicanalista, fisioterapeuta, especialista na área de abusos e de exploração sexual e comunicadora da Rádio Globo, Lelah Monteiro, moradora de Perdizes há 15 anos, fala sobre a importância do sexo para jovens e adultos de todas as idades.
Guia Daqui Perdizes. É verdade que a juventude atual está se desinteressando pelo sexo?
Lelah Monteiro. Sim, existe uma pesquisa mundial que mostra que essa geração de 20 a 30 está muito tecnológica. A principal queixa das mulheres dessa idade é que os maridos chegam em casa, ficam vendo videogame e fazem sexo só uma vez por semana. Esse jovem está deslocando sua intimidade para o mundo virtual), ou fazendo sexo sem vínculo ou afeto… é uma, sexualidade com medo da afetividade e isso é uma loucura, principalmente para as mulheres dessa nova geração, que, como as demais, precisam de carinho. Toda essa tecnologia trouxe muita liberação, e por ser tudo tão mais fácil, tudo foi banalizado. Abriram demais os bonecos e as bonecas e, no sexo, tem sempre de ter uma descoberta, uma conquista…
GDP. Ouvi uma frase que dizia: a mulher se apaixona pelo jeito como ela é tratada. Isso é um fato?
LM. Isso é fundamental! Isso é o que nos salva em qualquer idade. A mulher quando é bem tratada, vê um outro colorido para a vida em qualquer fase ou situação e vale também para as mulheres dessa nova geração, que não podem perder isso.
GDP. O fato do mundo virtual permitir muitas coisas, principalmente o ato de “mandar nudes”, faz com que as pessoas percam o interesse pelo sexo?
LM. Não exatamente. Em alguns casos, o “mandar nudes” até apimenta e faz com que o homem queira um pouco mais. O perigo disso é o onde chega o seu nude. Imagine se algum hacker consegue a sua foto e a distribui. As mulheres têm de ficar atentas… não é preciso tirar foto da genitália ou dos peitos – uma perna feminina com saia, por exemplo, pode ser muito sensual… já para os homens, eu digo: não mande fotos de seu órgão para uma mulher! Quem disse que as mulheres gostam? Não mande nudes disso e na, hora do sexo, por favor, compareça!
GDP. Ainda abordando o mundo virtual, qual é o perigo de se confundir os sentimentos, fazer aflorar o sexo e, depois descobrir que a “pessoa” do outro lado do computador é apenas um perfil falso?
LM. Muitas vezes a pessoa está tão carente que qualquer coisa que aparece, serve. É preciso ficar bastante atento aos sentimentos, não entregar o coração no mundo virtual porque, depois que entregou, fica difícil. Aos pais, digo que é preciso tomar cuidado com os pedófilos online. Aos idosos, aconselho a prestarem atenção aos que só querem dinheiro. Entre em diferentes horários, chame por câmera, marque encontro em lugar público… se a pessoa arranjar desculpas para nunca se mostrar, é preciso recuar e pedir ajuda. Assim como há hackers, há também terapeutas que atendem online.
GDP. Como os pais devem abordar o assunto “sexo” com as crianças e com os pré-adolescentes?
LM. Os pais de crianças e adolescentes devem responder somente o que eles estão perguntando, nem mais, nem menos. É bom trazer a resposta para o linguajar deles e sempre responder dentro do contexto da pergunta… é fundamental ser coerente.
GDP. Até que ponto a bissexualidade, a homosexualidade, o poliamor, e toda a liberação sexual é a plena verdade para um adolescente, e até que ponto isso é apenas uma modinha, na qual tudo pode?
LM. Existe a verdade para uns e o modismo para outros. Posso dizer que a juventude atual pertence a uma geração que está experimentando, entretanto, eles vivem em sociedade e muitas das coisas que estão experimentando não irão se sustentar. O que vale para os pais, então, é o diálogo, o saber ouvir… a melhor coisa pra se falar para um jovem então é: se tudo der errado, volta que eu estou aqui.
GDP. Para finalizar, gostaria que você falasse sobre a importância do sexo para pessoas de todas as idades.
LM. Sexo é vida e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os quatro pilares da saúde integral está o sexo. Ele equilibra os hormônios, inclusive o cortisol (do estresse), abaixa a pressão, faz bem para pele porque provoca uma vasodilatação, faz a troca das células e faz bem para a alma, principalmente quando inclui a afetividade. O sexo é um ato de amor e, até que provem o contrário, todos nós surgimos dele.