O pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP, Antonio Carlos Malheiros, é o interlocutor da universidade com a comunidade. E também atua como voluntário junto a crianças em hospitais.
“Sou um pacificador de conflitos”, assim explica seu trabalho na PUC-SP. “Fui nomeado pela reitora Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery e sou responsável em atender às demandas da comunidade da PUC-SP e também as demandas da comunidade onde estamos inseridos”, diz o professor em seu escritório no Campus Perdizes.
Quando perguntado de como acontece o diálogo entre os moradores da Perdizes, o professor Malheiros explica, “faço parte do Conselho de Segurança de Perdizes e Pacaembu (Conseg) e participo ativamente das reuniões onde vou em nome da PUC-SP. Temos um bom relacionamento com os nossos vizinhos, mas temos limitações. O que os alunos fazem dentro da PUC-SP podemos interferir, mas o que acontece na rua, no entorno da PUC-SP, não é de nossa responsabilidade”, esclarece.
As festas e os pancadões organizados pelos estudantes da PUC-SP, afirma o Dr. Malheiros, “deixaram de acontecer”. Ele diz que realizou um trabalho junto aos estudantes para que “as festas dos alunos da PUC-SP, não afetassem e causassem transtornos aos vizinhos”. E para resolver isso ele conta que quando há uma festa programada dentro da comunidade da PUC-SP, ele também vai. “Fico em um canto assistindo a festa e mando abaixar o som quando está alto! Nunca mais tivemos reclamação da vizinhança!”, afirma.
A PUC-SP presta atendimentos ao público em geral. Atendimento clínico e institucional na clínica psicológica (R. Almirante Pereira Guimarães, 150, Pacaembu, tel. 3862-6070, www.pucsp.br/clinica), o Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns (R. João Ramalho, 295, Perdizes, tel. 3873-3200, escritóriomodelo.pucsp.br) oferece apoio jurídico à comunidade e no Juizado Especial Cível, (tel. 3675-5438, juizadocivel@pucsp.br) atende o público em parceria com o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Formado pela Faculdade de Direito da USP, o Prof. Malheiros assim que se formou abriu com colegas um escritório de advocacia em sociedade. Depois, prestou concurso e entrou no judiciário paulista. Hoje é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Na carreira acadêmica é professor em direito na própria PUC-SP e na Faculdade Rio Branco, na Lapa.
Com tantas atribuições, ainda tem tempo para fazer trabalho voluntário. É um dos contadores de histórias da Associação Viva e Deixe Viver, que ele ajudou a fundar em 1997 e da qual foi diretor. “Não quero lidar com papeladas, já tenho muita papelada para ler e resolver. Gosto do trabalho com as crianças, que me dá muito mais prazer. Toda sexta, das 14 às 16h, estou no Hospital Emílio Ribas lendo e contando histórias para as crianças internadas”, relata.
Essa disposição em ajudar ao próximo, conta ele, “teve início no Colégio São Luiz, onde um professor propôs para minha classe conhecer uma favela. Fui o único a aceitar o desafio. Junto com o professor fui à uma favela, que não existe mais, e ele me entregou uma prancheta e uma caneta e me deu a tarefa: ‘Agora é com você. Entre e anote tudo o que achar que deve ser anotado. Estarei esperando por você aqui na entrada. Fui, com todos os receios de um jovem – lembro que na época não havia tráfico em favelas! Foi um ótimo aprendizado. Conheci uma realidade que desconhecia. A partir deste dia, passei a fazer trabalhos sociais”.
Narra que fez atendimento jurídico e pessoal para moradores de rua, menores abandonados, drogados e outros marginalizados. “Mas o que merece mais atenção são as crianças de rua. Muitas delas estão nas ruas, não por opção e sim porque nas ruas podem fugir da violência que encontram em casa”, alerta.
Ser voluntário, na opinião do professor, “não é tarefa fácil. Quando comecei não havia cursos como têm hoje. Aprendi na própria experiência do dia a dia”.
Entre tantas histórias que conta, destaca o encontro que teve com um jovem drogado. “Consegui que ele se internasse em uma clínica de desintoxicação várias vezes. Até o contratei para trabalhar no escritório de advocacia, apesar da resistência de meus colegas. O rapaz se comportou bem e não me deu trabalho, mas teve recaídas e cheguei a pensar em abandoná-lo. Mas como era ‘meu filho’ – o professor tem duas filhas e um filho, não desisti dele. Hoje, o rapaz é professor da FGV e criou uma ONG para ajudar jovens”, resume a história.
O professor Malheiros nos dá um bom exemplo de que é possível ter tempo para ajudar ao próximo! (GA)