Uma voz em prol dos animais

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Morador da região,  Ulisses Tavares, é poeta, escritor, jornalista, letrista de MPB e ativista em prol dos direitos dos animais, entre outras atividades. Autor de 136 livros, 128 em língua portuguesa, ainda é voluntário em abrigos de cães, gatos e outros bichos, para os quais arrecada fundos com suas ações e trabalhos.

Ulisses Tavares ND (3)No agradável bairro onde reside Ulisses Tavares, cercado do verde das árvores das ruas, de suas plantas da horta, e em companhia de Pretinho – um gato que, como o próprio nome já diz, é negro como a noite – e de outros animais “compartilhados pela vizinhança”, como o poeta descreve.

Aos 67 anos completados no dia 8 de maio, Ulisses diz que ao longo de sua vida passou por diferentes crises existenciais, algumas das quais o fizeram sair da caótica vida de chairman de grandes agências de publicidade para uma vida mais pacata (mas não menos ativa), como poeta, escritor, jornalista e ativista em prol dos direitos dos animais. “Quando eu trabalhava na agência Loducca e tinha cerca de 45 anos, me descobri como um estúpido ao pegar meu caríssimo carro e não conseguir trafegar na Marginal, aqui em São Paulo… tive uma de minhas crises existenciais ali e decidi largar tudo para me dedicar ao que me dá prazer e ao que me faz sentir mais conectado com a natureza. Fui rico algumas vezes, trabalhei nas mais conceituadas agências, comandando profissionais, cheguei a ter três carros à disposição, com chofer, mas vejo que isso não me fazia mais feliz”, conta.

Ulisses Tavares ND (1)Ele afirma que daquele dia em diante, nunca mais teve carro, não por falta de dinheiro, mas porque acha absolutamente desnecessário ter um veículo em São Paulo, com tantas opções de transporte à disposição. Ulisses, que conhece muitos países em viagens que fez a trabalho e também por lazer, diz que o seu desejo de lutar em prol dos direitos dos animais começou a ser delineada em 1985, quando, em uma viagem que empreendeu Angola, foi visitar um clã que se autodenominava de “Povo Tigre”, e descobriu, muito aturdido, que esse mesmo povo simplesmente dizimou os tigres daquele habitat. “Os homens estão acabando com o planeta inteiro, extinguindo espécies por achar que assim nós, seres humanos, sobreviveremos sem a natureza”, declara.

Para Ulisses, que pratica o budismo tibetano há alguns anos, “vivemos num momento muito peculiar, perigoso, onde focamos nossa vida na economia… não somos sujeitos econômicos, somos animais afetivos e, enquanto não adquirirmos essa consciência e nos conectarmos novamente com outros seres e com a natureza, seremos homens tristes, viveremos uma vida falsa, sem laços, sem amor… nos falta a cultura de convivermos em civilização, juntos com os rios, com as árvores, com os bichos… ou entendemos isso ou a natureza vai acabar nos deletando… temos milênios de cultura de guerra. A cultura de paz é recente, mas é urgente. É nosso grande dilema e a nossa única saída. Nem a tecnologia, nem a ideologia, nem Deus nos salvam. A saída é o coração pacífico.”

O poeta, que desde seus 13 anos de idade publicava informalmente seus poemas e trabalhos, sempre teve uma veia artística muito forte. Editor de livros infantis, de poemas adultos, militante na época da ditadura, já produziu (e ainda produz) muito conteúdo e publicações conceituadas, entre as quais o Livro da Tribo, uma espécie de agenda, com o qual colabora e que conta com outros nomes da poesia nacional. Já pela causa animal, Ulisses se dedica mensalmente à ANDA (Agência de Notícias da Defesa Animal), dirigido por Silvana Andrade, escrevendo a coluna “Ulissecão”. Recentemente também lançou a antologia “Poemas Que Latem ao Coração” (Editora Nova Alexandria) que reuniu 50 poetas e poemas sobre cães, além de imagens de caninos. A antologia teve participação da apresentadora Luisa Mell.

Vegetariano por conta de seu amor pelos animais também já vendeu balas nos faróis de algumas avenidas de São Paulo para arrecadar fundos para diversos abrigos de onde é voluntário. Há pouco, por conta da crise, Ulisses, o músico Sérgio Sá e a produtora Cris Reis conseguiram reunir 60 pesos pesados, entre cantores, instrumentistas e produtoras de música popular brasileira, para ter um produto que gerasse dinheiro imediato para as entidades protetoras dos animais abandonados: um CD, à venda por R$ 20,00, que pode ser adquirido pelo telefone (11) 99712-8700, ou pelo e-mail: uuti@terra.com.br

Para finalizar, Ulisses dá um recado: “mudar a mente dá um trabalho danado, mas precisamos aprender a visão “ecocêntrica” (é a natureza na fita, mano! Não ninóis!).” (ND)

Ulisses Tavares
www.ulissestavares.com.br
Telepoeta 3865-3936

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