Pai leva o filho para passear na Rua Oscar Freire e vendedora de loja manda o menino sair do local. Detalhe: ele tem oito anos e é negro.
Jonathan conta que era um sábado, no final de março, e sua esposa estava em outra loja. Depois de passarem em uma sorveteria, Jonathan procurou um local mais tranquilo para falar com a esposa. Como a entrada da loja Animale tem um recuo e um banco, enquanto o filho curtia os adesivos que ganhou, o pai procurava o celular para chamar a esposa.
Foi aí que uma vendedora da loja saiu falando que “ele [o menino] não pode ficar aqui e não pode vender nada!” Jonathan respondeu que era filho dele e não estava vendendo nada. Apanhado de surpresa, o pai disse que, no primeiro momento, “fiquei sem saber o que fazer”. Pegou o filho e se afastou da loja. Caminhou uns 50 metros, mas resolveu voltar. Sacou o celular e fotografou a fachada, escreveu o ocorrido e postou nas redes sociais.
Em seguida, decidiu obter um esclarecimento com a loja sobre a atitude da vendedora. Conta que ficou alguns minutos lá dentro e ninguém se dispôs a atendê-lo.
O post de Jonathan teve milhares de visualizações e compartilhamentos. Dias depois, a mídia o procurou para entrevistas. Recebeu em seu Facebook o relato de outros pais que tiveram o mesmo problema de discriminação racial em outros cantos do país. Para ele, “é preciso denunciar” e não se arrepende do que fez até agora.
Americano de Louisiana, Jonathan Duran está no Brasil há 19 anos, trabalha no mercado financeiro e mora em Perdizes. É casado com uma brasileira e anos atrás o casal decidiu adotar uma criança. “Acho que há, no Brasil, uma cultura de exclusão”, comenta sobre a falta de discussão de discriminação racial. “Meu filho hoje não tem muita noção sobre o que aconteceu, mas me preocupo com o futuro, quando ele começar a sair com os amigos”.
A falta de contato da loja com a família o incomoda. “A loja não respondeu aos meus e-mails”. A marca se pronunciou dizendo “surpreendida” e culpou a inexperiência da funcionária pelo ocorrido. Mas o caso ainda não está encerrado.
E que lição Jonathan tira desse caso? “Espero que as empresas tenham uma atitude pró-ativa, para que casos como o do meu filho não aconteçam mais.”
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