Travessa de agitos culturais

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Foto: Gerson Azevedo

Gerson Azevedo
Ocupação urbana transformou um lugar comum em espaço de arte

A travessa Roque Adoglio na Pompeia, se transformou nos últimos anos em um espaço livre para grupos de diferentes correntes que se reúnem em atividades culturais.

A travessa faz a ligação entre a Rua Ciridião Buarque, altura do número 150 e a Dr. Miranda de Azevedo, altura do 1160, na Vila Pompeia. O rio Água Preta foi devidamente canalizado e só se percebe que estamos sobre um leito de um rio em dois pontos. Na extremidade da Ciridião com a travessa é um desses lugares. Uma grade de ferro permite que se visualize o Água Preta. O outro ponto onde o rio pode ser visualizado fica bem no meio da travessa, onde um bueiro foi transformado em uma espécie de poço. Buraco abaixo, se vê a água que corre para desaguar no Rio Tietê, quilômetros adiante.

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Condomínios residenciais e residências ocupam as margens da travessa, mas nenhuma dessas construções têm saída para a travessa. Sinal de que o Água Preta não era querido e foi abandonado. Outros córregos da cidade também passaram por isto.

A travessa tem um quê de caos e poesia. Pelas paredes, pixações, grafites, lambe-lambes com mensagens do tipo “E se sua passagem por aqui for um bilhete único?”, lembra um poeta anônimo. Mensagens com cunho político e de poesia urbana também estão registradas pelas paredes.

Trav.Roque Adoglio-GA (23)

Grafiteiros como Paulo Ito, Senna e outros artistas urbanos têm painéis ao longo da travessa Roque Adoglio. Coloridos ou em preto-e-branco, essas manifestações de arte deixam o espaço bonito e acaba atraindo outros grupos de pessoas que aqui se reúnem para manifestar sua arte ou simplesmente se encontrar. O Casa Ateliê Vi Ella, no meio da travessa é onde artistas da música e de outras artes se reúnem para mostrar seu trabalho em exposições e pocket-shows para o público que aparece.

Nesta época de Carnaval, alguns blocos como o do Água Preta e dos Mascarados da Pompeia, ensaiam e desfilam por aqui.

Trav.Roque Adoglio-GA (5)

Por toda extensão da travessa, existem lugares de descanso como os bancos de alvenaria ou feitos de portas, que provavelmente iriam virar entulho. Tem um pequeno espaço para as crianças brincarem. Esculturas e instalações como o enorme peixe feito de cordas são outras curiosidades que o local reserva para os passantes. Uma  surrada geladeira foi transformada em biblioteca e havia entre outros livros, um de crônicas de Fernando Sabino a espera de um leitor.

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