Uma overdose de amor

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Uma mensagem escrita em letra cursiva se multiplicou pelas paredes dos bairros da zona oeste em meados de 2009. Muitos que liam a frase, sorriam, demonstrando alguma reflexão no lugar de reagir negativamente como em geral são as reações para quem picha os topos dos edifícios e as paredes da cidade.

É que Ygor Marotta, 24 anos, designer gráfico formado pela Faap, ilustrador, VJ e artista por natureza, em meio a tanta desordem urbana, passou a pedir, de uma forma muito criativa e educada, Mais amor por favor, uma intervenção artístico-social, como ele mesmo definiu, no dia da nossa entrevista para o Guia Daqui Perdizes Pompeia.

Na sua narrativa, o amor é tratado como condição para um mundo melhor e está identificado nas múltiplas manifestações do artista. Em seu ateliê, pinturas em constante criação fazem companhia para livros de tamanhos diferentes – são os books e os mini-books – edições únicas, recheadas de poesia e pinturas com traços que revelam influências da Pop Art da década de 80, que tinha como ícones os artistas plásticos Basquiat e Andy Wahrol.

Multifacetado, quase tudo que passa pelas mãos do designer vira arte, como por exemplo, embalagens de leite longa vida se transformam em carteiras ou nécessaires com desenhos modernos e exclusivos.

Mas a maior influência para enxergar o mundo pela ótica do amor, segundo Marotta, vem do ambiente familiar, onde sempre houve muita harmonia e carinho. “Cresci vendo meu pai abrir e fechar a porta do carro para a minha mãe, e aprendi com eles a importância de sentir amor pelas coisas que vivenciamos. Praticar a gentileza e ser educado com as pessoas também são manifestações de amor e qualquer pessoa tem o dever de praticar. Não estou falando necessariamente do amor carnal”, salienta.

Cuidadoso com os direitos do próximo, quando viu a cidade invadida por cartazes de políticos pedindo votos nas últimas eleições, Ygor não teve nenhuma dúvida: mandou imprimir o Mais Amor Por Favor, em cartazes conhecidos como lambe-lambes, e os colou em vários locais públicos pela cidade. Um grito silencioso que fez acordar muita gente.

 

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