Cildo Meireles é destaque no Sesc Pompeia

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Artista contemporâneo com carreira internacional, o carioca Cildo Meireles volta a expor suas obras no Brasil depois de 20 anos de ausência e o Sesc Pompeia foi o espaço escolhido para a mostra Entrevendo.

A mostra reúne 150 obras, do início da carreira do artista em 1960, até os dias atuais. Para dar forma às suas ideias, Cildo Meireles faz uso dos mais diferentes materiais e suportes. Muitos desses trabalhos estão sendo expostos no Brasil pela primeira vez. A curadoria da exposição ficou a cargo de Julia Rebouças e Diego Matos.

Cildo explora e nos convida em algumas instalações a usar nossos sentidos. Pelo tamanho, pela criatividade, os materiais que utiliza nas obras – desde cartuchos e projéteis de verdade, ossos bovinos, hóstias, velas e outros elementos. A obra Entrevendo (1970-1994), que dá nome à exposição é um enorme túnel de madeira com um ventilador ligado e o visitante recebe uma pedra de gelo (doce ou salgada) e caminha ao encontro do ventilador no fundo do túnel. O artista só usa material verdadeiro em todas as instalações expostas. Amerikka é a única exceção são os ovos de madeira pintados de branco e o visitante pode caminhar, tocar, deitar. Em Missões – Como construir catedrais (1987-2019) são milhares de moedas em um círculo central e ossos bovinos (3 toneladas) no teto e uma fieira de hóstias ligando os dois pontos.

Olvido (ossos e notas de dinheiro)(foto/Divulgação/Everton Baladin)
Olvido (ossos e notas de dinheiro)(foto/Divulgação/Everton Baladin)
Cildo em 0-9 (1966), uma grande quantidade de metros de madeira alinhados e numerados. Em Olvido (1987-1989), ele criou uma cama de ossos bovinos, uma tenda coberta com notas de dinheiro e uma parede com mais de 70 mil velas cercam a obra. Em cada obra há um monitor – alunos de artes plásticas recrutados pelo Sesc Pompeia — à disposição do visitante para prestar informações sobre a obra e o artista. É preciso observar as obras de seus vários ângulos.

Desde suas primeiras obras desenvolvidas em desenho, que datam de 1963, até o presente, Cildo Meireles tem engendrado uma produção tão diversa quanto rica, em que proposições conceituais e sua materialização formal se dão em complexa simplicidade. De maneira análoga, as relações entre forma e conteúdo, poesia e política, abstração e figuração engajam de maneira abrangente o público com a experiência artística. Os trabalhos desdobram-se em distintos suportes, sendo amplamente reconhecido por suas instalações, mas também fazendo-se notar por sua obra em desenho, escultura, pintura, trabalhos sonoros, performances, entre outros.

Moinhos -- Como construir catedrais (Divulgação/Carol Mendonça)
Moinhos — Como construir catedrais (Divulgação/Carol Mendonça)
A exposição busca elaborar a multiplicidade de acepções da ideia de sentido na obra de artista: modalidade de sensações (tato, visão, olfato, paladar, audição), a faculdade de compreender, perceber; tino, senso; pontos de vista; direções, orientações de movimento; significados; alvos, fins, propósitos, o que parece englobar não apenas aspectos conceituais e teóricos concernentes à obra do artista, mas também distintos suportes e linguagens. Os jogos semânticos e as distintas camadas de percepção, sensação e entendimento são caros ao artista, que com sua produção promove imediato engajamento do público e ao mesmo tempo o envolve numa diversificada trama de possibilidades de experiência. Além das grandes instalações, a mostra também apresenta telas do artista. (GA)

Entrevendo, exposição de Cildo Meireles, até 2 de fevereiro de 2020, Sesc Pompeia, Rua Clélia, 93, Pompeia, Telefone 3871-7700, www.sescsp.org.br/pompeia

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