Testemunhas|da história

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Imagine uma época em que, para os homens, o uso do chapéu era quase obrigatório e os meninos andavam de calças curtas até alcançarem certa idade. As ruas da cidade eram pacatas, as pessoas cordiais se reuniam para longas conversas a respeito de tudo. Esse cenário lúdico e romântico descreve os anos finais da década de 40 e meados de 1950.
Aqui, no nosso bairro, em frente à suntuosa igreja da Pompeia passavam duas vias por onde subiam e desciam ônibus pesados e carros lentos. Essas alamedas eram ladeadas por fileiras de árvores de espécies diferentes, entre elas, frondosas paineiras que formavam uma fileira tripla de vegetação. No canteiro central da avenida de paralelepípedos, o espaço generoso abrigava dezenas de engraxates e vendedores de balões de gás, pipocas, algodão-doce. Eram comerciantes afoitos para atender ao público que assistia às missas aos domingos e outras datas importantes.
Precisamente em 1946, Domingos Carone e o irmão Humberto saíram do bairro do Brás, onde tinham casa e trabalhavam, e subiram a avenida Pompeia. Quem nos contou foi Paulo Carone, filho do italiano Domingos, enquanto descrevia sobre o acervo familiar de fotos em preto e branco.
Metalúrgico em uma empresa chamada Cucolino, Domingos e Humberto perceberam que naquela região tudo ainda estava por explorar. “Meu pai e meu tio subiram a Pompeia e viram que aqui não tinha nada e famílias inteiras vinham às igrejas e na padaria Salazar. Eles montaram a primeira banca que tinha um formato de escada e era chumbada no chão”.
Foi na mesma banca que conheceu Valnice, com quem se casou e tiveram o casal de gêmeos Fabiana e Juliano Carone. Em uma das fotos, o jovem Paulo está de camisa de mangas compridas e blusa por cima e explica: “Aqui era tão descampado que o vento nos obrigava a ficar o tempo todo de mangas compridas”.
Perguntamos sobre o quê ele mais curte nos dias de hoje, Paulo é convicto: “Gosto quando estou na banca e chega alguém daquela época, que já não reside mais no bairro, e passa aqui para dar um alô e saber notícias, isso é muito bom”, revela sensibilizado.

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