Casa Guilherme de Almeida realiza o Encontro Transfusão

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Voltado à especificidade da tradução da linguagem falada e da escrita, e também às culturas orais e letradas de diferentes épocas, o Transfusão – XI Encontro de Tradutores da Casa Guilherme de Almeida, com o tema “Oralidade e Escrita”, traz apresentações, palestras e mesas-redondas nos dias 21 a 24 de setembro.

O evento gratuito é organizado pelo Centro de Estudos de Tradução Literária do museu Casa Guilherme de Almeida, e reúne professores, tradutores, teóricos e etnólogos para debater como os tradutores lidam com diferentes manifestações da oralidade e da escrita. Para participar é necessário se inscrever pelo site da instituição: para a agenda presencial e para as atividades virtuais. Toda a programação conta com acessibilidade em Libras.

O XI Transfusão é destinado não só a tradutores, mas também ao público interessado em literatura e em compreender que, ao entrar em contato com obras traduzidas, está lendo os autores a partir da visão do(a) tradutor(a). O encontro busca ampliar o horizonte histórico-cultural, incluindo em sua programação falas sobre os antigos sumérios (povo da antiga Mesopotâmia e considerado criador da primeira escrita humana, também conhecida como cuneiforme) e sobre os Guarani-Mbya de hoje, além de abordar os clássicos da literatura ocidental e oriental, e diferentes discursos tradutórios, da Idade Média à contemporaneidade.

“Há 11 anos o Transfusão destaca diferentes discursos sobre a tradução literária, que também são muito sintomáticos do que se passa no cenário cultural internacional”, afirma Simone Homem de Mello, tradutora literária, escritora, coordenadora do Centro de Estudos de Tradução Literária do museu Casa Guilherme de Almeida e organizadora do encontro.

A Casa Guilherme de Almeida faz parte da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo, que é da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerenciada pela Poiesis.

Agenda presencial
21 de setembro, quarta-feira, das 18h às 21h
Local: Anexo da Casa Guilherme de Almeida (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Perdizes), 50 vagas. Inscrições abertas até 21/09 ou até o preenchimento total das vagas. Lançamentos de livros: valores com descontos

18h às 19h — Lançamento de livro: Cartas de Haroldo de Campos a Inês Oseki-Dépré (1967-2003) Com Inês-Oseki-Dépré. Inês-Oseki-Dépré, tradutora de Haroldo de Campos para o francês, destaca a correspondência que trocou com o poeta ao longo de três décadas. Publicado pela Editora da UFRJ, o livro recebe apoio da Casa Guilherme de Almeida e será lançado na abertura do Transfusão.

Dépré é professora e teórica de Estudos da Tradução franco-brasileira, professora emérita de Literatura Geral e Comparada na Universidade de Aix-Marselha. Além de obras de Haroldo de Campos, também traduziu do português para o francês autores como Guimarães Rosa, Antônio Vieira, Fernando Pessoa, Lygia Fagundes Teles, entre outros escritores brasileiros.

19h às 21h — Evocação da Musa, Com Marcelo Tápia e Daniel Tápia
A aula-show aborda as origens orais da poesia grega e a sua transição para a escrita, traçando, por meio de referências e performances, um breve itinerário da épica, da lírica e do teatro da Grécia Antiga.

Após a atividade, será lançado o livro Antígone de Sófocles na “transcrição” de Guilherme de Almeida, uma coedição entre a Casa Guilherme de Almeida e a editora Madamu. A obra reúne ensaios de Adriane da Silva Duarte, Marcelo Tápia e Renata Cazarini de Freitas.

Marcelo Tápia é poeta, ensaísta, tradutor, professor do LETRA – Programa de Pós-Graduação em Letras Estrangeiras e Tradução da FFLCH-USP e diretor da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo; Daniel Tápia é professor adjunto do Departamento de Teoria da Arte e Música da UFES, compositor, violonista, arranjador e áudio-musicista.

Agenda virtual
22 a 24 de setembro, quinta-feira a sábado. Abaixo, os horários detalhados.
350 vagas em cada atividade. Inscrições abertas até 21/09. Plataforma: Zoom

22 de setembro, quinta-feira, 16h às 17h30, Estratégias de tradução da oralidade
Com Paulo Henriques Britto – escritor, tradutor e professor de tradução, literatura e criação literária da PUC-Rio; já traduziu mais de 120 livros.

A palestra aborda a reinvenção do discurso direto, de diferentes variantes e registros linguísticos na tradução de literatura.

19h às 20h30 — De uma outra “oralidade” na poética do traduzir
Com Simone Homem de Mello – escritora, tradutora literária, dramaturgista, libretista de ópera, mestra em Literatura Alemã na Universidade de Colônia (Alemanha) e doutora em Estudos da Tradução pela UFSC. Também coordena o Centro de Estudos de Tradução Literária do museu Casa Guilherme de Almeida.

