Maestro do inusitado

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Uma orquestra de cegos que
faz a trilha sonora de filmes mudos e uma outra formação de músicos de
rua que foram reunidos e passaram a se apresentar em palcos pelo Brasil
e pelo mundo. À frente desses músicos está Livio Tragtenberg, maestro
autodidata e morador de Perdizes.
Livio é filho do sociólogo
Maurício Tragtenberg e da atriz Beatriz Tragtenberg e, desde os 13
anos, vive para a música. Ele deixou o colégio e aprendeu música
sozinho. O piano é seu instrumento preferido de trabalho. Já tocou em
bares, mas viu que não era sua praia. Sua capacidade em juntar músicos
tão diferentes o tornou um maestro peculiar. Seu trabalho já foi
apresentado até no Museu do Louvre, em Paris. Aqui, ele se apresentou
no Theatro São Pedro, Sesc Pompeia, Cinemateca Brasileira e outros
palcos. Aliás, faz questão de frisar que sem parcerias como a que tem
com o Sesc, “meu trabalho não seria possível”.
Livio largou a escola
antes de completar o ensino médio e nos tempos de Colégio Equipe foi
colega de classe dos Titãs Marcelo Fromer e Branco Melo e dos cineastas
Roberto Moreira e Tata Amaral. Seu primeiro trabalho como profissional
foi a trilha de um curta-metragem. “A partir daí fui ficando conhecido
e recebi outros convites”. Seu interesse pelo cinema cresce cada vez
mais. Fez as trilhas dos filmes “Um Céu de Estrelas” (1996), “Através
da Janela” (2000) e “Brava Gente Brasileira” (2000).
Já gravou mais
de uma dezena de discos. O trabalho mais recente fez em parceria com a
irmã Lucila Tragtenberg, “Voz, Verso e Avesso”, que será lançado neste
semestre.
Em 2004, criou a Neurópolis, orquestra com 14
integrantes formada por músicos de rua da cidade. “Não é trabalho
social, nem ONG. Os músicos ganham cachês por apresentação e são
tratados como músicos profissionais”, alerta ele. O mesmo formato ele
já levou para Miami (EUA), Berlim (Alemanha) e Rio de Janeiro.
“Bruxelas é o próximo projeto”, adianta o maestro que também dá aulas
de música na PUC (SP).
A Blind Sound Orchestra é composta por dois
sanfoneiros e um violonista que são cegos. Atuam com Livio em trilha
sonoras de filmes mudos. “Através de ponto eletrônico, digo a eles a
música que devem tocar”, revela o truque.
Livio promete para breve uma orquestra de assobiadores. Já está à procura dos músicos pelas ruas da cidade.

liviotragtenberg@gmail.com

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