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Este mês, o Guia foi buscar na arte popular o personagem da nossa reportagem que, de uma maneira singular, cria maquetes com material totalmente reciclável. Alberto Gonçalves Cerdeira, proprietário da banca de jornal localizada na Rua Ministro Ferreira Alves, faz as suas esculturas sem cobrar nada por elas, comentando que o melhor de tudo é assistir a expressão de surpresa daquele que recebe o presente de suas mãos. Depois dessa revelação, perguntamos quanto tempo ele leva para fazer o projeto que, quando admirado minuciosamente, percebe-se a riqueza de detalhes. Nada foge do olhar preciso do artesão. “Em média demoro 30 dias, vou fazendo devagar, entre um atendimento e outro na banca, mexo nas peças que vão compor a escultura”, explica. Fazendo um retrospecto, Cerdeira conta que há mais de 30 anos escolheu a região para trabalhar e montar os negócios. O primeiro foi uma mercearia de secos e molhados nos anos 70, e no final de 1983, abriu a banca de jornal. Nessa época, aos domingos, a banca vendia 120 exemplares do principal jornal de São Paulo, seguido pelo concorrente, com 80 unidades, segundo o artesão. Hoje, ele vende 15 exemplares. Sinais do tempo, o comerciante avalia que o seu produto passou a ser distribuído em pontos de venda diversificados, além da Internet que transformou a maneira das pessoas se comunicarem com o mundo e com a informação. “Hoje encontramos jornais e revistas nos supermercados, farmácias e postos de gasolina, então a concorrência fica mais agressiva”, avalia. Sem perder o lado positivo, Cerdeira faz suas maquetes independente de encomenda. Pequenos pedaços de vela, por exemplo, são transformados em miniaturas perfeitas de garrafas de cerveja ou refrigerante. Nesse momento, a história do artesão se aproxima de uma célebre frase de Bertold Brecht, dramaturgo e poeta alemão do século 20, cuja obra influenciou o teatro contemporâneo, que diz, “todas as artes contribuem para a maior de todas as artes: A arte de viver”. Alguém discorda?
