Um arco-íris gigantesco deu novas cores ao viaduto Sumaré. A obra é de autoria do artista Mena e foi feita em novembro em comemoração ao Dia Mundial da Saúde Mental.
A intervenção artística é diferente das que costumamos encontrar pelas laterais de prédios e em muros da cidade. Quem passa pelo viaduto não deixa de notar as cores vibrantes que quebram a monotonia do cinza do cimento e o preto do asfalto da pista. A obra artística tem cerca de 620 m² de extensão, além do arco-íris, complementa o conjunto da intervenção girassóis ilustrativos, flor que é símbolo da campanha pela saúde mental. Segundo os organizadores, “com essa mensagem positiva sobre comportamentos e ações que promovam o bem-estar interno e externo, o trabalho executado por Mena, traz significado da saúde mental e reforça a celebração pela vida”.
O viaduto Sumaré é uma ligação importante entre a zona Oeste e a região da Avenida Paulista. Ele une a Avenida Dr. Arnaldo e a Rua Heitor Penteado, ao lado do metrô Sumaré e cruza as avenidas Sumaré e João Paulo II.
Segundo Mena, “a arte é o meio de trazer ao cidadão a capacidade de se apropriar dos espaços urbanos. O oportunidade de novos olhares, outra forma de habitar no mundo, possibilidades de afeto nos espaços da cidade.” Arquiteto e urbanista formado na Universidade de Belas Arte, Mena têm trabalhos expostos em mostras individuais e coletivas em várias cidades do Brasil e em diversas cidades do mundo.
A intervenção de Mena faz parte da campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero: o diálogo sobre depressão e ansiedade pode salvar vidas”, realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata) e teve patrocínio da Viatris, empresa global de saúde. A campanha coloca o paciente como protagonista de sua própria vida e aborda a necessidade do autocuidado, de se querer bem e da importância da escuta ativa da rede de apoio, sem julgamentos.
A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos é uma entidade civil sem fins lucrativos voltada à necessidade de atender pessoas portadoras de transtornos do humor, como depressão e transtorno bipolar, assim como seus familiares e amigos. Com sede em São Paulo, a associação reúne representantes de diversas universidades e desenvolve múltiplas atividades com o objetivo de levar conhecimento e informação à sociedade sobre a natureza dos transtornos do humor, além de apoiar psicossocialmente os portadores de depressão, transtorno bipolar, seus familiares e amigos.
Entre os problemas causados pela saúde mental estão a depressão e a ansiedade, ambas bem conhecidas pelos brasileiros. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “o Brasil lidera a lista de países com mais casos de depressão na América Latina, e a estimativa é de mais de 11,5 milhões de pessoas sofrem com a doença. E o Brasil ocupa o topo entre os países com população com mais ansiosos no mundo, com quase 19 milhões apresentam transtorno de ansiedade”.
Ainda segundo a OMS, a pandemia vem agravando ainda mais esse cenário que já era preocupante – mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofriam de depressão antes da crise sanitária. Os motivos vão desde o medo de contágio até o sentimento de perda e luto, além do estresse causado pelos efeitos do confinamento. O aumento significativo no número de casos dessas doenças no mundo nos últimos 18 meses fez com que a OMS lançasse recentemente um alerta às autoridades de saúde.
Em recente pesquisa encomendada ao Datafolha pela campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero” reforçou a preocupação da OMS. Das 2.055 pessoas entrevistadas em agosto em 129 municípios das cinco macrorregiões do país, 44% afirmaram que tiveram sintomas de ansiedade ou depressão durante a pandemia. Os mais afetados foram as mulheres (53%), jovens entre 16 e 24 anos (56%), pessoas economicamente ativas (48%), pessoas com alta escolaridade (57%) e aqueles sem filhos (51%). Além disso, 28% apontaram que tiveram diagnóstico de depressão ou outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia de Covid-19, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período.
A depressão pode ser tratada e seus sintomas controlados. Para isso, é fundamental que o paciente assuma o papel de protagonista da sua vida e busque ajuda profissional e com as pessoas com as quais convive e confia. “O primeiro passo é admitir que está doente, que precisa de ajuda. É muito comum a negação do problema nesses casos. A partir daí, é importante se abrir com pessoas da sua confiança e estabelecer um diálogo limpo e construtivo, uma vez que a rede de apoio é um complemento fundamental à abordagem clínica. Sabemos que quem conta com esse suporte costuma ter mais adesão ao tratamento”, reforça a presidente da Abrata, Marta Axthelm. (GA)
Instagram – @mena.011
www.abrata.org.br
*matéria publicada na ed. 287 do Guia Daqui Perdizes Pompeia