A Escola de Samba Mancha Verde conquista pela primeira vez o título do Carnaval de São Paulo com enredo inspirado na África. Nesta edição entrevistamos Jorge Freitas, carnavalesco da escola e dono de 8 títulos no Carnaval paulistano.
Fluminense de Nova Friburgo foi lá que Jorge levado pelo pai conheceu o samba e iniciou seu amor pelo Carnaval. “A primeira escola é a Unidos da Saudade, que é roxo e branco e é da família do Benito di Paula. Depois fui ao Rio e conheci outras, e a escola que tenho no coração é a Portela. Trabalhei e ganhei campeonatos pela Arranque de Engenho de Dentro, Santa Isabel e outras”.
Ele que chegou à São Paulo quando o Carnaval paulistano passava por uma grande renovação e muitos cariocas vieram para cá. “De todos que vieram para cá estou eu e mais um ou dois!”, contabiliza.
Comparando o Carnaval entre Rio de Janeiro e São Paulo, Jorge diz que “sempre vai ser preciso ter diferença, porque senão um deles vai acabar!”. Para ele, o Rio tem mais glamour enquanto que São Paulo tem um gigantismo e “tem um profissionalismo absurdo. A começar pela passarela. Aqui podemos levar alegorias com até 17 metros de altura, lá no máximo 9 metros. Aqui as pessoas gostam de usar mais roupas e há uma diferença entre as pessoas e a cultura de cada uma das cidades”, explica. Para ele, São Paulo não deve nada ao Rio em matéria de escolas de samba, profissionalismo e de Carnaval.
Ele contabiliza que dos 19 desfiles de campeãs que esteve presente nos últimos anos aqui em São Paulo, “Em oito, desfilei como campeão e seis como vice!”. E o mais recente aconteceu no dia 9 de março com a campeã Mancha Verde.
A escola de samba que tem sede na zona Oeste de São Paulo, surgiu dentro da maior torcida organizada do Palmeiras e em 1995 participou do desfile como bloco carnavalesco. Em 2000, como escola de samba desfilou nos Grupos 3 e 2 da UESP e chegou ao Grupo de Acesso em 2003. Com a vitória em 2004 ingressou no Grupo Especial e no primeiro desfile ficou entre as maiores em 12º lugar. Até então, tinha chegado ao 4º lugar nos desfiles de 2010, 2011 e 2012. Este ano, com o enredo “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra” foi sagrada a campeã do Carnaval 2019 com 270 pontos. A Mancha desfilou com 3 mil componentes e 5 carros alegóricos. Teve nota 10 na maioria dos quisitos e uma nota menor em evolução. O presidente da Mancha é Sergio Serdan desde a fundação.
Para Jorge, o primeiro campeonato da Mancha Verde é muito importante . “Sei que no ano que vem a nossa responsabilidade aumenta. Não basta ser bom é preciso ser melhor sempre e trabalhamos para isso. Todos os integrantes da Mancha estão cientes. Somos a campeã de 2019! E as outras escolas vão querer ganhar da campeã, certo? E ganhar sempre é muito bom! Sempre!”, lembra.
Jorge explica que aplica sua experiência como professor e maestro nas escolas de samba onde trabalhou e também na Mancha Verde. “Aqui o que tem que prevalecer é o grupo! O objetivo é ganhar e todos querem. E eu sou um espelho, estou sempre motivando, trabalhando aqui com a comunidade. O perfil dos integrantes de uma escola de samba mudou nos últimos anos. Você precisa ser um grande motivador e é a base do meu trabalho e muito disso vem da música”, explica.
Como foi a vinda para a Mancha? Jorge conta que “O Paulinho [Serdan, presidente] é meu amigo de anos e em janeiro de 2018 me convidou por ter certeza que poderia bancar meu projeto. O Serdan é um gestor nato e temos aqui uma das melhores estruturas entre as escolas de samba. E o integrante da escola, quando percebe que a direção trabalha por ela, cria uma maior identificação. Aqui tem paixão!”
Com contrato renovado para 2020, “A minha permanência aqui na Mancha foi decidida antes do desfile e do campeonato”, avisa. Jorge já está pensando no próximo desfile. “O desfile de 2019 já passou. Agora é pensar no que faremos em 2020!”. Para isso conta com uma equipe profissional que neste ano recebeu o reforço de dois filhos Vinicius e Tayane que já passaram por outras escolas incluindo a Águia de Ouro e “ficaram comigo neste ano. Mas tem escolas sondando eles”, diz orgulhoso do sucesso dos filhos e a renovação que sempre incentivou.
Jorge lembra que todas as escolas de samba de São Paulo têm escolinhas de ritmistas, passistas e sambistas e é um diferencial para que o Carnaval daqui sempre tenha renovação! (GA)
Escola de Samba Mancha Verde, Avenida Norma de Luca, 550, (ponte Julio de Mesquita), Telefone 3222-2687, www.manchaverde.com.br