Vida entre as letras

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Vida entre as letras

Você já deve ter ouvido falar de Tatiane Bernardi. A publicitária que tornou-se escritora já é autora de quatro livros – A Mulher que Não Prestava (Panda Books), A Menina da Árvore (Moderna), Tô com Vontade de uma Coisa que Eu não Sei o que É (Panda Books) e A Menina que Pensava Demais (Seoman) – além do livro A Vaca, que ainda está em produção. Ela também escreve para a televisão e já foi roteirista para as séries Dicas de Um Sedutor e Aline e é roteirista do programa Amor & Sexo, todos da Rede Globo. Para revistas, já escreveu para a TPM, VIP e atualmente colabora para a Alfa Homem. E é redatora para muitas agências de publicidade de São Paulo. Seus textos são divertidos e cativam especialmente as mulheres, que costumam se identificar muito com as aventuras e pensamentos de Tati Bernardi, como ela é conhecida. Nessa entrevista via e-mail, ela nos conta um pouco sobre sua história, como tem as ideias para os seus textos e ainda dá alguns conselhos.

Você é publicitária, mas quando percebeu que queria ser mesmo era escritora?
Sempre escrevi, desde criança. Meus diários eram pequenos pra tudo o que eu queria colocar pra fora. Assim como a publicidade acabou sendo depois: pouco. Sempre soube que queria escrever, achei que a propaganda me saciaria, mas 30 segundos em um comercial ou duas linhas em um anúncio não suprem essa carência de querer contar coisas. Agora a propaganda virou “mais conteúdo”, tem muita gente contando histórias, então talvez eu pudesse voltar pra ela. Mas ainda prefiro livros e roteiros pra TV.

Quando você resolveu que queria ser escritora profissional, já começou a pensar em um livro logo no início ou os livros vieram depois?
Eu nunca parei pra pensar num livro. Eu junto os textos que escrevo diariamente, as histórias, as anotações, e os livros saem naturalmente.

Como é seu processo de criação de um texto? O que te inspira?
Escrevo todo dia, o tempo todo, tudo me inspira, mas principalmente as pessoas.

Sempre gostou de escrever?
Desde antes de eu saber escrever.

Esse seu gosto por escrever vem de família? O que você acha que te influenciou?
Não, ninguém na minha família escreve. O que me influenciou foram as aulas de literatura e os primeiros livros bons que li, como os da Clarice, Machado de Assis, …

Você já tem quatro livros publicados. Como surgiu a ideia de cada um?
Não surgiu, foram surgindo. Um pouco por dia. Escrevo sobre o que eu sinto, não tem muito mistério e nem planejamento e muito menos “grande ideia”.

Foi difícil ter seu primeiro livro publicado?
Não, recebi o convite de todos os livros que publiquei, nunca fui atrás de nenhuma editora.

O que a personagem Joana, do seu livro A Menina Que Pensava Demais, tem a ver com você?
Tudo. Sou eu pequena. Com a diferença que meus pais são bem mais legais do que os pais da Joana. Algumas coisas eu minto só pra provocar as pessoas.

Como surgiu a ideia de escrever o livro A Vaca e disponibilizá-lo na internet?
Tentar ganhar algum dinheiro livre das editoras e livrarias que ficam com mais de 90% da venda de um livro. Tentar aproveitar meus 93 mil seguidores do twitter pra fazer um livro comigo. Fazer algo diferente!

Quem contribui para o seu livro pode até fazer comentários. Não é mais difícil escrever com tantas “vozes”?
Não, eu estou filtrando tudo o que me mandam. Só uso o que me serve.
Muitas mulheres tem uma identificação muito forte com o seu texto. Por que você acha isso?
Porque escrevo com sinceridade e simplicidade sobre as delícias e dores de ser mulher.

Como você começou a escrever para a TV?
Participei da oficina de roteiro dentro da Globo.

Em Dicas de um Sedutor, da Rede Globo, você usava histórias que tinham acontecido com você?
Sim, todo meu trabalho, seja pra TV ou livros ou cinema ou publicidade, é sempre inspirado na minha vida.

Você foi roterista da série Aline, da Rede Globo. Era difícil escrever sobre a vida bígama da personagem principal? E como era a aceitação?
Não, escrever Aline foi uma delícia. Não conheço uma pessoa que não gostasse do programa.

Você também é roteirista do Programa Amor e Sexo. Como você vê essa discussão sobre sexo em TV aberta e num canal com tanta abrangência?
Por incrível que pareça a Globo, até hoje, recebeu bem todas as piadinhas de sexo que fiz em roteiros. Mas a liberdade ainda é maior na TV fechada.

Você escreve muito sobre relacionamentos. É fácil para você expor seus sentimentos?
Pra mim é facílimo, pra quem está perto de mim é que quase sempre complica.
E muito sobre humor também, você é daquelas mulheres que gostam de ver o lado engraçado da vida?
Sim, viver é tragicômico!

Você acha que as pessoas estão mais dispostas a discutir seus relacionamentos?
Sim, a internet está deixando as discussões cada vez mais abertas e quentes.

E mais abertas a falar de sexo?
Sim, cada vez mais.

Te comparam muito com as personagens Bridget Jones, do livro O Diário de Bridget Jones, de Helen Fielding, e Carrie Bradshaw, da série e livro Sex and the City. Como você vê essa comparação?
Acho as adaptacões delas para TV e cinema muito boas e fico feliz. Mas não gosto do livro delas. Sou bem melhor que os livros.

O que você gosta de fazer pelo bairro?
Caminhar, ir a padarias, ver lojinhas, levar minha cachorra tomar banho, visitar amigos, alugar DVDs.

Faz tempo que mora por aqui? Como chegou em Perdizes?
Moro aqui há dez anos. É um bairro muito próximo a tudo o que eu quero fazer.

Que lugares você indicaria para as pessoas frequentarem, que tenha pessoas interessantes de se conhecer?
Festas de amigos e apenas isso. O resto é ir pra dançar e se divertir, mas conhecer pessoas “no escuro” sem a indicação de um amigo quase sempre é bem estranho. Adoro restaurantes, porque não tenho mais saco para bares e baladas. E adoro ir a shows de rock indie. Vou a quase todos. Sempre tem gente interessante.

Você tira personagens e histórias de pessoas ou situações que acontecem pelo bairro?
Olha, ainda estou um pouco obcecada por mim. Mas quando eu crescer quero escrever sobre os outros sim.

Com esse sucesso todo, você recebe muitos pedidos de conselhos amorosos?
Todo santo dia.

E profissionais?
Todo santo dia. rsrs

Além do livro, tem mais planos para o futuro, algum programa?
Quero escrever teatro e cinema.

Você ainda está solteira? É difícil ser solteira em São Paulo?
Ser solteira não é nem fácil e nem difícil. É apenas uma fase em que não apareceu nada que valesse a pena ou até apareceu mas não deu certo. São Paulo tem tantas opções culturais e de trabalhos que nem percebo que sou sozinha… quer dizer, quando vou jantar com vários casais eu percebo.

Quais as dicas que você dá para as solteiras?
Para quem tiver mais de 30 anos: vá em festas de amigos. Esqueça a balada. E não tenha pressa, continue sonhando com algo muito bom.

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