Deixe sua casa mais bonita

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Deixe sua casa mais bonita

Karina Afonso é arquiteta de interiores. Nascida e criada em Perdizes, fez arquitetura no Mackenzie. Depois de formada, foi para Inglaterra onde trabalhou por dois anos com a renomada arquiteta de interiores Eugenie Van Harinxma. Mais tarde se tornaram sócias com projetos na Europa e no Brasil. Karina também é uma das arquitetas selecionadas da Casa Cor desde 2008. No evento, nestes dois últimos anos, criou ambientes especialmente inspirados na apresentadora Ana Maria Braga e na cantora de axé Claudia Leitte. Nesta entrevista, realizada em seu escritório em Perdizes, a arquiteta conta um pouco de sua história e dá dicas interessantes sobre decoração de interiores, sua especialidade.

Você tem uma ligação bem intensa com Perdizes…
Minha família sempre morou por aqui. Estudei no Colégio Santa Marcelina, desde o jardim da infância até o colegial, e sempre morando por aqui na Rua Monte Alegre. Quando eu fui fazer arquitetura no Mackenzie, achava longe porque aqui eu caminhava apenas um quarteirão.

Qual foi a razão para você ter optado pela arquitetura?
Meu pai é engenheiro-civil e eu sempre quis ser engenheira. Uma prima minha advogada que falou que achava que fazer arquitetura seria mais interessante. E até então eu nunca havia pensado nisso. Resolvi estudar arquitetura e fui em frente.

Antes de seguir para Londres, o que você fez por aqui?
Trabalhei em alguns escritórios aqui em São Paulo. Formada, fui para a Inglaterra passar uma temporada e decidida a trabalhar por lá na minha área. Levei meus trabalhos que tinha para mostrar para o pessoal de lá. No segundo dia que eu estava em Londres, fui procurar trabalho e encontrei a loja da Eugenie Van Harinxma, arquiteta de interiores bem conceituada em Londres. A loja dela era no térreo e o escritório no andar de cima. Entrei e encontrei a Eugenie pessoalmente. Conversamos e dias depois estava trabalhando com ela.

Ficou trabalhando legalmente?
Eles têm lá o Riba, que seria o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) deles. O meu diploma tinha validade e eu pude trabalhar sem problemas. É claro que tem profissões que não tem a mesma facilidade: advogado, por exemplo. Mas na minha área eles facilitam.

Quanto tempo você ficou em Londres?
Foram dois anos e três meses. Nesse período com a Eugenie, cheguei até a administrar e coordenar o escritório dela. Hoje nós somos sócias e formamos uma família. Ela adora o Brasil e o nosso jeito. Ela é uma pessoa muito aberta e tudo fica mais fácil. Quando conseguimos um trabalho de consultoria aqui em São Paulo, resolvemos nos associar. Voltei para São Paulo no final de 2005 e no ano seguinte abri meu escritório.

Por que você partiu para decoração de interiores?
Desde quando me formei eu já trabalhava mais com decoração de interiores do que em projetos de casas. É claro que eu faço arquitetura também. Atualmente, tenho três projetos de casas em andamento. Nestes casos farei da construção até a arquitetura de interiores. Tudo faz parte do projeto, até o último vasinho de planta.

E como você foi participar da Casa Cor?
Fui selecionada e convidada por um comitê depois de analisarem meu portfólio. Em 2008, quando entrei, eram cinquenta ambientes e setenta e poucos arquitetos. Hoje, a Casa Cor cresceu e na última edição eram cerca de 160 ambientes. Aumentou e muito. Eu até preferia quando era menor. Hoje eu acho que caiu um pouco o padrão por conta do grande número de ambientes e arquitetos envolvidos. Mas ainda é um evento importante e que dá uma boa projeção ao meu trabalho de arquiteta.

Na Casa Cor é você quem decide o que vai apresentar?
Você pode projetar e executar o que quiser. Tem muito fornecedor de produtos que quer participar e o arquiteto pode criar o que quiser. É claro que quando você faz um projeto para um cliente, o projeto de arquitetura ainda é seu, mas sempre temos que levar em conta o desejo dele. Na Casa Cor o espaço é do arquiteto e ele faz o que quer sem interferências.

Como foi fazer ambientes para Ana Maria Braga e Claudia Leitte?
A Casa Cor sugere alguns ambientes para você criar. No mapa do evento, você escolhe o que gostaria ou quer fazer, mas são eles que decidem qual será o seu espaço. Nem sempre é a sua opção preferida. Mas foi muito divertida a experiência. A Ana Maria Braga é uma pessoa ótima, assim como a Claudia Leitte. Elas foram ótimas e muito simpáticas. A Ana fez um dos programas dela diretamente da Casa Cor, no ambiente que eu criei para ela. Foi muito legal. E a Cláudia Leitte é uma gracinha de pessoa.

