Roqueiro de palavra

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Japinha, o baterista do CPM22 está lançando um livro

Na mídia graças ao sucesso de sua banda, Ricardo Di Roberto, também conhecido como Ricardo Japinha, é baterista da banda CPM 22 e divide seu tempo entre o rock e a coluna que tem há cinco anos na revista Atrevida, onde dá sua opinião sobre questões do universo adolescente. O sucesso da coluna foi tanto, que dela surgiu o livro “Qual é a Dele?” (Editora Larousse do Brasil), que leva o nome da coluna e traz alguns dos textos escolhidos por ele. Japinha mudou-se para Perdizes por causa da proximidade com a banda (os outros integrantes também moram na região), a produtora e as rádios. Nesta conversa, ele conta um pouco de sua história, o processo de criação do livro e o que gosta de fazer por aqui.

Como vocês se conheceram e formaram o CPM 22?
O CPM tem uma fundação aos picadinhos. Começou com dois integrantes da banda – Badauí e o Wally – que moravam na mesma rua. A formação que está hoje, a maior parte se juntou em 1999, que foi quando eu e o Luciano entramos para a banda. A gente já tocava, mas cada um em uma banda. Nessa época era tranquilo você ter duas, três bandas ao mesmo tempo, porque você não fazia muitos shows, o cenário era menor.

Mas o CPM ainda não era tão conhecido quando você entrou.
Em 1999 não. A gente era uma banda independente, tocava uma vez por mês. Em 2000, lançamos um CD independente e foi aí que as coisas começaram a acontecer.

E quando vocês perceberam que realmente estavam famosos?
O CD de 2000 começou a vender muito. E informalmente, nada por gravadora. Mandávamos pelo correio, deixávamos em consignação nas lojas. Isso acabou chamando a atenção de olheiros, que comentavam com os empresários das gravadoras. Um desses empresários nos contratou, em 2001. Quando lançamos a primeira música – Regina Let’s Go – nas rádios, tocou super bem. Começamos a fazer mais shows, o cachê subiu um pouco, mas ainda era pequeno. Quando estourou a segunda música, consegui ter coragem de largar meu outro emprego.

Você sempre quis ter uma banda de rock?
Não. Na verdade, eu sou meio o contrário da galera. Eu tocava porque eu gostava, admirava, tinha meus ídolos. Era uma coisa bacana, lúdica. Sempre toquei por lazer, hobby. Estudava, trabalhava, me formei… e as bandas eu levava de fim de semana. Mas eu levava a sério. Isso era a diferença.

Como surgiu o convite para você fazer a coluna na revista Atrevida?
Foi por causa da banda. Quando o CPM surgiu na mídia, nosso tipo de som, postura, o tipo de roupa, acabou que o público adolescente se identificou. E até hoje. Mas naquela época foi uma coisa forte. Com isso, as revistas adolescentes começaram a vir atrás da gente, fazer matérias, cobrir, tirar foto, essas coisas. Uma vez, em 2005, foram cobrir a gravação de um videoclipe e quiseram me entrevistar à parte. Dei a entrevista e, no final, a jornalista e a editora disseram que fazia um tempo que estavam pensando nisso, que tinham uma resposta muito boa das leitoras em relação a mim, às respostas que eu dou e queriam saber se eu aceitaria ser colunista. Achei legal e topei. A primeira coluna, eu me lembro que foi para o Dia dos Namorados.

Você quem escolhe o tema ou eles te dão o assunto?
Elas me mandam os temas. Às vezes é sugestão de leitora, às vezes é decisão da redação, e eu vou escrevendo. São as opiniões dos rapazes, a opinião masculina em relação aos temas que elas sugerem, suas preocupações.

Como você pensa para escrever para os adolescentes? A linguagem, o estilo…
Eu tento me segurar um pouco porque tento passar minha mensagem de um forma supersincera, íntegra. Só que a linguagem tem que ser um negócio mais direto. Às vezes, na forma de escrever, você tem que economizar um pouco nos termos. Até porque eles têm muitos termos que nem eu conheço, algumas gírias, expressões. Mas tento contar coisas que eu vivi, exemplos da minha vida. E sempre tento pôr uma opinião contrária: eu penso assim, mas eu sei que tem gente que pensa de outra forma, não liga para tal coisa.

