A mãe de|um brasileiro

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A mãe de um brasileiro

A família de Roma Pytowski saiu da Romênia em 1948 para fugir das dificuldades e dos horrores que a segunda guerra provocou em toda a Europa. Antes de chegar ao Brasil em setembro de 1959, a família morou na Argentina por 10 anos, onde a jovem concluiu o segundo grau em um colégio tradicional.
No Brasil, prestou vestibular para Farmácia Bioquímica na USP. Ano do Golpe Militar no Brasil, 1964 também foi o ano em que a personagem dessa edição se formou na universidade paulista, mas a experiência da guerra insana marcada pelas atrocidades, dá uma espécie de blindagem a outros horrores sociopolíticos.
Roma Pytowski escolheu o bairro de Perdizes para morar quando chegou ao Brasil. Casou-se com Silvio Negrete, paraguaio, médico e socialista revolucionário, que lutou como oficial no Paraguai na década de 40.
Mãe de Vitor Negrete, alpinista e montanhista brasileiro que morreu quando fazia a descida do Monte Everest em maio de 2006 depois de ter alcançado o cume sem oxigênio suplementar, Roma conta que o filho era uma pessoa muito feliz e especial, muito alegre e fazia o que gostava. “Pensei que jamais me recuperaria de tamanha dor e ainda é muito difícil”, revela.
Há 20 anos no bairro, Dra. Roma, como é mais conhecida pela comunidade, responsável por uma tradicional farmácia de manipulação localizada na esquina das ruas Tucuna e Tavares Bastos, resume dizendo que só quem é mãe é que pode avaliar o sentimento de saudade que ela traz no coração. “Meu filho sempre me estimulou a escrever um livro e então depois de dois anos da tragédia eu resolvi fazer as minhas notas. No começo foi muito difícil, eu só chorava, mas depois assimilei as histórias porque são tão felizes e a certa altura da redação, eu já me sentia melhor e já conseguia sorrir de muitas coisas que passamos juntos. É um livro sobre a biografia do Vitor comigo, é a história de nós dois”, define.
“O único brasileiro nato da família é o nosso Vitor”. Com essas palavras Dora Pytowski, avó de Vitor Negrete, se referia ao neto querido. Para nós, irmãos de Pátria, fica a certeza que Vitor Negrete levou a bandeira do Brasil para muito alto, no pico da montanha.

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