Estreia premiada

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A escritora Carolina Maia

Escrever o primeiro romance e de cara ser premiada é um baita reconhecimento. E foi assim que aconteceu com a jornalista e escritora Maria Carolina Maia, residente em Perdizes, com seu livro Ciranda de Nós (176 páginas, 2009, Grua Livros).
Maria Carolina conta que escreve desde pequena. A opção profissional pelo jornalismo foi um caminho natural para quem gosta do ofício da escrita e da leitura. “Escrevia minhas histórias e sempre pensei que algum dia desses iria publicar um livro”, diz. Em 2009, quando cursava Ciências Sociais na USP, surgiu a oportunidade de participar do prêmio Nascente daquela universidade. Texto inscrito, seu romance acabou ganhando o primeiro lugar. Com este estímulo, Carolina saiu em busca de uma editora para publicar seu romance, lançado naquele ano.
No ano passado, seu livro esteve entre os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria autora estreante. “É bom ter esse reconhecimento. Serve de estímulo”, fala Maria Carolina sobre os prêmios que disputou e se confessa leitora do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881).
Nascida em São Paulo, ainda pequena Maria Carolina mudou-se com a família para Recife, a capital pernambucana. Foi nessa época que esteve em férias por várias vezes na cidade litorânea de São José da Coroa Grande, ao sul de Recife, onde a ação do romance acontece. “Queria incluir São José da Coroa Grande em um livro e deu certo logo no primeiro e, ao escrever o romance, me transportei mais uma vez para lá”.
Ciranda de Nós expõe o confronto entre o Brasil rural, analfabeto e sem luz, e aquele do asfalto, dos turistas, da luz elétrica. É mais do que uma história da passagem da infância para a vida adulta, esta narrativa retrata um país que se transformou. Da vila de pescadores frequentada por Gilberto Freyre – que discutia sempre com dona Teté, dona da pensão onde se hospedava –, dos engenhos seculares dominados por seus senhores, para o primeiro edifício, a invasão dos turistas e a chegada do mundo urbano e moderno na tão pequena cidade. A narradora que conduz a história é uma turista que tem uma visão externa sobre a comunidade, suas histórias e conflitos.
Esse caminhar rumo à modernização e à tecnologia vitima não apenas um modo de ser, mas também personagens característicos de um passado brasileiro: o padre, o delegado, a dona da pensão, o dono do cartório, o pedreiro, o pescador. São eles os personagens que encaram, no livro, as mudanças que o país experimentou nos últimos 30 anos. Alguns a elas se adaptam, outros são por elas engolidos.

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