Associação com sede na Barra Funda atende mulheres em situação de vulnerabilidade, oferece cursos e promove eventos abertos com o objetivo de integrar a comunidade para discutir o papel feminino na sociedade atual.
Fundada em 1953 pelo Frei Barruel (falecido em 2015), a Associação Paulista de Amparo à Mulher (APAM) tinha inicialmente o objetivo de abrigar mulheres solteiras grávidas, que em geral eram expulsas de casa por conta das normas sociais vigentes na época. Lá, as futuras mamães e mamães eram amparadas e podiam morar até seis meses após o parto. Com o passar do tempo, a APAM, que esteve para fechar por duas vezes, mudou seu foco, mas manteve firme seu objetivo de dar continuidade à missão de auxiliar as mulheres em situação de vulnerabilidade social. Em 2010, passou a ser gerida pela Congregação das Irmãs Mensageiras do Amor Divino – organização religiosa, fundada na cidade de Aparecida (SP) em 17 de maio de 1954, que oferece cursos de qualificação profissional, oficinas para futura geração de renda extra e assistência às famílias, com doação de alimentos, materiais de limpeza e roupa às participantes das atividades. De acordo com a coordenadora geral da associação, Helena Rocha, hoje a APAM se mantém graças a doações de pessoas físicas e empresas e também à ação de 39 voluntários, que reservam um tempo para ensinar um ofício ou uma arte para as assistidas. “Nós continuamos atendendo mulheres e famílias em vulnerabilidade, só que com o foco na qualificação profissional.”
Apesar da APAM ser gerida por uma congregação católica, ela atende a todas as mulheres encaminhadas ou que procuram a associação espontaneamente, independente da religião. “Aqui não há distinção, somos um grupo de mulheres que procura caminhar e vencer juntas na vida”, declara.
Entre as atividades desenvolvidas pela Associação estão as oficinas de geração de renda, com os cursos de corte e costura, crochê, costura e produção, e bordado em pedraria. “Com as oficinas, as mulheres em situação de vulnerabilidade aprendem habilidades que podem passar a ser fontes de renda”, explica Érica Guedes, assistente social da APAM. “Além disso, o aprendizado acaba ajudando também a aumentar a autoestima e possibilitando o convívio social”, complementa.
Além das oficinas gratuitas, para as quais são disponibilizadas 40 vagas (10 para cada oficina), e que acontecem uma vez por semana, a APAM mantém ainda o curso de cuidadora de idosos, de cuidadora de crianças (babá) e o curso de inclusão digital, todos gratuitos e ministrados por voluntárias.
Sobre o curso de cuidadora de idosos, Érica explica que é um curso básico de qualificação profissional voltado para mulheres com idade acima de 18 anos que estejam em situação de vulnerabilidade social (desemprego, subemprego, sem qualificação) e que saibam ler e escrever. Ela diz que este semestre a Associação disponibilizou 35 vagas sem limite de idade para a participação do curso, que durou de março a maio. “É uma oportunidade para as mulheres iniciarem uma nova atividade profissional, que poderá garantir ou complementar a renda da família”, explica a assistente social. “A área de cuidados com os idosos carece de mão de obra qualificada e está em expansão”, afirma.
Já para o curso de babá, que começará em junho e durará três meses, foram abertas 30 vagas. As candidatas escolhidas são mulheres acima de 18 anos, com ensino fundamental, desempregadas, subempregadas, ou sem qualificação profissional.
Para o curso de inclusão digital, que visa fornecer aos participantes conhecimentos básicos na área de informática, é exigido que a participante seja jovem – tenha até 18 anos – e possua uma baixa renda. “Só entra nesse curso quem nunca teve acesso ao computador. O curso neste semestre já começou. Ele dura de março a junho e oferece conhecimentos bem básicos em informática”, diz Helena.
Para participar das oficinas e cursos mencionados, as candidatas devem obrigatoriamente passar por uma entrevista com a assistente social. No ato da inscrição, elas também devem doar 1 kg de qualquer alimento não perecível, que é revertido para outro programa da APAM: o de apoio alimentar. “Nesse programa, o público vem em busca do básico – que são roupas, alimentos, produtos de higiene e limpeza. Em nosso mercado alimentar, trabalhamos muito com a questão da troca, então, as pessoas que participam dos cursos e oficinas ganham “uma brasileira” que é nossa moeda interna (a cada dia de participação, a mulher ganha uma dessas moedas), e no final do mês, quando acontece o mercado, elas fazem a troca com os produtos de que elas precisam. Isso é bom para ambas as partes – se por um lado elas se movimentam para conseguir uma brasileira, por outro a Associação com toda equipe tem de também se movimentar para conseguir os produtos. Nós montamos o mercado, mas a escolha é sempre delas, não impomos o que elas devem ou não levar”, explica Helena.
Outra atividade que começou há dois meses e que é aberta à comunidade é a roda de mulheres. Trata-se de um encontro mensal (toda primeira sexta-feira do mês), que visa abrir um espaço para debates entre as mulheres, para mulheres e sobre mulheres. “Criamos esse evento mensal para oferecer uma oportunidade para que as mulheres troquem ideias. Nesses encontros, abordaremos os mais variados temas ligados ao universo feminino, como saúde, beleza, cidadania, justiça, feminismo e outros”, explica Érica Guedes. Na roda de mulheres do dia 1º/04, por exemplo, que é o tradicional “dia da mentira”, foi abordado o tema “as mentiras que nos fizeram acreditar como verdades”. A roda de abril foi conduzida pela voluntária Débora Rubin, que tem extenso conhecimento na temática de mulheres, e também contou com a participação de outros profissionais que abordaram os temas sugeridos pelas participantes. Para essa atividade, não há limite de vagas, basta chegar e participar. Caso a participante se interesse em continuar na roda, ela passará por uma entrevista com a assistente social para formalização do cadastro e acompanhamento na associação.
Outros eventos e atividades, como feiras, campanhas de doação e bazares, estão previstos para acontecer este ano. Quem se interessou em fazer doações, participar das rodas ou ser voluntária, pode acessar o site ou Facebook da Associação descrito abaixo. O atendimento é feito de 2ª-feira, das 13h às 17h; de 3ª a 6ª-feira, das 8h30 às 17h; e aos sábados, das 9h às 13h. (ND)
Associação Paulista de Amparo a Mulher (APAM)
Rua Dona Elisa, 133, Barra Funda
Telefone 3662-3115
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Fotos: Tiago Gonçalves