A arte de Ester Góes

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Dona de um talento único, a atriz Ester Góes fala de sua trajetória e sobre a peça “A Estrada para Wolokolamsk” no Teatro Viradalata em companhia do filho Ariel Borghi.

Elegante, com fala clara e pausada, Ester Góes recebeu a reportagem para uma entrevista no início de fevereiro no Teatro Viradalata. Falou sobre o início de carreira, o medo do pai pela opção profissional que a filha escolheu, os trabalhos e prêmios que recebeu no cinema, televisão e teatro e parceria bem sucedida com o filho Ariel tanto na produção como no palco.

A carreira é longa e de sucessos. Ester Góes lembra que quis seguir a carreira quando bem jovem assistiu a uma peça na Água Branca e encantada pensou “nossa parece brincadeira!. É isso que eu quero fazer!”. Cursou artes dramáticas na Escola de Arte Dramática da USP e apesar da instabilidade da carreira, seguiu em frente. “Eu entendo que meu pai queria o melhor para mim. Mas naquela época a gente não pensava ‘onde estarei daqui a vinte anos?’. Aquela geração era apaixonada pela cultura e tudo o que era estabelecido não valia a pena! Buscávamos a espontaneidade”.

A instabilidade da profissão de atriz ela reconhece. “Quando estamos contratada dá uma sensação de estabilidade. Mas se for preciso a gente começa de novo, se reinventa. Hoje, além do meu trabalho de atriz, assumi outras funções para expressar minha arte: produtora, diretora, captadora de patrocínio… Felizmente eu e o meu filho Ariel Borghi temos uma parceria muito legal tanto no palco como nos trabalhos que da nossa companhia. E isso nos dá força para continuar a trabalhar!”.

Esther Góes-Teatro Viradalata01-DPP-FEV-TG Como qualquer pessoa, Ester conta que já teve momentos em que pensou em ‘pendurar as chuteiras’! “Mas para fazer o que? Não conheço nenhum colega de profissão que não passe por estes momentos e tenham desistido. A paixão pela arte é muito maior!”.

A atriz paulistana estreou no cinema em ‘Meu Destino é Pecar” (1952) e outros filmes, entre eles ‘Stelinha’, eleito o melhor filme do Festival de Gramado e Ester foi escolhida como a melhor atriz. No cinema o mais recente trabalho dela é no papel de Risoleta em ‘O Paciente, o Caso Tancredo Neves’, de Sergio Rezende. O filme conta o drama vivido por Tancredo Neves semanas antes de assumir a presidência do Brasil. Ester faz o papel da mulher do político mineiro. “É uma boa oportunidade para conhecer e entender aquele acontecimento e toda a esperança que o Brasil depositava em Tancredo”, indica.

Televisão é outro lugar onde o brilho de Ester sempre esteve presente. Atuou na Tupi, SBT, Globo, Band, Record. Também passou pelo jornalismo e apresentou ao lado de Irene Ravache o TV Mulher. “A mais recente foi Belaventura, na Record”. Na TV a cabo participou de um seriado, ainda inédito, no MultiShow e que apesar da correria, “foi estimulante ensaiar e gravar no mesmo dia, ao vivo, com público!”. diz.

O teatro é o seu espaço preferido e onde ela se realiza. “É uma paixão maior. O teatro é mais trabalhoso e exigente. É o meu território!”, define.

A leitura ocupa seu tempo livre. Moradora de Perdizes desde 1978, conta que passeia pelas ruas do bairro, vai a padaria Nova Charmosa e várias lojinhas da região. O Parque da Água Branca é outro espaço onde Ester passeia”.

Acha que os incentivos para o teatro de texto e grandes musicais deveriam ser mais justos. “10% das produções ficam com 90% dos recursos. É injusto com o teatro de texto e as pequenas produções. Graças a um edital cobramos R$ 20 (inteira) o ingresso em um teatro moderno e confortável. E convido aos leitores para virem nos assistir!” (GA)

A atriz em cena no Viradalata até 14/4 (Foto/Arnaldo Torres/Div)
A atriz em cena no Viradalata até 14/4 (Foto/Arnaldo Torres/Div)

SERVIÇO — A Estrada de Wolokolamsk – de Heiner Müller, Direção de Ester Góes e Ariel Borghi. A peça foi escrita entre 1985 e 1987. O Muro de Berlin construído em agosto de 1961 foi derrubado em novembro de 1989 e separava as duas Alemanhas, a Ocidental (capitalista) e a Oriental (comunista). O texto contribui para a compreensão dos dilemas e contradições do nosso tempo, com especial ênfase no autoritarismo presente nas relações humanas. Müller foi testemunha dos fatos. Elenco: Esther Góes, Ariel Borghi, Marcelo Reis, Jean Dandrah, Leandro Bitar. Temporada de 23/2 a 14/4. Sábado e domingo, às 19h. Ingressos R$ 20 (inteira). Teatro Viradalata, R. Apinagés, 1.387, Sumaré, tel. 3868-2535. (GA)

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