Fazer projetos para celebridades é muito diferente?
Não muito diferente. A gente sempre precisa conversar antes com o cliente para conhecê-lo. Fico sabendo do ele gosta ou deixa de gostar. E aí com minha experiência vou criando o espaço.
Que dicas você dá para escolher um profissional?
Primeiro você precisa se identificar com o trabalho do profissional, conhecer e gostar do trabalho do arquiteto. Depois, é preciso que você se identifique com o arquiteto. Eu diria que é quase um casamento. Eu tenho muitos clientes que até viraram amigos de tão boa que é a nossa relação. Entre o cliente e o arquiteto há uma grande convivência por um certo tempo. Quando vamos escolher os móveis, tecidos, cor de parede, enfim, muita coisa. Sempre temos que fazer reunião para decidir e acompanhar o projeto. É preciso que os dois se entendam.

Como flui o seu relacionamento com os clientes?
O cliente pode muitas vezes deixar para você a decisão de escolher tudo. Entrega a chave e pronto. Outras vezes, ele quer acompanhar tudo e isso é normal também. Gostam de ir às lojas, essas coisas. Antes eu entrevisto o cliente para saber o máximo sobre o que ele vai querer. Faço um estudo das necessidades dele. Vou sentindo o que ele deseja e os espaços que ele quer. Na verdade, tudo o que ele sonha. Minha função é filtrar e fazer a coisa acontecer. E muitos desses projetos acabam virando matérias em revistas especializadas. Eles ficam, na maioria das vezes, muito contentes.

Qual a decoração que você mais gosta?
Gosto de uma decoração clássica. Ela, geralmente, é eterna. Gosto muito dos tons neutros. Mas também gosto de misturar o clássico com o moderno que torna os ambientes mais aconchegantes. Agora, com o verão, a gente pode brincar com as cores, com almofadas, flores, objetos coloridos e também pintar a parede, que sempre é fácil.

Qual é o estilo brasileiro de decoração?
Acho que temos é uma mistura de estilo. Não consigo definir um estilo brasileiro. Vivemos uma época muita globalizada em matéria de decoração de interiores. Temos aqui o que tem em todo o mundo. Não deixamos a desejar em nada. Lá fora, o básico é o top e geralmente custa menos. Aqui temos muitos impostos e tudo fica mais caro.

O que você leva em consideração quando vai fazer um projeto para um cliente?
Não tenho o poder de dizer o que o cliente deve ou não ter na casa dele. Meu papel é orientar de maneira comprovada. Tenho o conhecimento e sei o que funciona ou não. Se o cliente quer uma determinada coisa que ele gosta e que eu não concorde, a decisão final é dele.

Você faz uso de feng shui?
Eu adoro. Tenho até uma consultora de feng shui que trabalha comigo em alguns projetos. Ela diz que feng shui é energia. Ela não interfere no meu trabalho. Se o cliente gosta, você tem que estar preparado para oferecer. Geralmente o cliente pede e eu sugiro a profissional.

Como você define o que é uma moradia?
A melhor definição é você gostar de chegar na sua casa. Gostar de estar em casa é o que faz a moradia ser ideal. Eu sempre falo para meus clientes que decorar a casa é um ótimo investimento porque você investe em você. Seja em casa ou no trabalho, ter um ambiente agradável faz bem à alma. Você vive melhor.

Misturar estilos dá certo?
Acho que o ambiente precisa ser acolhedor e ter harmonia. Só moderno pode ficar frio. Só clássicos pode ficar pesado. Gosto de misturar estilos e funciona. Torna o ambiente aconchegante.

O que não pode faltar em uma casa?
Um bom sofá. É onde você descansa e recebe as pessoas.

E a televisão?
Hoje eu acho que os ambientes devem ser integrados. Hoje em dia a TV tem outras funções. Em uma festa, um DVD também pode ser um atrativo.

Você gosta de Perdizes?
Tenho escritório e moro no prédio ao lado. E agora vou ganhar a Gal, minha primeira filha. Minha família também mora por aqui. Gosto de caminhar pelo Parque da Água Branca, vou ao Bistrô, aqui ao lado. Faço muita coisa a pé. E futuramente vou precisar das escolinhas para a minha filha Gal.

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