Nesta atividade, a concepção de “oralidade”, por meio do pensamento do francês Henri Meschonnic, guiará a conversa focada na noção de ritmo.

23 de setembro, sexta-feira — 16h às 18h. A prática da tradução de variantes dialetais
Com Carolina Paganine – professora de Teorias da Tradução na UFF, tradutora do inglês e pesquisadora da tradução comentada, estilo e variação linguística na tradução literária; Lauro Amorim – PhD em Translation Studies pela State University of New York at Binghamton, docente do Bacharelado em Letras e da Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da UNESP, pesquisando tradução e identidade; e Solange Peixe Pinheiro Carvalho – tradutora e pesquisadora, com pós-doutorado na Faculdade de Letras da USP.

Os tradutores convidados desta mesa-redonda apresentam suas respectivas visões sobre a representação da variedade linguística na tradução literária.

19h às 21h – A oralidade ficcional na tradução de narrativas.
Com Mamede Mustafá Jarouche – professor titular do Curso de Língua e Literatura Árabe da FFLCH/USP e traduziu obras do árabe ao português, como os fabulários Kalila e Dimna (2005) e o Livro das Mil e Uma Noites em cinco volumes (2005-2021); e Maurício Santana Dias – livre docente em Letras Modernas na USP, organizou e traduziu, entre outros, Decameron: dez novelas selecionadas, O príncipe, de Maquiavel, e colaborou com Emanuel Brito e Pedro Heise na tradução do “Inferno”, o primeiro volume da Comédia de Dante Alighieri.

A representação da oralidade ficcional nas Mil e uma noites, na Divina comédia, de Dante, e no Decameron, de Boccaccio, é debatida por seus tradutores nesta mesa-redonda.

24 de setembro, sábado – 10h às 11h30. A voz autoral como referência para a tradução
Com Alessandro Mistrorigo – professor de Estudos Hispânicos na Università Ca’ Foscari di Venezia, pesquisa Tradução e Línguas Estrangeiras (inglês, espanhol, português e italiano), além de tradutor.

Mistrorigo, pesquisador italiano e criador da Phonodia, plataforma que oferece gravações de autores lendo os próprios textos, mostra como a voz autoral influencia os projetos de tradução.

14h às 15h30 – A oralidade da escrita na escola de tradutores de Toledo
Com Francisco César Manhães Monteiro – tradutor literário, doutor em Literaturas Neolatinas pela UFRJ, onde leciona Teoria da Tradução na UFRJ, articulista sobre literaturas periféricas, linguagem e tradução para instituições do Brasil, Colômbia, Cabo Verde, Federação Russa e México.

Aqui, o foco é o papel da oralidade na criação, controle e censura das traduções produzidas por intérpretes da tradução na Europa medieval.

16h às 17h30 – A decifração da escrita e reconstrução do original traduzido
Com Gleiton Lentz – tradutor e editor-chefe da revista (n.t.) Nota do Tradutor, pesquisador e tradutor de escritas antigas e suas literaturas, incluindo a maia e a suméria.
Além de abordar o processo editorial na tradução de originais sumérios e acadianos, impressos em tabuinhas cuneiformes, nesta palestra Lentz descreve o método de estabelecimento do texto a ser traduzido, apontando a relação entre a literatura, história e arqueologia.

17h30 às 18h – Exibição do curta-metragem Guyra Pepo – A sabedoria da pluma de um pássaro.
Realização: Coletivo Tenonderã Avyu, com integrantes Guarani-Mbya e profissionais de mídias.

Neste curta-metragem, lideranças Guarani-Mbya se pronunciam sobre a transmissão dos saberes e de práticas espirituais por meio da cultura oral que sustentam ao longo do tempo.
Será a primeira exibição em território brasileiro, já que o filme estreou no Literarisches Colloquium Berlin, em junho de 2022, durante a programação “Nur die Anthropophagie vereint uns!”, evento dedicado aos 100 anos da Semana de Arte Moderna no Brasil.

Inaugurada em 1979, a Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis, está instalada na residência onde viveu o poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), um dos mentores do movimento modernista brasileiro. Seu acervo é constituído por uma significativa coleção de obras, gravuras, desenhos, esculturas, pinturas, em grande parte oferecidas ao poeta pelos principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. Hoje, o museu oferece uma série de atividades gratuitas relacionadas a todas as áreas de atuação de Guilherme de Almeida, da literatura traduzida ao cinema, passando pelo jornalismo e pelo teatro. Trata-se da primeira instituição não acadêmica a manter um Centro de Estudos de Tradução Literária no país.

Serviço: Museu – R. Macapá, 187 – Perdizes; Anexo: Rua Cardoso de Almeida, 1943, Sumaré, Tels.: 3673-1883, 3803-8525, 3672-1391 e 3868-4128

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