Você recebe muitas respostas das fãs?
Recebo bastante comentários. Umas das coisas que me estimulou a lançar o livro é que realmente tinha um feedback muito bom nos shows, por e-mail, dia a dia.

E quem lê não são só os fãs do CPM 22…
Isso que é legal. Acabou extrapolando. Se fosse uma coisa só para os fãs do CPM, de repente teria que ter mais coisas relacionadas à banda, a opinião dos meninos. E é uma coisa só minha, os meus pareceres, as minhas opiniões. Mas também não é totalmente desvinculado. Eu sou o baterista do CPM. Quando estão lendo, a maioria do pessoal sabe, mas tem gente que não sabe. E tem muitas mães que comentam. Já recebi elogios de mães que a filha assina a revista e vai lá todo mês ler meus textos e que gosta.

De quem foi a ideia do livro?
Na verdade, eu pensava nisso, quando comecei a ver que já tinha muita coisa escrita no computador. Em abril deste ano, a editora da revista pediu uma autorização minha para lançar um encarte especial com meus textos. Na hora me deu um estalo e eu respondi que era legal, autorizava e perguntei se a gente não podia pensar maior. Elas responderam que não porque a editora da revista, a Escala, só editava revistas. Deixei quieto. Uma semana depois elas me escreveram de novo falando que o dono da Escala era o dono da Larousse, que eles adoraram a ideia e queriam lançar.

Qual é a importância da sua mensagem para os adolescentes? Porque ainda é uma fase em que eles estão formando a opinião deles sobre tudo.
Nesse sentido, eu fico sempre com um pé atrás. Até porque eu estou lidando com meninas de 11 a 19 anos e tem muita gente em formação da personalidade, educação. Sempre dou um toque como se fosse um irmão mais velho. Lógico que falando a verdade, sendo sincerão, tem coisas que não economizo. Semana passada eu recebi uma mensagem de uma pedagoga de uma escola que iria utilizar meu livro nas aulas de educação sexual. Fiquei assustado, não sabia que teria esse peso. Acho que é pelo fato de dar uma mensagem legal e uma linguagem que eles entendem. E tem a figura do cara da banda que eles gostam. Acho que isso tudo soma, eles respeitam muito a gente e a nossa opinião. Meu pai é italiano e minha mãe é japonesa, são duas linhas conservadoras. E isso acaba refletindo nos meus textos, de se preocupar com os meninos na balada, os caras mal-intencionados na internet.

Quanto ao CPM 22, vocês estão finalizando um CD. Quando ele sai?
Estamos ainda planejando. Na verdade ele já está pronto, só está mixando, acertando um detalhezinho ou outro. Estamos fazendo com muita calma, principalmente nesse processo de finalização, ainda estamos acertando como será lançado, por onde, qual a estratégia. O CPM está fora da mídia há uns dois anos. Talvez lancemos na época do carnaval, acho que é o mais provável.

O estilo musical da banda continua o mesmo?
As pessoas falam em evolução, acho que na realidade são fases. Mas esse disco está diferente, tem algumas novidades. Quisemos de propósito colocar alguns elementos a mais, variar um pouco as temáticas das letras. Temos cinco álbuns lançados, foi bom ficarmos parados um pouquinho para refletir, escolher outros caminhos. O disco está bem diferente, mas, ao mesmo tempo, tem bastante a nossa cara.

O que você gosta de fazer pelo bairro?
Como eu estou ao lado do Shopping Bourbon, vou muito lá, o cinema é muito bom. Gosto do Parque da Água Branca, que é muito legal. Gosto de dar umas voltas a pé, apesar das subidas. É um bom exercício (risos). Vira e mexe, a gente joga futebol no Playball, ali na Pompeia.

Então vocês estão sempre por aqui?
Ah sim, a gente vive no bairro.

E o que você acha daqui?
Eu acho muito bom. Eu fiz PUC e já gostava pra caramba daqui, as ruas são tranquilas, arborizadas, bem residencial. Tem muita gente de idade, muita família, acho que deixa o bairro mais tranquilo.

www.cpm22.com.br

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