Escritora e roteirista de cinema e TV, Tati Bernardi faz sucesso com suas histórias e personagens.
Tati, atrás da mesa, espera o leitor se aproximar com o exemplar de seu novo livro, Depois a louca sou eu (Cia. das Letras) para ser autografado por ela. Recebe o anônimo leitor com um sorriso, apanha o livro, abre na página, onde deixa uma rápida dedicatória, devolve o livro agradece a presença e parte para o próximo. A fila é longa. O lançamento aconteceu em uma livraria da Vila Madalena e foram muitos os exemplares autografados.
Fãs, seguidores, não é novidade para Tatiane Bernardi Teixeira Pinto, a Tati Bernardi, que nasceu e foi criada no bairro do Tatuapé. Nas redes sociais – Facebook e Instagram — são mais de 16 mil seguidores. Para ela, “acho interessante ter tanta gente me seguindo, lendo os textos que publico. Tem até quem pede pede meus conselhos, principalmente adolescentes, por conta de uma coluna que tive em uma revista feminina”, conta. Formou-se em publicidade e marketing pelo Mackenzie e é pós-graduada em cinema, literatura e psicanálise, “uma das minhas paixões”, informa.
A carreira na publicidade durou cerca de nove anos. Passou por agências como W/Brasil, Lew Lara, Talent, Leo Burnett e NeoGama. Mas a literatura sempre esteve presente em sua vida. “Sou filha única e aprendi a ler por influência de meus pais e pela minha curiosidade. O primeiro livro que li foi Capitães de Areia, de Jorge Amado, que me marcou bastante”, lembra. Se declara fã dos clássicos Clarice Lispector e Machado de Assis e, entre os autores contemporâneos, cita os brasileiros Santiago Nazarian, Antonio Prata, André Viana e o norte-americano David Sedaris.
Escrever a levou para um estágio na oficina de redatores da TV Globo. Foram semanas de ponte aérea. Para isso, precisou vencer sua fobia de avião. Aliás, suas fobias rendem ótimos textos. Elas estão nas suas crônicas na coluna que escreve todas as sextas-feiras na Folha de S. Paulo. E no livro recém lançado, onde “tem 50% de verdade e 50% de ficção”, explica.
Do estágio, Tati passou a integrar a equipe de redatores da emissora. Escreveu para ‘Malhação’ e colaborou “a convite da Maria Adelaide Amaral da novela Sangue Bom, que foi uma ótima experiência profissional”. Mais recentemente escreve para o programa “Amor & Sexo” e nos canais pagos no seriado “Meu Passado me Condena” e “Aline”, para ficar com alguns deles.
Para quem gosta “de Woody Allen desde a adolescência”, escrever para cinema foi um caminho natural. Tati escreveu o roteiro dos dois longas Meu Passado me Condena, estrelado por Fábio Porchat e Miá Mello, os filmes tiveram mais de cinco milhões de espectadores. O sucesso rendeu um livro e uma peça de teatro, escritos por Tati.
Escrever sobre suas próprias fobias e manias (avião, ansiedade, organização, remédios e até antigos namorados) se tornou natural. Ela conta: “na infância e adolescência, sofri bullying, era chamada de esquisita ou estranha. Mas quem não tem alguma coisa de estranho? E quando descobri que minhas histórias, por mais estranhas que fossem, causavam risos nas outras pessoas, senti que deveria seguir por esse caminho”.
Seus textos já lhe renderam algumas dores de cabeça. “Não escrevo para provocar. Escrevo sobre o que me incomoda e, para mim, escrever é uma forma de aliviar e organizar os pensamentos”. Quanto aos seus críticos, “aceito críticas e opiniões diferentes das minhas, porém fico chateada com agressões e gente que fica procurando brechas para me chamar de preconceituosa”. Acha que as feministas precisam ser mais abertas e por escrever na primeira pessoa não pensa se é ou não feminista. “Temas como o momento político atual, o politicamente correto, feministas e machistas, entre outros, também me irritam um pouco”, diz.
Os projetos futuros incluem novos livros, novos roteiros para televisão e até um roteiro de um filme em parceria com o marido e cineasta, Pedro Coutinho. “Como estamos no início, ainda não tenho ideia de quando vai ser filmado”, avisa. E também a maternidade está nos planos desta taurina.
Moradora de Perdizes há mais de 17 anos, acha que a facilidade de acesso para outras regiões é uma das vantagens de se morar por aqui, além da arborização das ruas. “Vim morar aqui em Perdizes com a minha mãe”. Ela gosta de caminhar pela avenida Sumaré, principalmente agora aos domingos, que parte dela fica fechada para os carros. Vai sempre ao Parque da Água Branca para caminhar e fazer compras na feira de orgânicos. Os teatros – da PUC e Bradesco – não poderiam ser esquecidos. Mas reclama do barulho causado pelos alunos da PUC. “Mas essa é uma reclamação de todo mundo que mora perto da faculdade”. www.facebook.com/tati.bernardi