Até agora foram dois CDs lançados, Sweet Coração (2009) e A Coruja e o Coração (2011). Com letras autobiográficas, o próximo trabalho será lançado em agosto: Esmeraldas.
Foi modelo e trabalhou com Fernando Meirelles, estudou canto em Nova York, teve café brechó no Sumaré e sempre viveu na região da Lapa, Perdizes e Pompeia, região que se declara fã. Nesta entrevista, realizada na sede de sua produtora, Rosa Flamingo, ela fala da carreira, das filhas e como foi cantar para mais de 2 milhões de pessoas no Show da Virada em 2012, na Avenida Paulista. Com vocês, Tiê!
Tiê é nome de passarinho. Quem lhe deu esse nome? Foi uma premonição de que você seria cantora ou iria trabalhar com música?
Quem escolheu esse nome foi a minha mãe. O meu Tiê vem do japonês e significa ‘sabedoria’, foi sugestão de um amigo japonês. Ela gostou e sabia que era nome de passarinho.
Antes de se tornar cantora, foi modelo, cursou Relações Públicas (FAAP), estudou canto em Nova York. O que a levou a optar pela música?
Na verdade, sempre gostei de cantar. Na adolescência, participei de festivais de música e ganhei alguns. Mas só foi aos 25 anos que decidi pela música. E o Toquinho foi um grande incentivador e me ajudou muito no começo, assim como meu amigo Dudu Tsuda, que já trabalhou com o Pato Fu.
E como foi o encontro com o Toquinho?
Eu tinha um café brechó na Rua Bruxelas, no Sumaré. Um dia, ele estava gravando num estúdio próximo e veio almoçar e nos conhecemos através do Dudu Tsuda. A partir desse encontro eu considero que teve início a minha carreira de cantora.
Você trabalhou com ele?
Durante dois anos fiz parte da banda dele e cantamos juntos em muitos shows, em duetos e solos. Foi com ele que aprendi muito sobre carreira, passagem de som, detalhes de shows que foram ensinamentos importantes e fundamentais, até hoje.
Tem parcerias com ele?
Ainda não. Ele gravou uma música minha no meu primeiro CD. Ele toca muito, é uma pessoa muito querida.
Mas com o David Byrne (Talking Heads) você fez parceria.
Eu o conheci através de um músico amigo que levou meu disco pra ele ouvir. O David é muito gentil e gostou do meu trabalho. Quando viajo para Nova York, sempre marco um almoço com ele. Em outubro, quando estive lá, falei que estava querendo fazer um novo CD e estava sem ideia, pedi ajuda e inspiração para ele. E ele me mandou uma música que não estava acabada. Aqui finalizei e ela estará no meu próximo CD.
Esmeraldas será seu terceiro CD. Por que o nome e como você define esse trabalho?
É o nome de uma cidade mineira onde a família do meu marido mora e nós passamos férias, além de ser um lugar muito querido. É o nome que está no meu coração. É totalmente diferente dos outros trabalhos que fiz. Está com o som mais cheio. É mais rock e um disco mais pulsante. Como nos outros CDs, tem músicas autobiográficas, esse é o meu jeito de compor. É um reflexo da fase que eu vivo que é bem cheia, eu diria.
O que te inspira a compor?
Tudo me inspira. Minhas filhas – Liz (4 anos) e Amora (1) –, o meu gato Jack, a minha cachorra.
A maternidade mudou a sua vida? Até que ponto?
Muda a vida completamente. Minhas filhas se parecem fisicamente e são completamente diferentes uma da outra na personalidade. E são filhas do mesmo pai e mãe. Sempre achei que teria um casal. E parei por aí. E considero a gravidez uma delícia!
Neta da atriz Vida Alves e filha de Thais Alves, que trabalha na TV e é autora de livros. Elas tiveram influência em sua carreira?
Sim. Elas me influenciaram e muito. Até hoje, minha avó sempre me liga para comentar alguma coisa da minha roupa ou por que não cantei determinada música…
Já fez trabalho de atriz?
Fiz, quando jovem, uma novela na TV Manchete, mas não gostei da experiência naquela época. Hoje, eu até toparia atuar.
Fale sobre os shows que acontecem na sua casa.
São chamados de “Na Cozinha” ou “No Jardim”, onde acontecem. Tudo começou porque eu saía pouco por conta das meninas. Funciona assim: eu convido o artista e ele/ela convida as outras pessoas. Eu já fiz shows com artistas convidados como o Dudu Tsuda, o Criolo, a Naná Rizzini, o Jorge Drextler.
Vizinho, se bater na porta, entra?
Sim, já aconteceu isso. Mas como é um evento fechado, tem lista de nome na porta, segurança e precisamos ter um controle. Até a polícia já apareceu quando a Naná, que é minha baterista e tem uma pegada rockeira com a banda dela, fez um som mais alto.
Desde quando você mora aqui?
Há quatro anos. Na mesma rua fica a minha casa e o escritório da minha produtora, Rosa Flamingo. Sempre morei aqui na região. Quando nasci, o primeiro apartamento em que morei foi na Alfonso Bovero. Depois morei na Campevas, na Homem de Melo. Nunca saí da região e gosto muito de morar por aqui.
Por onde você circula?
Vou muito ao Zym Café, na Vila Ipojuca; ao Flores da Varanda, na Vila Romana; na Merci Padaria; ao Cortáz Espeto e Pastel, na Alfonso Bovero, que todo mundo gosta. Adoro comprar fruta na madrugada na banca que tem na Avenida Sumaré. Amo o Zé do Coco, perto da MTV, vou à Real também. Gosto do Parque da Sabesp (Av. Alfonso Bovero) e vou ao Parque da Água Branca passear com as minhas filhas.
Quais os palcos por onde você se apresentou?Tem algum especial?
Faço muitos shows no circuito do Sesc, que tem uma estrutura muito boa para o músico e ingressos baratos para o público. Aqui na Capital e no interior. No Norte e Nordeste me apresentei várias vezes. Me apresentei em Brasília, Belo Horizonte. Ainda não me apresentei muito na Região Sul. E fora do Brasil, estive no Uruguai algumas vezes, na Argentina e Chile, e participei do Rock in Rio de Portugal. Em Nova York, fiz show para um pequeno público, que foi ótimo.
Você quer ter uma carreira globalizada?
Agora sou eu que administro minha carreira e é claro que quero que tudo dê certo. Por isso começo o dia cedo e faço todo o trâmite aqui na produtora com o meu pessoal. Deixo para a minha gravadora (Warner) a distribuição e divulgação dos meus CDs. Já tive vontade de fazer 25 shows por mês, como fazem certos artistas, mas hoje eu não sei se vale a pena.
Como a pirataria afeta o trabalho do músico e gravadoras?
É claro que isso afeta todo mundo. Mas apesar de ser ligada a uma gravadora, me considero uma artista independente. Acho que existem outras alternativas para se conseguir dinheiro com o trabalho. A venda de CDs caiu pra todo mundo. Mas acho é que, se você gosta do artista, vai ver o show dele e quer ter o disco.
Que tal cantar no Show da Virada de 2012 pra mais de 2 milhões de pessoas?
Foi o maior público para qual eu cantei e acho que será para sempre. Foi legal. Mas fazer shows para um público menor às vezes é até mais difícil pela proximidade das pessoas.
O que vem por aí, além do CD? Apresentações agendadas?
Vou fazer shows na Virada Paulista pelo interior do Estado. Estou pensando em um CD infantil com músicas da minha infância que eu ensinei às minhas filhas.