O maestro da Águia de Ouro

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Mestre Juca, com simpatia, comanda a bateria da Águia de Ouro e seus 250 ritmistas

Prestes a comemorar 25 anos à frente da bateria com 250 ritmistas da Águia de Ouro, Mestre Juca promete um desfile para trazer o título de campeã para a Pompeia.

Em 2016, a Águia de Ouro leva para a avenida o enredo “Ave Maria Cheia de Faces”. A escola de samba nasceu em 1976 na Praça Dr. Vicente Tramonti Garcia, na Pompeia, quando o pessoal se reunia após os jogos de futebol para fazer um samba.

Armando Guerra Junior, o Mestre Juca, como é mais conhecido, tem uma relação de amor com a escola que tem mais de 37 anos. Quando não está comandando os 250 ritmistas, Juca (que ganhou o apelido na infância por conta da famosa bala Juquinha que sempre tinha nos bolsos!) dá expediente na Secretaria Municipal dos Esportes. É casado, tem dois filhos e duas filhas e é avô de duas netinhas. “Sempre morei na Vila Anglo Brasileira.”

A Águia de Ouro será a terceira escola a desfilar no dia 5/2
A Águia de Ouro será a terceira escola a desfilar no dia 5/2

Ele recorda que, durante muitos anos, os baixos do Viaduto Pompeia serviu de sede e de barracão para os ensaios da Águia. Muitas chuvas e enchentes causaram grandes prejuízos à escola de samba até que, em 2011, a escola conquistou a atual sede na Marginal Tietê, com toda a estrutura que é necessária para seus ensaios e fábrica de fantasias.

Nos últimos carnavais, a Águia tem ficado entre as quatro primeiras escolas do Grupo Especial. Deixou de ser uma promessa. E Mestre Juca, seu diretor de bateria, é um dos personagens que mais representa a escola nascida na Pompeia. Para ele, a bateria é “a alma da escola de samba”. A ligação de Mestre Juca com a Águia de Ouro vem desde 1980, quando desfilou pela primeira vez na Águia tocando caixa, e desde 1992 é quem comanda os ritmistas da escola.

Mas Juca vai além da batucada. Em parceria com Douglinhas, Cuca, Pelezinho e Ivanzinho, ele conseguiu emplacar, mais uma vez, o samba que a escola vai levar para a avenida este ano. Está feliz por que seu samba “foi bem aceito por toda a escola”, afirma.

O enredo “Ave Maria Cheia de Faces” vai falar de todas as Marias, avisa Juca. “Não é um enredo religioso. Vamos falar de religião, é claro, e para isso, já temos a autorização da Cúria Metropolitana da igreja católica. Em 2000, foi preciso substituir a estátua da Pietà por uma índia para não criar problemas com os católicos”, lembra ele. “Em 2016, Maria vai representar todas as mulheres.”

Nessa ópera a céu aberto que é o carnaval, Mestre Juca sabe da importância da bateria em um desfile, da harmonia das alas e de seus componentes. “A bateria é quem mais tempo fica na passarela. São 15 a 20 minutos parados no recuo e não podemos cometer erros. É preciso manter o ritmo de acordo com o samba-enredo”, diz.

Mestre Juca e Cinthia Santos, rainha da bateria da Águia de Ouro (foto: Divulgação)
Mestre Juca e Cinthia Santos, rainha da bateria da Águia de Ouro (foto: Divulgação)

Para manter a bateria sempre afiada, a Águia de Ouro forma seus ritmistas. “Todos os anos, quando recomeçamos o trabalho, recebemos novos interessados de compor a bateria. O candidato escolhe o instrumento e, se ele se sai bem, passa para outras etapas até ser aprovado para a nossa bateria. Mas para aqueles que não são aprovados, a Águia oferece fantasia e eles saem em alas da escola. O importante é participar do desfile”, explica.

Um diferencial da escola da Pompeia, para Juca, é a valorização da comunidade. Segundo ele, “acredito que hoje mais de 90% dos que desfilam na Águia é formada por gente que vem aos ensaios e participa das atividades da escola durante o ano todo. Um vem e traz amigo ou parente e assim formamos a escola. Queremos chegar aos 100%. E com os últimos resultados, acho que estamos no caminho certo!”

Qual é a diferença entre o carnaval de São Paulo e Rio de Janeiro? Para Juca, antes, as baterias das escolas cariocas “eram mais ritmadas, suingadas, enquanto as paulistanas, mais rápidas. Hoje, se igualam na velocidade, mas mantêm suas características próprias”. Nas fantasias, ele compara que as de São Paulo usam materiais mais baratos, mas conseguem o mesmo efeito plástico que as escolas do Rio.

Reconhece que “eles têm mais dinheiro e o desfile do Rio é mais conhecido por todo o mundo, sem dúvida. Mas nosso carnaval não fica devendo nada pra ninguém”. E lembra que “ganhamos em matéria de organização. E isso é mérito das escolas paulistanas”, afirma.

A Águia de Ouro tem uma ligação muito próxima com a colônia japonesa. No desfile de 2015, o Japão foi enredo da escola e para cá vieram vários contêineres com material produzido no Japão que virou alegoria no desfile. Anualmente em agosto, um grupo de integrantes da Águia, incluindo Mestre Juca, viaja para lá para participar do carnaval que acontece no bairro de Azakuzá, em Tóquio. “Eles adoram nosso carnaval. O desfile deles tem cerca de 13 escolas e é formado por japoneses que fazem questão de cantar samba em português”. Nossa princesa de bateria é uma japonesa e ele garante que “tem samba no pé!”

Para Juca, o trabalho social da Águia de Ouro, que envolve crianças e jovens, é outro ponto que une e fortalece a comunidade. No desfile de 2016, a escola será a terceira a entrar no sambódromo do Anhembi na sexta-feira, dia 5 de fevereiro. Com certeza, com a proteção de Maria, vai em busca do campeonato!

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Fotos – Tiago Gonçalves

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