O dono da festa

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Criador de eventos como a Feira de Artes da Villa Pompeia, que neste ano comemorou 25 anos, e o Deu Jazz na Pompeia, Cléber Falcão Carneiro Pessoa é o responsável por esses e outros eventos na região. Nesta entrevista, ele conta como tudo começou.

Se apresente para os nossos leitores.
Nasci em Araraquara, interior de São Paulo. Acabei nascendo lá a pedido da minha avó, que pediu para minha mãe ir para um lugar mais tranquilo. E voltei para cá logo no primerio ano de vida.

Você sempre foi festeiro?
Aos 13 anos de idade, eu e meu primo, fazíamos som e luz em bailes. Tínhamos gravador de rolo, luzes sequenciais, essas coisas. Era o maior barato.

A partir daí você virou um produtor cultural?
Na verdade, minha história com eventos começou com uma figuração que fiz para um filme de publicidade. A partir daí quis trabalhar na área. Trabalhei na Vila Madalena com produção e como assistente de fotografia e entre outros trabalhos.

Fez outras coisas na vida?
Sim. Fui garçom e barman para levantar um dinheiro e viajar. Fui dono da Creperie Pour Quoi Pás, que ficava na Rua Padre Chico com a Caraíbas, na Vila Pompeia. Era uma casa de jazz e música instrumental.

Como surgiu a Feira de Artes da Villa Pompeia?
Junto com amigos da Creperie criamos a primeira feira e neste ano comemoramos 25 anos da Feira de Artes da Vila Pompeia.

E o Deu Jazz na Pompeia? Como surgiu?
Queria fazer um outro evento para mostrar a música instrumental e o jazz. Falei com o Toninho, dono do Tiro Liro e ele topou na hora.
 
Por que você escolheu a esquina da Cotoxó e Cajaiba para o Deu Jazz?
Além de ter muita gente bacana e alegre morando por aqui, achei que seria perfeito para montar um palco e fazer o evento. E por aqui as pessoas têm uma grande carência por arte.

Por que “Deu Jazz na Pompeia”?
Quando eu tinha o bar, e os músicos chegavam atrasados ou tinham algum problema, era comum eles dizerem “que deu jazz… no carro, na viagem, lá em casa, etc”. Gostei da expressão e quando eu resolvi criar este evento de jazz e o blues, recuperei o termo.

Quais músicos já passaram pelo palco da Feira da Arte e do Deu Jazz na Pompeia?
Grandes músicos como Boccatto, que se apresentou em algumas edições. Outros, como Paulo Méier, Maurício Madder, Antenor do Espírito Santo, o Tradicional Jazz Band e muita gente boa.

Que balanço você faz do Deu Jazz que aconteceu neste início de outubro?
Tivemos cerca de 4 mil pessoas. Ajudou que o dia estava bonito. Tivemos um problema com o palco. A SPTuris não apoiou o evento, segundo eles, por causa das eleições que aconteceu no domingo.

E neste ano, quem tocou?
O Luiz Carlini (Banda Tutti Frutti) e amigos fizeram o show de encerramento.

Neste ano, o comércio do bairro também participou. Como foi isso?
Foi muito bom. Tivemos o Pompeia de Todas as Artes, por Todas as Partes, em sua segunda edição. Acredito que os comerciantes ficaram satisfeitos. O evento é um circuito artístico cultural que acontece no aniversário da Vila Pompeia que neste ano, comemorou 102 anos. Mais de 50 lojistas participaram. Foram 35 horas de números musicais. Foi positivo e o encerramento aconteceu no Deu Jazz na Pompeia, no final da noite de sábado, dia 6. Foi uma grande festa.

O que têm de especial os eventos que você promove?
O legal daqui da Pompeia é a tradição dos pompeanos que são muito afinados com as coisas do bairro de uma maneira geral. São doentes, no melhor sentido. Foi aqui na região que começou o rock no Brasil. Isso nos dá um grande orgulho, com certeza.

Quem vem à Feira de Artes e o Deu Jazz… procura e espera o quê?
Primeiro, o público vem pela qualidade dos músicos. O pessoal da região que já veio em outras edições, volta. E a cada ano, vem gente de outros bairros da cidade. Mas além disso, acho que eventos como o Deu Jazz… é uma ótima oportunidade para os vizinhos se conhecerem. É uma forma de incentivar o espírito comunitário dos moradores. Como a região da Pompeia está crescendo a cada dia, é uma ótima oportunidade para os moradores da região poderem sair de casa sem usar seus carros. Além dos shows é uma forma de conhecer os vizinhos do bairro.

São eventos para toda a família?
Sem dúvida. Criamos um espaço para as crianças para que os pais possam curtir os shows e as crianças ficam brincando em segurança.

A cidade carece de eventos como esse?
A arte e os eventos culturais da cidade precisam ir além da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. São Paulo precisa mostrar sua diversidade cultural e ela tem a capacidade cosmopolita necessária para ter diversas opções de lazer. Hoje, a cultura da cidade é ter dinheiro. Para você ver um show e uma peça de teatro que tem subsídio do governo, o pessoal cobra 120 reais pelo ingresso. E quando a gente tem o espaço público como a rua, a gente precisa ocupar.

A região tem poucas opções de lazer?
O bairro tem algumas opções de lazer como o Parque da Água Branca que é uma ótima área verde. Por outro lado, tirando o Sesc Pompeia, que é uma beleza, não temos muitas outras opções de lazer e diversão. Precisamos ir longe para se divertir.

Qual é a maior dificuldade que você tem para organizar esses eventos?
O Deu Jazz… tem uma grande estrutura e tenho uma equipe de 25 pessoas que me ajuda a organizar o evento. Na Feira de Arte da Villa Pompeia, a estrutura é bem maior. Por outro lado, faltam respeito e apoio de órgãos públicos, como a CET e a prefeitura. A CET cobra um preço absurdo, dificulta a organização dos eventos. Todos os anos é uma dificuldade para conseguir as autorizações. Eles cobram uma taxa muito alta desde quando o Serra era prefeito.

Que outros eventos você está organizando?
Teremos neste mês, dia 21, das 10 às 19h a 4a. edição da Feira de Artes e Cultura da Lapa, no Shopping Center Lapa. Teremos shows musicais, exposições, artesanato e praça de alimentação. Em novembro, teremos o Jingles Blues com muita música. Em seguida vamos lançar o Natal Iluminado na região. É uma forma para incentivar os moradores a decorarem suas casas e condomínios na época de Natal.

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