Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), 10% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência. No Brasil, seriam cerca de 24,5 milhões de pessoas portadoras de deficiências cadastradas (deficiências físicas, motoras, mentais, auditivas e visuais), segundo censo demográfico realizado em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pensando nesse público, a Pinacoteca do Estado de São Paulo criou em 2003 o Programa Educativo para Públicos Especiais, para incluir as pessoas com deficiências físicas, sensoriais e mentais. A idéia do projeto surgiu da experiência da arte-educadora Amanda Trojal em trabalho que desenvolveu entre os anos de 1991 e 2002, no Projeto Museu e Público Especial promovido pelo Museu de Arte Contemporânea da USP.
O projeto vai além da exposição das obras. Apresenta para esse público, de forma não somente visual, mas também sensorial, a possibilidade de estimular o reconhecimento e interpretação através de outros sentidos como o tato, o olfato, a audição e que permite “perceber” a obra.
Através do trabalho da designer Dayse Tarricone, a Profª. Trojal conseguiu transportar as pinturas do acervo em obras tridimensionais com o máximo de detalhe (cor, textura) para o deficiente poder apreciar o trabalho artístico. E Dayse já executou diversas encomendas para a Pinacoteca, entre elas a maquete em escala do próprio edifício para ser tocado. Seus trabalhos estão em outros museus como o Paulista, o MAC, Memorial do Imigrante, Instituto Padre Chico e inclusive para o Museu Thyssen de Madri (Espanha). Segundo Dayse, “a satisfação é indescritível de poder passar para esse público, um pouco de arte”.
Dayse mora e desenvolve o seu trabalho em seu ateliê na Rua Itapicuru, em Perdizes. Paulista de Assis, ela desde que aqui chegou sempre viveu no bairro. “Perdizes é um bairro que tem toda a infra-estrutura de que preciso”, declara.
Formada pela Faculdade de Desenho Industrial da Universidade Mackenzie, ela se especializou no projeto e execução de maquetes táteis de prédios e espaços museológicos, jogos sensoriais (adaptações de obras de arte bidimensionais de acervos tridimensionais), mobiliários, esculturas táteis, réplicas articuláveis e kits didáticos, adaptados a portadores de necessidades especiais. Além desse trabalho, é designer de objetos, cria luminárias, esculturas, mobiliários e interiores. Cria e executa quadrinhos tridimensionais personalizados, que descrevem cenários, ambientes e pessoas, como o consultório de um dentista, um escritório, um quarto de bebê, por exemplo. Pode, utilizando uma foto fornecida pelo cliente, fazer um cenário com uma riqueza de detalhes impressionante e com muito capricho. Os cenários são construídos em pequenas caixas de madeira em tamanho 22x21x8cm, com os bonecos em biscuit e com vidro como proteção frontal. Mas também faz, sob encomenda, outros tamanhos.
Seus trabalhos podem ser vistos no ateliê, onde ela projeta e executa suas criações e conta com a assistência de Magda Pianowski (bonecos de biscuit) e de Cláudia Cristina Aoki.